A reprodução assistida, com suas diversas técnicas, tem ajudado inúmeras pessoas a realizarem o sonho de ter filhos. Entre as opções mais conhecidas, está a inseminação artificial, que consiste na introdução do sêmen diretamente no útero da paciente, próximo ao dia da ovulação, após um processo laboratorial de preparação seminal.
Muitas pessoas ainda se confundem sobre o que realmente é a inseminação artificial e como ela funciona. O termo “inseminação artificial” é frequentemente utilizado de forma equivocada para se referir a outros procedimentos de reprodução assistida, como a fertilização in vitro (FIV), mas saiba que são duas técnicas distintas e com procedimentos específicos.
Neste texto, você vai entender o que é exatamente a inseminação artificial e descobrir se ela pode ser feita com óvulos congelados. Leia e confira!
O que é inseminação artificial?
A inseminação artificial ou inseminação intrauterina é uma técnica de baixa complexidade da reprodução assistida, que consiste em depositar uma amostra com milhões de espermatozoides selecionados no interior do útero, durante o período ovulatório, com o objetivo de aumentar as chances de fertilização do óvulo.
Essa técnica é indicada para casais com dificuldades de concepção natural por motivos brandos, como infertilidade masculina leve (alterações discretas na motilidade ou morfologia dos espermatozoides), disfunções ovulatórias e situações que requerem doação de sêmen — mulheres que buscam a maternidade independente e casais homoafetivos femininos, por exemplo, precisam receber o material genético de um doador.
A inseminação artificial tem chances de ser bem-sucedida em situações restritas (taxas de sucesso de 20% por ciclo, ou seja, as mesmas que têm a população sem dificuldade de engravidar e pode ser tentando por até 3 ou 4 ciclos), principalmente se o casal atender aos critérios de idade materna abaixo dos 35 anos e ausência de obstrução tubária — é preciso ter tubas uterinas saudáveis, uma vez que a fertilização ocorre naturalmente em uma tuba.
Resumidamente, as etapas da inseminação artificial incluem:
- indução da ovulação ou monitoramento do ciclo ovulatório natural;
- coleta e preparo do sêmen, para obter somente os espermatozoides com boa motilidade;
- introdução do sêmen preparado no útero.
Como funciona o congelamento de óvulos?
O congelamento de óvulos possibilita a preservação da fertilidade feminina para o futuro. Os óvulos são coletados dos ovários, congelados e armazenados em temperaturas abaixo de zero, sem danos à vitalidade e à qualidade celular, para serem utilizados posteriormente em tratamentos de FIV.
As mulheres podem optar por manter seus óvulos congelados devido a:
- motivos médicos, por exemplo, cirurgia de endometriose ovariana ou tratamento oncológico, que podem afetar a reserva ovariana;
- decisão pessoal, isto é, opção pela maternidade após os 35 anos — as razões para isso são variáveis, como questões financeiras, objetivos profissionais, falta de um relacionamento estável etc.
O congelamento de óvulos é um procedimento simples e que envolve poucas etapas, entre as quais estão:
- estimulação ovariana — a mulher recebe medicações hormonais para estimular o desenvolvimento de múltiplos folículos nos ovários;
- coleta dos óvulos — os folículos ovarianos guardam óvulos, que amadurecem e são coletados dos ovários antes da ovulação por meio de um procedimento de punção;
- congelamento — os óvulos viáveis são congelados com o processo de vitrificação, preservando sua viabilidade para uso futuro. Eles podem ficar em criopreservação por vários anos.
Afinal, a inseminação artificial pode ser feita com óvulos congelados?
Não, a inseminação artificial não pode ser feita com óvulos congelados. Isso ocorre porque essa técnica envolve a introdução de espermatozoides no útero, por meio de uma cânula, permitindo que a fertilização ocorra em uma das tubas uterinas (in vivo). Para isso, é necessário que um óvulo seja liberado pelo ovário e captado pela tuba, da mesma forma que acontece no processo conceptivo natural.
No caso de óvulos congelados, a fertilização deve ocorrer em laboratório, por meio da FIV. Os óvulos que foram coletados não podem ser recolocados nos ovários após o congelamento para serem ovulados, eles são fecundados fora do corpo da mulher e os embriões que são gerados nesse processo é que são transferidos para o útero.
Na FIV, os óvulos congelados podem ser descongelados quando a mulher decide prosseguir com o tratamento para engravidar e fertilizados com os espermatozoides do parceiro ou de um doador. Depois dessa etapa, os embriões são cultivados em laboratório por alguns dias, em um ambiente que simula as condições do organismo materno. Por último, são transferidos para o útero.
A inseminação artificial pode ter ótimos resultados (como visto acima) quando bem-indicada, tendo em vista a idade da mulher, a saúde tubária e os fatores de infertilidade do casal. No entanto, não é possível realizar essa técnica com óvulos congelados.
Para resumir o que esclarecemos neste post, entenda que: o uso de óvulos congelados ocorre somente na FIV. Na inseminação artificial, podemos realizar a indução da ovulação, mas o óvulo não é coletado, ele é liberado pelo ovário, captado pela tuba uterina e levado naturalmente ao local da fertilização.
Se você tem dúvidas sobre qual seria a melhor técnica de reprodução assistida para o seu caso, procure um especialista para ter uma avaliação individualizada e receber a orientação adequada sobre as opções de tratamento. Antes de ir, leia também o texto que explica mais detalhadamente como funciona a inseminação artificial!