Mesmo com a popularização das técnicas da medicina reprodutiva e com o número crescente de pessoas que buscam esses serviços, ainda existem muitas dúvidas relacionadas à reprodução assistida — e não somente sobre a gravidez, mas também em relação ao parto e o puerpério.
Não há razões para ter receio de realizar um tratamento de reprodução assistida, visto que são utilizadas técnicas completamente seguras, cujo único objetivo é o de aumentar as chances de gravidez para pessoas que tenham algum fator de infertilidade.
Com este texto, temos o propósito de esclarecer se há diferenças no puerpério de mulheres que engravidam naturalmente e das que têm filhos com o auxílio da reprodução assistida. Leia o post até o fim e encontre a resposta para essa dúvida!
O que é puerpério?
Puerpério é a fase que se inicia logo após o parto, perdura por cerca de 6 semanas e envolve muitas modificações no corpo da mulher. O período puerperal começa com a supressão da placenta e termina quando os órgãos recuperam suas características de antes da gestação.
Também conhecido como quarentena, o puerpério é divido em três períodos:
- imediato, nos primeiros 10 dias;
- tardio, do 11º ao 40º dia;
- remoto, após os 40 dias de pós-parto.
As alterações funcionais que ocorrem durante o puerpério se dão em vários sistemas do organismo: reprodutor, endócrino, urinário, gastrintestinal, cardiovascular, respiratório e hematopoiético.
As principais mudanças são essas:
- o útero passa por involução, reduzindo aos poucos de tamanho;
- pode ocorrer atrofia vaginal devido à redução de estrogênio circulante;
- o sangramento pós-parto, chamado de lóquio ou loquiação, dura vários dias, sendo decorrente de resíduos uterinos, feridas placentárias e lacerações no colo do útero e no canal vaginal;
- as mamas ficam volumosas e endurecidas em razão da produção de leite materno, também é comum que a mulher tenha fissuras nos mamilos e dor para amamentar nos primeiros dias;
- pode ocorrer esvaziamento incompleto da bexiga durante o puerpério, assim como incontinência urinária e maior suscetibilidade para infecções urinárias;
- no sistema digestório, o esvaziamento gástrico melhora, mas podem surgir hemorroidas, principalmente se a mulher passou por muitas horas de esforço no trabalho de parto;
- a quantidade de sangue reduz, aliviando a atividade cardiovascular, assim como a capacidade pulmonar total é recuperada;
- os hormônios hCG, estrogênio e progesterona sofrem uma redução drástica, enquanto a prolactina se mantém elevada.
Além das alterações físicas que exigem adaptação, a puérpera vivencia mudanças significativas no aspecto emocional. A diminuição repentina dos níveis hormonais, a mudança na rotina e a demanda constante de cuidados com o recém-nascido impõem desafios e até conflitos quando a mulher se depara com o confronto entre as expectativas e a realidade da maternidade. Portanto, é um momento que exige rede de apoio e atenção para a mãe e o bebê.
Gravidez espontânea e reprodução assistida: há diferença no puerpério?
Como dissemos no início do post, as pessoas ainda têm muitas dúvidas em relação aos tratamentos de reprodução assistida. Então, precisamos deixar claro que as técnicas apenas aumentam as chances de gravidez, mas não alteram em nada o desenvolvimento gestacional, o parto e o puerpério.
Dessa forma, a resposta para a questão colocada aqui é: não, não há diferença no puerpério. Independentemente se a gravidez aconteceu espontaneamente ou com o auxílio das técnicas de reprodução assistida, a mulher passará pelas mesmas mudanças físicas e emocionais após o nascimento do bebê.
A diferença está somente na forma como a concepção acontece. Quando ocorre naturalmente, o casal precisa estar em boas condições reprodutivas — sem disfunções hormonais e doenças nos órgãos reprodutores — e ter relações sexuais no período fértil. Assim, os espermatozoides entram no corpo da mulher, migram para as tubas uterinas e um deles realiza a fecundação do óvulo.
Na reprodução assistida, existem as técnicas de baixa e alta complexidade. A relação sexual programada e a inseminação artificial são de baixa complexidade, pois o óvulo também é naturalmente fecundado na tuba uterina. A intervenção médica ocorre nos processos anteriores para estimular os ovários a desenvolverem mais óvulos. Na inseminação artificial, também é feita a coleta e o preparo de uma amostra de sêmen.
Na fertilização in vitro (FIV), técnica de alta complexidade, além da estimulação ovariana e do preparo seminal, realiza-se a punção dos óvulos e a fecundação em laboratório. Outras etapas do tratamento são a cultura dos embriões em incubadora e a transferência embrionária para o útero. Depois disso, se houver implantação, a gravidez deve transcorrer normalmente.
Quais são os cuidados necessários no puerpério?
No puerpério, são necessários muitos cuidados e orientações, para benefício da mãe e da criança, dentre os quais podemos listar:
- incentivo à pega correta para a amamentação;
- higienização dos cortes cirúrgicos (parto vaginal ou cesárea), bem como da cicatriz umbilical do recém-nascido;
- uso de medicamentos para aliviar as dores e evitar inflamação dos cortes, conforme prescrição médica;
- abstinência sexual;
- alimentação adequada, assim como a hidratação, inclusive para aumentar a produção do leite;
- uso de anticoncepcional apropriado para o período de amamentação no puerpério remoto (após 40 dias do parto).
O estado emocional também requer atenção. As alterações radicais nos níveis de hormônios e todas as mudanças pelas quais a mulher passa — cuidados constantes com o bebê e redução do tempo de sono, da convivência social e do autocuidado, por exemplo — podem abrir espaço para um quadro de depressão pós-parto. Portanto, o apoio familiar é fundamental.
Por fim, os casais precisam tomar cuidado com uma gravidez no puerpério, pois o organismo materno precisa de tempo para se recuperar. As chances de isso acontecer são baixas, principalmente se a mulher estiver amamentando, mas não é impossível.
As sociedades internacionais de Ginecologia e Obstetrícia recomendam que uma nova gravidez ocorra somente cerca de 18 a 24 meses após o parto e o puerpério. Esse é um período seguro, considerando tanto as gestações espontâneas quanto por reprodução assistida.
Leia também nosso texto sobre fertilização in vitro e entenda os detalhes dessa técnica!