A fecundação é um momento muito importante do processo reprodutivo e marca o início do desenvolvimento de uma nova vida. Na concepção espontânea e na reprodução assistida, a fecundação e a formação embrionária acontecem da mesma forma — a grande diferença é que nos tratamentos com fertilização in vitro (FIV), isso acontece em ambiente laboratorial.
Antes da fecundação, outros processos são necessários e incluem a produção, a maturação e o transporte dos gametas (óvulo e espermatozoides). Portanto, a gravidez somente acontece de modo natural se os sistemas reprodutores da mulher e do homem estiverem em pleno funcionamento, isto é, sem fatores de infertilidade como: disfunções hormonais; distorção anatômica dos órgãos; presença de doenças inflamatórias e infecciosas; entre outras alterações.
Acompanhe este post e compreenda como a fecundação acontece, na gravidez espontânea e na reprodução assistida!
O que é fecundação ou fertilização?
A fecundação — também podemos chamar de fertilização, que é um termo sinônimo — é o momento em que o espermatozoide penetra no óvulo. Dessa fusão, surge o zigoto, primeira célula de uma nova vida. Tal processo acontece nas tubas uterinas, órgãos que ligam os ovários ao útero.
Os óvulos crescem e amadurecem nos ovários, estimulados pelos hormônios folículo-estimulante (FSH) e luteinizante (LH), secretados pela glândula hipófise. Na metade do ciclo menstrual (cerca de 14 dias após o início da menstruação), a ovulação acontece e o óvulo é levado para a tuba uterina.
Os espermatozoides, gametas masculinos, são produzidos nos testículos e passam por todo o trato reprodutivo do homem durante a ejaculação para se juntarem ao líquido seminal. Ao serem introduzidos no corpo feminino, eles migram até as tubas uterinas. Se a relação sexual acontecer próximo ao dia da ovulação, existem chances de fecundação.
Como a fecundação acontece?
Como acabamos de apresentar, a fecundação somente ocorre se o processo de desenvolvimento das células reprodutivas não sofrer alterações, como no caso de desequilíbrio hormonal e doenças ovarianas ou testiculares.
Ainda, o transporte dos gametas pode ser prejudicado por obstruções nos órgãos reprodutores, causadas por cirurgias ou aderências resultantes de infecções e doenças inflamatórias. Diante dessas condições, espermatozoide e óvulo não conseguem se unir para a fecundação.
Reiterando, a concepção espontânea depende de todos os aspectos acima descritos. Estando o homem e a mulher com seus sistemas reprodutores funcionando corretamente, a relação sexual durante o período fértil pode levar à fertilização e à confirmação de uma gravidez.
Milhões de espermatozoides entram no trato reprodutivo feminino, mas muitos ficam pelo caminho na corrida até o óvulo. Isso porque o corpo da mulher apresenta barreiras naturais para os gametas masculinos, a exemplo do muco cervical.
Centenas de gametas com motilidade progressiva chegam ao óvulo e se unem à zona pelúcida, mas de forma fisiológica apenas um o fecunda. O embrião passa por um processo rápido e contínuo de divisões celulares, o que chamamos de fase de clivagem. Enquanto se desenvolve, o embrião é levado para o útero devido aos movimentos musculares da tuba uterina. Cinco a sete dias após a fecundação, o óvulo em estágio de blastocisto pode se implantar na camada interna do útero.
Como a fecundação acontece na reprodução assistida?
A fecundação e o desenvolvimento embrionário ocorrem da mesma forma na reprodução assistida e na concepção espontânea. O que muda, na verdade, são as etapas anteriores do processo reprodutivo, ou seja, a ovulação e a forma como os espermatozoides chegam até o óvulo.
A reprodução assistida é dividida em técnicas de baixa e alta complexidade. A relação sexual programada e a inseminação artificial são os tratamentos menos complexos, pois precisam de poucas intervenções médicas e laboratoriais e a fecundação também acontece na tuba uterina (in vivo).
Na FIV, considerada a técnica de alta complexidade, são necessários mais procedimentos laboratoriais. O tratamento começa com a estimulação ovariana para obter vários óvulos maduros, mas antes que eles sejam liberados dos ovários é feita a aspiração folicular.
Em laboratório, o líquido folicular é analisado para identificação e coleta dos óvulos. Nessa etapa do tratamento, também os espermatozoides são coletados. A amostra do material masculino, normalmente obtida por masturbação, é submetida aos métodos de preparo seminal.
Depois de preparados os gametas, a fecundação acontece em laboratório. A FIV ICSI — com injeção intracitoplasmática de espermatozoides — é a mais realizada nos tratamentos atuais. A técnica consiste em avaliar detalhadamente, micromanipular e injetar cada espermatozoide dentro de um óvulo.
Visto assim, é como se a fecundação diferisse totalmente do que acontece na reprodução natural. No entanto, o processo de fusão que ocorre entre os núcleos do espermatozoide e do óvulo e a consequente formação do zigoto acontecem espontaneamente, sem interferência da medicina. A única diferença é o ambiente laboratorial.
Nos primeiros dias de desenvolvimento, os embriões ficam em incubadoras, sem exposição ao meio externo, e são observados diariamente até a etapa da transferência para o útero — o que acontece entre 2 e 5 dias após a fecundação, sendo esse protocolo definido a partir da avaliação individualizada de cada casal.
Em nosso texto principal sobre fertilização in vitro, você tem acesso a informações detalhadas sobre as etapas e indicações da técnica.