O que é beta-hCG?
O processo reprodutivo é coordenado por diferentes hormônios. No início do ciclo menstrual, por exemplo, o hipotálamo, região localizada no cetro do sistema nervoso libera o GnRH (hormônio liberador de gonadotrofinas), estimulando a secreção das gonadotrofinas FSH (hormônio folículo-estimulante) e LH (hormônio luteinizante) pela hipófise, glândula na base do cérebro.
Na primeira fase do ciclo menstrual, o FSH promove o recrutamento e crescimento de vários folículos ovarianos, estruturas que contêm o óvulo imaturo, porém apenas um se destaca e desenvolve o suficiente, processo estimulado pelo LH. Enquanto se desenvolve secreta estrogênio, hormônio responsável pelo preparo inicial do endométrio, camada em que o embrião se implanta marcando o início da gravidez.
Aproximadamente na metade do ciclo um pico de LH o induz o folículo dominante ao amadurecimento final e rompimento para liberação do óvulo, também maduro, na ovulação.
Na última fase, o folículo rompido se transforma em corpo-lúteo, uma glândula endócrina temporária que libera progesterona, hormônio cuja função é finalizar o preparo endometrial.
Quando a fecundação acontece, outro hormônio passa a ser produzido para ajudar na manutenção do corpo lúteo e garantir que a progesterona finalize o preparo do endométrio tornando-o adequado para receber o embrião formado, o hCG.
Mostramos, neste texto, o que é beta-hCG e qual sua importância para a gravidez. Continue a leitura até o final e confira!
O que é o hormônio hCG?
hCG é a sigla em para human chorionic gonadotropin, gonadotrofina coriônica humana. Conhecido popularmente como hormônio da gravidez é produzido pelas células embrionárias e placentárias.
Durante a fecundação, que acontece nas tubas uterinas, o espermatozoide fecunda o óvulo gerando a primeira célula do embrião, que sofre sucessivas divisões celulares enquanto ele é transportado ao útero.
O embrião chega ao útero normalmente entre o terceiro e o quinto dia de desenvolvimento, fase conhecida como blastocisto em que já possui centenas de células formadas e divididas por função. O grupo celular externo, trofoblasto, vai formar a placenta e outros anexos embrionários, enquanto o interno, embrioblasto, forma o embrião propriamente dito.
O hCG é produzido inicialmente pelas células embrionárias que vão formar a placenta, auxiliando o LH na manutenção do corpo-lúteo e na implantação do embrião. Assim, logo após a implantação do embrião seus níveis começam a aumentar, o que ocorre progressivamente até o estabelecimento da placenta na 8ª semana de gravidez, quando começam a diminuir. O beta-hCG (β hCG) é uma fração desse hormônio e é usado pelos médicos como um indicativo de gravidez, já que só aparece no corpo quando está associado à placenta ou ao trofoblasto.
O que é teste beta-hCG?
O hCG pode ser detectado no sangue ou na urina logo após a implantação do embrião, aproximadamente 11 dias depois da fecundação, confirmando a gravidez.
Ainda que essa confirmação possa ser feita pelo teste de urina, facilmente encontrado em farmácias, o teste beta-hCG quantitativo, que mede os níveis do hormônio no sangue é o mais recomendado, uma vez que seus indicadores também determinam a quantidade de semanas da gravidez. Veja abaixo os valores aproximados de referência do beta-hCG em mili unidades internacionais por mililitro (mIU/ml):
- menos de 3 semanas: menor que 5 mlU/ml;
- 3 semanas: entre 5 e 50 mIU/ml;
- 4 semanas: entre 5 e 426 mIU/ml;
- 5 semanas: entre 18 e 7.340 mIU/ml;
- 6 semanas: entre 1.080 e 56.500 mIU/ml;
- 7 a 8 semanas: entre 7.650 e 229.000 mIU/ml;
- 9 a 12 semanas: entre 25.700 e 288.000 mIU/ml;
- 13 a 16 semanas: entre 13.300 e 254.000 mIU/ml;
- 17 a 24 semanas: entre 4.060 e 165.400 mIU/ml;
- 25 a 40 semanas: entre 3.640 e 117.000 mIU/ml.
O beta-hCG também pode ser monitorado periodicamente durante o primeiro e segundo trimestres em gestações de alto risco quando há histórico de abortamento de repetição, perda da gravidez clinicamente comprovada antes da 22ª semana por gestações consecutivas.
Além dos resultados apontados pelo beta-hCG, a gravidez é posteriormente confirmada pela ultrassonografia transvaginal, exame de imagem importante para validar o sucesso da implantação e indicar se a gestação é única ou gemelar.
hCG na reprodução assistida
Reprodução assistida é área da medicina que auxilia a gravidez por diferentes técnicas e procedimentos quando há quadros de infertilidade.
As três principais técnicas são a relação sexual programada (RSP) e inseminação artificial (IA) de baixa complexidade, que preveem a fecundação naturalmente, nas tubas uterinas e fertilização in vitro (FIV) de alta complexidade, em que a fecundação e o desenvolvimento inicial dos embriões são etapas realizadas em laboratório; posteriormente eles são transferidos diretamente ao útero materno depois de alguns dias de desenvolvimento.
Em todas elas a primeira etapa é a estimulação ovariana, um procedimento realizado medicamentos hormonais sintéticos, semelhantes aos naturais, administrados desde o início do ciclo menstrual.
Para acompanhar o desenvolvimento dos folículos são realizados exames de ultrassonografia transvaginal periódicos, que permitem indicar o momento em que eles atingem o auge, quando novos medicamentos os induzem ao amadurecimento final e ovulação, que ocorre em até 36 horas.
O hCG, por ser estruturalmente semelhante ao hormônio luteinizante (LH) está entre os que podem ser usados como indutor. Ambos são formados por subunidades alfa e beta, a alfa é idêntica enquanto a beta se diferencia em cada um, por isso é a fração avaliada pelo teste beta-hCG.
Além disso, como a fixação completa do embrião normalmente pode durar entre 12 e 13 dias, a recomendação é de que o teste beta-hCG para confirmar o sucesso gestacional seja feito aproximadamente 216-18 dias depois da administração dos medicamentos indutores nas técnicas de baixa complexidade e 9 a 12 dias após a transferência de embriões na FIV.
Toque aqui e leia o texto que aborda tudo sobre a infertilidade feminina, das condições podem dificultar ou impedir a gravidez às técnicas de reprodução assistida indicadas em cada caso, consideradas o tratamento padrão.
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