A criptozoospermia – palavra formada pela união do prefixo grego, kryptós, (escondido) e pelo termo “zoospermia”, uma combinação de zōḗ (vida) e spermía (espermatozoides), também do grego – é uma alteração seminal em que os espermatozoides “estão escondidos”, ou seja, são encontrados apenas com auxílio de uma análise microscópica detalhada e após um processamento seminal.
Embora a criptozoospermia possa ser um fator significativo na infertilidade masculina, é importante ressaltar que existem abordagens de reprodução assistida disponíveis para ajudar casais a alcançarem a gravidez.
A tecnologia e os avanços científicos têm permitido superar diversos desafios na área da reprodução humana, e a criptozoospermia não é uma exceção.
Neste artigo, vamos explorar em detalhes as causas da criptozoospermia, sua relação com a infertilidade masculina e as abordagens da reprodução assistida que podem ser adotadas para superar esse desafio.
Continue lendo e descubra mais sobre a criptozoospermia.
Entenda melhor a estrutura do aparelho reprodutivo masculino
Para compreender melhor a criptozoospermia, é fundamental ter um conhecimento mais aprofundado sobre a estrutura do aparelho reprodutivo masculino. O sistema reprodutor masculino é composto por diferentes órgãos e estruturas que desempenham papéis essenciais na produção e transporte dos espermatozoides.
Os testículos são os órgãos responsáveis pela produção dos espermatozoides. Eles são compostos por túbulos seminíferos, onde ocorre o processo de espermatogênese, no qual as células germinativas se desenvolvem e se transformam em espermatozoides maduros. Além disso, os testículos também produzem hormônios sexuais masculinos, como a testosterona.
Após serem produzidos, os espermatozoides seguem para o epidídimo, uma estrutura localizada no topo de cada testículo, com papel fundamental na maturação dos espermatozoides, que aí desenvolvem a cauda e adquirem a capacidade de se mover – e fertilizar um óvulo.
Conectados aos epidídimos, estão os canais deferentes – tubos que se estendem dos testículos até uretra –, onde o sêmen se forma e através do qual os espermatozoides são transportados até a uretra, na ejaculação.
Além dessas estruturas, o sistema reprodutor masculino também conta com algumas glândulas anexas, como a próstata, as vesículas seminais e as glândulas bulbouretrais, que fornecem as secreções necessárias para a formação do sêmen.
Essa complexa estrutura do aparelho reprodutivo masculino é responsável por garantir a produção, maturação e transporte adequados dos espermatozoides – e, por isso, é essencial para a fertilidade masculina.
O sêmen, além dos espermatozoides
O sêmen é uma substância vital para a reprodução masculina e é composto por uma combinação de espermatozoides e líquidos seminais, produzidos pelas glândulas anexas do aparelho reprodutor masculino, como comentamos.
A próstata desempenha um papel importante na produção de líquido prostático, que é rico em enzimas e nutrientes essenciais para a sobrevivência dos espermatozoides – enquanto as vesículas seminais são responsáveis pela produção de líquido seminal, que contém frutose e outras substâncias para fornecer energia a essas células.
Já as glândulas bulbouretrais produzem um fluido lubrificante, liberado desde antes da ejaculação, cujo papel é essencial na lubrificação do trato urinário e na neutralização da acidez do corpo feminino.
O que é criptozoospermia?
Criptozoospermia é uma condição em que uma amostra de sêmen, inicialmente identificada como azoospermia (sem espermatozoides), na realidade conta com a presença de espermatozoides, mas que só podem ser identificados por uma análise microscópica detalhada e após o preparo seminal.
Ou seja, em alguns casos de azoospermia, se a amostra de sêmen for avaliada após um processamento cuidadoso, é possível identificar a presença de espermatozoides em quantidades muito baixas.
O termo criptozoospermia, portanto, deve-se à sua ocorrência críptica, ou seja, é necessário um exame microscópico minucioso para encontrar os espermatozoides, pois sua concentração é extremamente baixa no ejaculado.
Conheça as causas da criptozoospermia
As causas da criptozoospermia são diversas: infecções, alterações hormonais, varicocele, alterações genéticas e/ou cromossômicas, como as microdeleções no cromossomo Y.
Outros fatores importantes, que podem contribuir para quadros de criptozoospermia, principalmente por prejudicar a espermatogênese ou obstruir o trajeto da ejaculação, também incluem:
- Doenças sistêmicas (como diabetes e hipertensão);
- Exposição a toxinas ambientais (como produtos químicos tóxicos, pesticidas e metais pesados);
- Tabagismo;
- Consumo excessivo de álcool;
- Obesidade;
- Altos níveis de estresse.
É importante ressaltar que cada caso de criptozoospermia é único e somente a identificação precisa da causa subjacente – que requer uma avaliação médica completa – pode delinear as melhores abordagens terapêuticas, especialmente para infertilidade.
Criptozoospermia e infertilidade masculina
A criptozoospermia pode contribuir significativamente para a infertilidade masculina, já que, quando a quantidade de espermatozoides é baixa, a capacidade de fertilização dos óvulos femininos é afetada e isso torna mais difícil alcançar a gravidez.
É importante destacar que a infertilidade masculina não é determinada apenas pela criptozoospermia, mas também por outros fatores que podem influenciar a qualidade e a função dos espermatozoides e podem estar associados ao quadro de criptozoospermia, como a motilidade e a morfologia do espermatozoide.
Outros problemas reprodutivos, como obstruções nos ductos ejaculatórios, disfunções hormonais, lesões testiculares, infecções genitais e problemas genéticos, também podem estar associados à criptozoospermia e, consequentemente, à infertilidade masculina.
A reprodução assistida como abordagem para criptozoospermia
A reprodução assistida se apresenta como uma abordagem eficaz para casais que enfrentam problemas de fertilidade devido à criptozoospermia. Com o avanço das técnicas de reprodução assistida, é possível superar as dificuldades relacionadas à baixa quantidade e motilidade reduzida dos espermatozoides.
A FIV (fertilização in vitro) pela técnica de ICSI com ou sem biopsia testicular é a única alternativa em casos de criptozoospermia.
Esse processo envolve o aprimoramento da qualidade das amostras de sêmen, com técnicas laboratoriais para concentrar a amostra e permitir que os espermatozoides possam ser encontrados. Essas medidas ajudam a otimizar as chances de sucesso dos procedimentos, mesmo diante da criptozoospermia.
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