A infertilidade é uma preocupação para muitas mulheres que sonham em ter filhos, mas enfrentam dificuldades para chegar ao esperado teste positivo. Esse é um desafio e um motivo de apreensão comum para portadoras de endometriose, uma vez que se trata de uma das principais causas de infertilidade feminina.
De fato, a endometriose é uma doença que afeta as chances de gravidez por uma série de razões, pois interfere em várias funções do sistema reprodutor. Mas as chances não estão perdidas diante dessa condição, existem formas de tratamento eficazes.
Confira, agora, a resposta para sua dúvida e saiba mais sobre a relação com a infertilidade, o diagnóstico, o tratamento e as chances de gravidez para portadoras de endometriose!
A mulher que tem endometriose consegue ficar grávida?
De forma geral, podemos dizer que sim, é possível uma gravidez mesmo com o diagnóstico de endometriose. Contudo, isso depende de uma série de fatores, cada caso é um caso. Enquanto algumas portadoras conseguem até engravidar de forma espontânea, outras precisam primeiramente de tratamento.
As opções de intervenção incluem medicamentos, reprodução assistida e cirurgia — por vezes, os três tratamentos são associados. Depende muito de como as lesões afetam o sistema reprodutor, visto que a doença pode se manifestar de várias formas.
A endometriose se caracteriza pelo crescimento de endométrio em sítios extrauterinos. O tecido endometrial é aquele que reveste o útero por dentro, onde o embrião se prende no início da gravidez. Nessa doença, são encontrados implantes de tecido endometriótico em vários locais da pelve, principalmente peritônio, tubas uterinas, ovários e intestino.
Por que a endometriose provoca infertilidade?
O organismo interpreta a presença do endométrio ectópico (fora do útero) como um tipo de ameaça, isto é, algo que não deveria estar ali em outros órgãos. Isso ativa as células de defesa que produzem substâncias pró-inflamatórias (citocinas). A inflamação local pode provocar sintomas dolorosos, além de interferir no processo reprodutivo, prejudicando:
- o desenvolvimento e a qualidade dos óvulos;
- a sobrevida dos espermatozoides no corpo feminino;
- a interação do espermatozoide com o óvulo, no momento da fertilização.
Quando a endometriose já está em estágios mais graves, ocorre a formação de tecido cicatricial que adere aos órgãos, causando distorção anatômica. Quando as tubas uterinas são tomadas pelas aderências, há obstrução tubária, impedindo a passagem dos gametas e o transporte do embrião — o que também aumenta o risco de gravidez ectópica.
Como é feita a avaliação diagnóstica da endometriose?
O diagnóstico de endometriose quase sempre é um desafio, de modo que a portadora pode demorar anos para receber a confirmação da doença. O problema disso é que enquanto o tratamento correto não é realizado, o sonho de gravidez continua sendo adiado.
Nesse sentido, outro agravante é a idade da mulher, sendo fato conhecido que a fertilidade feminina reduz significativamente após os 35 anos. Portanto, quanto antes a portadora chegar ao diagnóstico e fazer o tratamento, melhores são as possibilidades para engravidar.
O exame físico e a ultrassonografia pélvica com preparo intestinal são os principais métodos para uma avaliação detalhada dos focos de endometriose, facilitando o planejamento terapêutico. A ressonância magnética também pode ser indicada em algumas situações.
Como tratar a doença e aumentar as chances de gravidez?
Quando há infertilidade associada à endometriose, a portadora que deseja engravidar tem duas possibilidades: tratamento cirúrgico e reprodução assistida. Em muitos casos, os dois tipos de intervenção são necessários.
Medicamentoso
O uso de medicamentos que reduzem os níveis de estrógenos circulantes são sempre a primeira escolha, tais como progestágenos, análogos de GnRH, contraceptivos etc.
Cirurgia
A cirurgia de endometriose é feita por videolaparoscopia. É indicada quando os exames detectam muitas aderências, além de a paciente apresentar sintomas intensos e comprometimento funcional dos órgãos afetados.
O procedimento cirúrgico é necessário para remover o tecido endometriótico dos órgãos reprodutores. Dessa forma, é possível desobstruir as tubas uterinas para tentar uma gravidez natural, quando a mulher tem menos que 35 anos e não houve comprometimento ovariano.
A cirurgia também é importante para diminuir o estado inflamatório da região pélvica, melhorando as demais funções reprodutivas. Tanto a doença quanto a operação podem prejudicar a reserva ovariana, isto é, o armazenamento dos óvulos. Diante disso, a paciente é indicada à técnica de preservação da fertilidade.
Quando os ovários são afetados por lesões endometrióticas, existe a opção de aliar a cirurgia à reprodução assistida.
Reprodução assistida
A reprodução assistida trabalha com uma série de técnicas que auxiliam no tratamento de mulheres com endometriose. A preservação da fertilidade, por exemplo, consiste na coleta e criopreservação (congelamento) dos óvulos antes da cirurgia ovariana. Essa técnica é feita somente como parte de um programa de fertilização in vitro (FIV).
Para os casos mais brandos de endometriose — quando há somente problemas na ovulação, mas não comprometimento da reserva ovariana nem obstrução das tubas uterinas —, a estimulação ovariana associada à relação sexual programada (técnicas de baixa complexidade) também pode levar a resultados positivos.
Ainda tem dúvidas? Leia nosso texto institucional e veja mais informações sobre endometriose!