O corpo-lúteo é uma glândula endócrina temporária que se forma após a ovulação e tem importante função como fonte dos hormônios reprodutivos estrogênio e progesterona. Em ciclos normais, isto é, quando não há gravidez, essa estrutura se desfaz antes do período menstrual.
É importante começarmos este texto falando brevemente sobre as fases do ciclo menstrual para entender em que momento o corpo-lúteo começa a agir: o ciclo é dividido nas fases folicular, ovulatória e lútea. Na primeira parte, ocorre o crescimento do folículo ovariano. Em seguida, na ovulação, o folículo dominante se rompe, libera um óvulo e se transforma em corpo-lúteo. Depois disso, passa a secretar os hormônios que preparam o útero para receber um embrião.
Ao longo do post, abordaremos de forma detalhada o que é corpo-lúteo e qual é a sua função no ciclo menstrual e na gravidez. Acompanhe!
Como o corpo-lúteo é formado?
Como dissemos logo no início do post, o corpo-lúteo se forma após a ovulação. O folículo — unidade funcional do ovário — se rompe e libera o óvulo que amadureceu sob ação do hormônio luteinizante (LH). O óvulo é buscado pela tuba uterina para ser fertilizado por um espermatozoide, caso ocorram relações sexuais sem contracepção durante o período fértil.
O folículo rompido — agora transformado em corpo-lúteo — permanece no ovário e inicia a fase luteínica, que abrange a segunda metade do ciclo menstrual. Durante esse período, os hormônios ovarianos preparam a mucosa interna do útero (o endométrio) para a implantação de um embrião.
Quando o óvulo não é fecundado, o corpo-lúteo se degenera alguns dias após a ovulação, isso faz com que o endométrio também passe por descamação. Assim, o tecido que se desprende do útero é eliminado do organismo em forma de menstruação.
Em caso de fertilização, o embrião é conduzido pela tuba uterina até chegar à cavidade do útero e se implantar no endométrio. Após a implantação embrionária — por volta de 6 dias após o óvulo ser fertilizado — o corpo da mulher começa a produzir a gonadotrofina coriônica humana (hCG). Esse hormônio age na manutenção do corpo-lúteo que, por sua vez, tem papel fundamental no desenvolvimento da gravidez.
Qual é a função do corpo-lúteo?
O corpo-lúteo tem a importante função de secretar os hormônios estrogênio e progesterona. Essas substâncias, em níveis adequados, melhoram a receptividade endometrial, isto é, deixam o tecido intrauterino em condições favoráveis para a implantação embrionária.
Quando a gravidez se inicia, o corpo-lúteo continua sendo responsável pela liberação dos hormônios reprodutivos durante o primeiro trimestre — com doses menores de estrogênio e níveis elevados de progesterona. Após algumas semanas de gestação, a placenta começa a produzir esses hormônios, assumindo, gradualmente, a função do corpo-lúteo.
Para mulheres que estão na tentativa de engravidar, é essencial que o corpo-lúteo cumpra sua função corretamente. A deficiência na produção de progesterona, também chamada de insuficiência lútea, pode levar à infertilidade por falhas de implantação e abortamentos de repetição.
Qual é o papel do corpo-lúteo na reprodução assistida?
Assim como na concepção espontânea, o corpo-lúteo é necessário na reprodução assistida. Entretanto, o uso de hormônios exógenos pode interferir na fase lútea, acarretando deficiência de progesterona. A principal causa disso é o desenvolvimento de múltiplos folículos, os quais induzem o aumento da produção de estrógeno.
A estimulação ovariana é uma técnica empregada nos tratamentos da reprodução assistida. A fertilização in vitro (FIV) requer um protocolo de estimulação intensa, o que significa fazer uso de altas doses de medicamentos hormonais, com a finalidade de obter um grande número de óvulos.
Quando o organismo da paciente responde de forma exacerbada aos hormônios exógenos, temos o risco de síndrome de hiperestímulo ovariano. Nesses casos, é preciso dar tempo para a restauração dos níveis hormonais. Então, os embriões gerados são todos congelados — técnica chamada freeze-all — e a transferência para o útero é feita somente em outro ciclo menstrual.
As técnicas de baixa complexidade da reprodução assistida — relação sexual programada e inseminação artificial — demandam dosagens menores de fármacos hormonais. O objetivo é obter apenas dois ou três óvulos maduros. Ainda assim, como ocorre o amadurecimento de mais de um folículo, também existe o risco de alterações na fase lútea.
Portanto, para evitar que ocorra insuficiência de progesterona e falhas de implantação, a paciente pode receber suporte à fase lútea com medicação à base de progesterona — isso desde antes da transferência dos embriões para o útero, prosseguindo com a suplementação hormonal até que a placenta comece a produzir progesterona em níveis suficientes.
Como vimos, o corpo-lúteo é responsável pela secreção de estrogênio e progesterona, sendo assim uma estrutura com importante função no ciclo menstrual e na manutenção inicial da gravidez. Quando não há produção suficiente ou equilibrada dos hormônios reprodutivos, as consequências podem incluir infertilidade feminina e perdas gestacionais em fase precoce.
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