O que é útero bicorno?
Útero bicorno é uma malformação genital congênita. Há ainda outros tipos de anomalias anatômicas uterinas, tubárias e até algumas que afetam a cérvice e o terço superior da vagina. Tais alterações resultam de falhas na fusão de estruturas embriológicas durante a formação do embrião feminino.
As malformações uterinas normalmente são assintomáticas, mas estão relacionadas a infertilidade e intercorrências obstétricas, como abortamento e parto prematuro. Isso acontece porque um útero com anatomia normal é completamente adequado para acomodar o feto durante seu crescimento, mas as malformações prejudicam o espaço intrauterino e, consequentemente, o desenvolvimento fetal.
O útero é o órgão reprodutor que tem a função de receber, proteger e nutrir o feto durante todo o período gestacional. Também tem participação direta nos ciclos menstruais, pois o tecido que reveste internamente a parede uterina (endométrio) é preparado ciclicamente para receber um embrião, mas descama, causando a menstruação, se a implantação não acontecer.
Vamos esclarecer, ao longo do texto, essas questões previamente abordadas. Então, continue a leitura para entender o que é útero bicorno!
Morfologia uterina e fertilidade
O útero não gravídico tem formato semelhante ao de uma pera invertida e mede entre 6 e 10 cm de altura. Anatomicamente, é dividido em cérvix ou colo do útero, istmo e corpo uterino. Histologicamente, a parede do órgão é formada por três camadas: serosa (mais externa), miométrio (intermediária) e endométrio (mucosa interna).
Na parte superior do útero, situadas uma em casa lateral, estão as tubas uterinas. São dois tubos alongados que se comunicam com a cavidade uterina e, na extremidade distal, se aproximam dos ovários, o que permite a captação do óvulo no momento da ovulação.
O óvulo é fertilizado pelo espermatozoide no interior de uma das tubas e é transportado para a cavidade uterina enquanto se desenvolve. Com aproximadamente 6 dias de desenvolvimento, o embrião está no estágio adequado para se implantar no endométrio e iniciar a gestação.
Enquanto o feto cresce, o útero se expande cada vez mais, garantindo o espaço necessário para a formação saudável do bebê. Portanto, a morfologia uterina é um dos fatores determinantes para a fertilidade e a evolução da gravidez.
Útero bicorno e outras malformações uterinas
As malformações uterinas são achados incomuns. Não podemos falar em uma incidência exata, considerando que muitos casos são assintomáticos e não chegam ao diagnóstico, mas estima-se que entre 3% e 4% das mulheres tenham alguma alteração congênita na anatomia do útero.
Dentre as possíveis malformações uterinas, o útero bicorno é uma das mais diagnosticadas. Outras anormalidades desse tipo são:
- útero unicorno;
- útero didelfo;
- útero arqueado;
- útero septado.
Casos ainda mais graves e raros são caracterizados por agenesia, isto é, ausência de estruturas uterinas.
As malformações uterinas, de modo geral, resultam de defeitos na fase embrionária. Os ductos de Müller, que dão origem aos órgãos do trato reprodutivo superior, não se fundem corretamente ou ocorrem falhas na reabsorção do septo entre eles.
Quando se forma o útero bicorno, especificamente, é porque a fusão dos ductos não se completou. Assim, o órgão apresenta uma divisão parcial na parte superior do corpo uterino, ficando com um formato de coração, o que deixa a cavidade com espaço inadequado para o crescimento fetal.
Todas essas anomalias eventualmente podem repercutir na fertilidade espontânea. A concepção propriamente não é prejudicada, mas sim a evolução da gravidez. Isso ocorre porque, além da cavidade uterina reduzida e da dificuldade de distensão, as malformações estão associadas a problemas como musculatura menos eficiente, disfunção miometrial e cervical, endométrio pouco desenvolvido e vascularização inadequada do órgão.
As complicações decorrentes do útero bicorno e das demais malformações uterinas incluem: abortamento de repetição (precoce ou tardio) (muito raramente), parto prematuro, restrição do crescimento intrauterino, patologias vasculares gravídicas e dificuldades no parto, com provável indicação para cesariana.
Útero bicorno, infertilidade e reprodução assistida
Nem todas as malformações uterinas podem ser corrigidas. A cirurgia é bem-sucedida nos casos de útero septado. Mulheres com os outros tipos de malformação não são beneficiadas com o tratamento cirúrgico.
Pacientes com útero bicorno têm chances de levar uma gestação a termo, desde que o diagnóstico seja precoce e o acompanhamento pré-natal seja rigoroso. Contudo, raramente a mulher tem conhecimento dessa condição antes de engravidar, de forma que a própria gravidez revela a malformação, podendo causar o aborto.
Pacientes que passaram por abortos recorrentes comumente procuram ajuda na reprodução assistida. A partir de então, com acompanhamento especializado, o casal passa por uma profunda investigação dos fatores de infertilidade. Nessa situação, o útero bicorno pode ser revelado por exames de ultrassonografia, histerossalpingografia e histeroscopia.
Cada paciente é individualmente avaliada quanto ao seu prognóstico reprodutivo. Nos casos mais graves, quando é muito arriscado gestar devido à limitação anatômica do útero bicorno, o casal pode ter filhos genéticos realizando uma fertilização in vitro (FIV) com útero de substituição (barriga de aluguel).
Confira mais um texto para conhecer as principais causas e fatores de risco da infertilidade feminina!
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