A gestação acontece quando um óvulo é fecundado por um espermatozoide, gerando um embrião que passa por todas as etapas do desenvolvimento embrionário e fetal. A fecundação ocorre em uma das tubas uterinas, e é no útero que o embrião se implanta e o feto cresce — exceto nos casos de gravidez ectópica.
O útero é o local apropriado para o desenvolvimento gestacional. O órgão tem espaço interno e capacidade de expansão para acomodar o feto em crescimento. Além disso, a camada uterina interna (endométrio) é um tecido altamente vascularizado e garante que o feto receba oxigênio e nutrientes por meio do sangue materno, até que a placenta esteja completamente formada e assuma essa função.
A camada intermediária da parede do útero (miométrio) é constituída por tecido muscular, que confere a característica de expansão do órgão, além de desencadear as contrações uterinas, necessárias no momento do parto.
Nenhum outro órgão do corpo humano, portanto, tem as características necessárias para abrigar um feto em desenvolvimento. Caso o embrião se implante em outro local, e não no útero, não há condições para a gravidez evoluir.
Continue com a leitura, entenda o que é gravidez ectópica e qual deve ser a conduta diante disso!
O que é gravidez ectópica?
Gravidez ectópica é aquela que se inicia fora do útero. O termo “ectópico” relaciona-se com a presença de algo fora de seu local habitual. O mais comum é que esse tipo de gestação ocorra na tuba uterina.
As tubas, antes chamadas de trompas de falópio, são dois tubos que se comunicam com a cavidade uterina e se prolongam até perto dos ovários. São elas que recolhem o óvulo em cada ovulação e levam essa célula para o local da fertilização.
Também é dentro da tuba uterina que o óvulo é fecundado. Depois disso, o embrião começa a se desenvolver, enquanto é transportado para a cavidade do útero com o auxílio da motilidade tubária. Aproximadamente cinco dias após a fecundação, o embrião chega ao interior do útero para se implantar no endométrio.
Na gravidez ectópica, sobretudo a tubária, o óvulo é fertilizado normalmente, mas não completa seu percurso até a cavidade uterina. Isso pode ocorrer devido a alguma alteração na tuba, como obstrução, distorção ou estreitamento.
Além da tuba uterina, há outros locais anômalos para o início de uma gravidez ectópica, como o ovário, o colo do útero e a cavidade abdominal. Nesses locais, o embrião pode sobreviver apenas por algumas semanas, pois não há espaço suficiente nem transferência de nutrientes para que o desenvolvimento fetal continue.
A ruptura de uma gravidez ectópica ocorre até a 16ª semana gestacional, configurando uma emergência médica, pois a mulher pode ter hemorragia e até risco de morte. A remoção da tuba uterina também é uma possível consequência, dependendo dos danos sofridos.
Entre as condições que podem levar a uma gravidez ectópica, estão: endometriose e hidrossalpinge (acúmulo de líquido na tuba). Os fatores de risco também incluem: infecções sexualmente transmissíveis (ISTs), história de abortamento, laqueadura e outras cirurgias tubárias.
O que fazer ao identificar a gravidez ectópica?
O diagnóstico de gravidez ectópica é feito com dosagens hormonais e ultrassonografia pélvica. A detecção do hormônio hCG e o aumento em sua concentração confirmam que a mulher está grávida. Quando a gestação é ectópica, os níveis desse hormônio diminuem. Já o exame de ultrassom é útil para confirmar o problema e localizar o saco gestacional.
É importante identificar a gravidez ectópica de forma precoce para evitar ruptura e hemorragia. Se for confirmada ainda nas primeiras semanas, pode-se utilizar medicamentos que provocam a interrupção da gestação. Em outras situações, é feita uma cirurgia para remover o saco gestacional e, se necessário, a tuba danificada.
A gravidez ectópica não tem sintomas, mas a ruptura está associada a dor abdominal súbita e intensa, bem como sangramento abundante. O tratamento, nesse caso, deve ser imediato.
Além de interromper a gestação que se inicia em local anômalo, é necessário identificar e tratar as causas para prevenir repetição e outras complicações.
Também há risco de gestação ectópica na reprodução assistida?
A gravidez ectópica pode acontecer tanto em gestações naturais quanto na reprodução assistida. A diferença é que, com o acompanhamento especializado, há todo um percurso de investigação da infertilidade, que envolve a avaliação criteriosa dos órgãos reprodutores, de forma que é possível identificar e tratar alterações tubárias e uterinas antes da tentativa de gravidez.
Em caso de anormalidades nas tubas, previamente diagnosticadas, a paciente tem as opções de tratar com cirurgia (se for possível) ou realizar uma fertilização in vitro (FIV) para tentar engravidar.
A FIV é uma técnica que envolve procedimentos avançados. Os embriões são gerados fora do corpo materno e colocados diretamente na cavidade uterina, sem precisar passar pelas tubas como no processo natural. Também por isso, é uma indicação para mulheres que fizeram salpingectomia (cirurgia para retirada das tubas uterinas), devido aos danos resultantes da gravidez ectópica.
Agora, faça também a leitura do texto sobre infertilidade feminina e confira as várias causas dessa condição!