Miomas ou leiomiomas uterinos são diagnosticados com frequência na clínica ginecológica, principalmente em mulheres acima dos 40 anos, embora também possam se desenvolver antes dessa faixa etária. São tumores sólidos e benignos, formados por células de musculatura lisa. Entre eles, está o mioma subseroso, que pode atingir grandes volumes.
Para entender melhor os diferentes tipos de mioma, é preciso conhecer a anatomia e a divisão histológica do útero. Esse órgão tem funções relacionadas à gestação e à menstruação, tem formato de pera invertida e o tamanho aproximado de 8 cm de comprimento (em estado não gravídico).
O útero é um órgão virtualmente oco. Dentro dele há uma cavidade onde o feto se desenvolve na gravidez. A parede do útero é formada por três camadas: o tecido interno é o endométrio; a camada intermediária é o miométrio; a parte mais externa é a camada serosa.
Os miomas se desenvolvem a partir das células do miométrio, que é o tecido muscular, responsável pelas contrações uterinas e pela capacidade de expansão do órgão. No entanto, esses tumores podem crescer em diferentes direções, para dentro ou para fora do útero. Assim, de acordo com sua localização, são classificados como submucosos, intramurais e subserosos.
Agora, prossiga com a leitura para saber mais sobre a classificação dos leiomiomas e descubra como é feito o diagnóstico do mioma subseroso!
Como os miomas são classificados?
Em uma classificação resumida, os miomas são: submucosos, quando se projetam para a camada interna do útero; intramurais, quando crescem exatamente no miométrio, seu local de origem; subserosos, quando se desenvolvem em direção à camada serosa.
No entanto, para sistematizar as descrições dos miomas e facilitar o diagnóstico e o planejamento terapêutico, a Federação Internacional de Ginecologia e Obstetrícia (FIGO) criou a seguinte classificação da miomatose uterina:
- Intracavitário, localizado totalmente dentro da cavidade uterina;
- Submucoso, com menos de 50% de componente intramural;
- Submucoso, com mais de 50% de componente intramural;
- Intramural, mas em contato com o endométrio;
- Intramural;
- Subseroso, com mais de 50% de componente intramural;
- Subseroso, com menos de 50% de componente intramural;
- Subseroso pediculado (pendurado por uma haste);
- Cervical (no colo do útero) ou parasitário, porque perde o contato com o útero e passa a receber sangue de outros órgãos.
Portanto, o mioma subseroso é aquele que se forma no miométrio, mas cresce em direção à camada serosa, parte externa da parede uterina. Esse tipo de leiomioma tem mais espaço para se desenvolver e pode crescer de modo anormal, chegando a pressionar os órgãos adjacentes.
Quais são os sintomas e complicações dos miomas subserosos?
Os sintomas dos miomas, de modo geral, dependem do tamanho e da localização dos tumores. Os mais sintomáticos são os submucosos. Os subserosos são, em sua maioria, assintomáticos, mas devemos lembrar que eles podem se tornar volumosos e causar efeito compressivo sobre a bexiga e o reto, gerando sintomas relacionados aos sistemas urinário e intestinal, bem como possíveis alterações funcionai0s.
Alguns sintomas do mioma subseroso são:
- inchaço abdominal;
- retenção urinária ou micção frequente;
- prisão de ventre;
- dor e sensação de pressão na região pélvica;
- dor lombar.
Os miomas submucosos e intramurais podem causar outros sintomas, como sangramento uterino anormal e cólicas menstruais intensas.
Quando se torna volumoso, o mioma subseroso pode perder o suprimento sanguíneo, chegando à necrose da massa tumoral. É importante retirá-los, nesses casos.
Quanto à infertilidade, não é uma complicação direta do mioma subseroso. Os que mais causam problemas reprodutivos são os submucosos, pois estão diretamente em contato com o endométrio, que é o local da implantação embrionária.
Entretanto, mioma subseroso com componente intramural também oferece o risco de alteração na contratilidade uterina, o que pode afetar o desenvolvimento saudável da gestação. Mulheres com esse e outros tipos de mioma podem ter chances de engravidar, mas precisam ser muito bem acompanhadas durante o pré-natal.
Como diagnosticar um mioma subseroso?
Como passo inicial da investigação diagnóstica, o exame físico pode ajudar a detectar aumento do volume uterino e sinal de massa tumoral. A confirmação é feita por exames de imagem, sendo a ultrassonografia pélvica a primeira escolha.
No ultrassom, também é possível verificar o tamanho e a quantidade dos miomas e se há outros tumores em outras camadas uterinas.
Além da ultrassonografia convencional, a histerossonografia pode ser uma indicação. Trata-se de uma técnica ultrassonográfica com uso de soro fisiológico para expandir o útero e melhorar a visualização das estruturas. Outra possibilidade de exame para o diagnóstico de mioma subseroso, caso o ultrassom deixe dúvidas, é a ressonância magnética.
Como o mioma subseroso é, em muitos casos, assintomático, esse tipo de tumor também pode ser encontrado acidentalmente, durante o ultrassom transvaginal de rotina ou na investigação de outras alterações pélvicas — inclusive, quando a mulher está passando pela pesquisa dos fatores de infertilidade.
O tratamento do mioma subseroso depende do volume, dos sintomas e da idade da paciente. Os tumores pequenos e assintomáticos podem ser acompanhados com conduta expectante. Quando há sintomas leves, podem ser prescritas medicações hormonais. As cirurgias são indicadas quando os miomas são volumosos, causam sintomas severos, prejudicam os órgãos vizinhos ou afetam a fertilidade.
Se a mulher não conseguir engravidar naturalmente, a reprodução assistida é um caminho. A técnica apropriada para fatores uterinos de infertilidade é a fertilização in vitro (FIV). Contudo, somente após uma avaliação aprofundada, o médico poderá entender se essa é a indicação adequada.
Antes de ir, leia mais um texto sobre mioma e conheça outros detalhes dessa doença!