As técnicas de reprodução assistida ajudam em diversos casos nos quais a gravidez não acontece naturalmente. Elas atendem a situações de baixa ou alta complexidade, contornando diversas condições de infertilidade para possibilitar a gestação de maneira controlada.
A reprodução humana depende de muitos processos fisiológicos, anteriores e posteriores à fecundação propriamente dita. Problemas em alguma dessas etapas prejudicam a capacidade fértil do casal, de modo que diferentes técnicas podem ser empregadas para lidar com cada caso.
Além disso, a reprodução assistida contribui para a redução do risco de anomalias genéticas, possibilita a gravidez entre casais homoafetivos ou pessoas solteiras e, ainda, favorecem o planejamento familiar.
Continue a leitura para entender melhor sobre as principais técnicas de reprodução assistida e quando elas são recomendadas!
Quais são as técnicas de reprodução assistida?
As 3 principais são: relação sexual programada e inseminação artificial, para casos de baixa complexidade; e fertilização in vitro (FIV), quando há fatores de alta complexidade. Entenda um pouco mais sobre cada uma!
Relação sexual programada
Em geral, essa técnica é indicada em casos leves de infertilidade feminina. Ela consiste, basicamente, no acompanhamento do período fértil por meio de cálculo, se o ciclo menstrual é regular, ou por exames de imagem, quando é irregular. Além disso, a estimulação ovariana com medicações hormonais é sempre realizada para ajudar no desenvolvimento e na liberação de óvulos saudáveis.
Assim, o casal recebe orientações sobre o melhor momento para ter relações sexuais, isto é, em torno do dia da ovulação (quase sempre induzida por medicação), quando haverá chance de fecundação após essas intervenções. A taxa de sucesso da relação sexual programada é de 15% a 20% por ciclo de tratamento.
Inseminação artificial
Essa técnica, chamada no meio médico de inseminação intrauterina (IIU), tem como foco selecionar espermatozoides de qualidade e reduzir o trajeto deles até o óvulo, que é fecundado em uma das tubas uterinas. Ela pode ser indicada quando há diagnóstico de alteração seminal leve ou moderada, disfunções ovulatórias, infertilidade sem causa aparente (ISCA) e situações em que é preciso contar com doação de sêmen, como na reprodução de casais homoafetivos femininos.
As etapas da IIU incluem o preparo seminal, com o objetivo de selecionar os espermatozoides a serem introduzidos na cavidade uterina, seguido da inseminação (introdução da amostra de sêmen no útero) algumas horas antes da ovulação.
Normalmente, é realizada a estimulação ovariana para maximizar as chances de fecundação. Essa técnica, assim como a relação sexual programada, tem uma taxa de gravidez de aproximadamente 20% por ciclo, sendo que o sucesso depende da idade materna, da causa de infertilidade, entre outros fatores.
Ambas as técnicas de baixa complexidade são indicadas quando a mulher tem menos de 35 anos e tubas uterinas saudáveis.
Fertilização in vitro (FIV)
A FIV é uma técnica de alta complexidade, indicada para casos mais graves de infertilidade masculina (azoospermia, oligozoospermia ou teratozoospermia, ausência de espermatozoides no sêmen, baixa contagem ou alterações significativas da morfologia, respectivamente) e infertilidade feminina (causas como obstrução das tubas uterinas, tempo de infertilidade superior a três anos, idade materna avançada, endometriose, risco de formar embriões com anomalias genéticas, entre outros).
Nessa técnica, a fecundação ocorre fora da cavidade uterina e os embriões se desenvolvem em incubadora por até seis dias antes da transferência para o útero. Com isso, as taxas de sucesso chegam a 60% por ciclo de tratamento, dependendo de fatores como: idade da mulher, número de óvulos recuperados, qualidade dos embriões e receptividade endometrial.
As etapas da FIV incluem:
- estimulação ovariana;
- punção dos óvulos;
- coleta e preparo do sêmen;
- fertilização em laboratório;
- desenvolvimento dos embriões em incubadora;
- transferência dos embriões para o útero.
Afinal, quando procurar a reprodução assistida?
Como dito, as técnicas de reprodução assistida são capazes de contornar muitas condições de infertilidade. Vale destacar que é normal demorar até 1 ano para engravidar espontaneamente, com tentativas frequentes. Isso porque a taxa de gravidez entre casais férteis é de 20%, em média, por ciclo menstrual, lembrando que essa taxa se refere a mulheres com idade menor ou igual a 35 anos.
Desse modo, há uma grande probabilidade de que a gestação espontânea não seja imediata após o início das relações sem anticoncepcionais. Após 1 ano de tentativas, aconselhamos a avaliação especializada.
Devido à queda de fertilidade própria da idade feminina, o prazo para procurar o acompanhamento médico cai para 6 meses de tentativas quando a mulher tem mais de 35 anos.
Passado esse prazo, pode-se começar a desconfiar de problemas na capacidade reprodutiva, mas as técnicas de reprodução assistida somente serão recomendadas após investigação detalhada do casal. Às vezes, trata-se de uma questão mais simples de resolver, como observar o período fértil para maximizar as chances de gravidez.
Estamos falando da fase ovulatória do ciclo menstrual feminino, quando há a liberação de um óvulo. Em um ciclo regular de 28 dias, a ovulação ocorre no 14º dia após o início da menstruação. Esse é o dia com maior probabilidade de gravidez, mas inclui-se os três dias anteriores e um posterior a ele na contagem do período fértil.
Sinais e sintomas de infertilidade
Em geral, a avaliação para indicação de reprodução assistida envolve a realização de exames e a observação de sinais e sintomas de infertilidade. Problemas na capacidade reprodutiva podem existir em homens e mulheres, portanto, é preciso investigar bem.
A infertilidade masculina, na maioria dos casos, é assintomática, mas vale ficar atento aos seguintes sinais e sintomas:
- dor e inchaço na bolsa testicular;
- presença de veias dilatadas nos testículos (varicocele);
- secreção peniana;
- dor e queimação para urinar;
- disfunções sexuais e ejaculatórias;
- resultados do espermograma apontando contagem baixa ou ausência de espermatozoides no ejaculado ou baixa qualidade espermática, em termos de motilidade e morfologia (após duas ou três análises laboratoriais).
Todas essas condições podem ter causas diversas, desde problemas anatômicos, níveis hormonais alterados por doenças subjacentes, infecções e até mesmo estresse e maus hábitos.
Já a infertilidade feminina, que também na maioria dos casos é assintomática, pode se expressar por:
- problemas menstruais, como a irregularidade dos ciclos ou cólicas muito fortes;
- mudanças de peso e na pele, sem motivo aparente;
- idade superior a 35 anos;
- dor na parte inferior do abdome;
- presença de secreção vaginal com cor e odor anormais;
- dor na relação sexual.
Existem diversas doenças ginecológicas associadas a problemas de fertilidade que causam os sintomas listados. O avançar da idade feminina, por sua vez, leva a uma queda natural da capacidade reprodutiva devido ao esgotamento da reserva ovariana e diminuição da qualidade dos óvulos.
Avaliação diagnóstica
As técnicas de reprodução assistida são indicadas após avaliações muito particulares. Existem inúmeras questões que interferem na capacidade de gestação espontânea. Além disso, cada fator de infertilidade tem diversos desdobramentos. Por isso, após o período de tentativas considerado normal, o ideal é procurar atendimento especializado para uma investigação minuciosa e, então, chegar à indicação das técnicas e procedimentos mais adequados.
Aproveite que está aqui e entenda também o que é FIV ICSI — fertilização in vitro com injeção intracitoplasmática de espermatozoides.