A receptividade endometrial é um fator fundamental para que um embrião se implante no útero e a gravidez aconteça. Seja na concepção natural, seja em tratamentos de reprodução humana assistida, é preciso que o endométrio esteja preparado para o momento da implantação embrionária.
O útero é um órgão oco e o feto se desenvolve em sua cavidade. A parede uterina é formada por três camadas: endométrio, miométrio e serosa ou perimétrio. O tecido endometrial é o mais interno, exatamente o local onde o embrião precisa se implantar.
Durante o ciclo menstrual, os hormônios produzidos nos ovários (estrogênio e progesterona) agem para modificar as características do endométrio, deixando o tecido mais espesso e receptivo.
Leia este post atentamente e entenda o que é receptividade endometrial e sua importância para o início da gravidez!
O que é receptividade endometrial?
O termo receptividade endometrial é utilizado na medicina reprodutiva para descrever as condições fisiológicas adequadas do endométrio para acolher o embrião.
A confirmação de uma gravidez depende de vários fatores, entre os mais importantes estão: a receptividade endometrial e a qualidade embrionária. Um bom embrião, com potencial para se desenvolver e se implantar no útero, é formado por gametas (óvulo e espermatozoide) de boa qualidade. Ainda, quando esse embrião chega ao útero, ele precisa encontrar um endométrio receptivo.
As células do embrião devem interagir com as células endometriais para concluir o processo de nidação. Entre 5 e 7 dias após a fertilização do óvulo, o embrião já está em fase de blastocisto e tem condições para estabelecer a sincronização fisiológica necessária com o endométrio.
O corpo feminino prepara o endométrio naturalmente para receber um embrião em quase todo ciclo menstrual, mas determinadas condições interferem nessa receptividade endometrial, como deficiência hormonal e alterações na anatomia uterina.
Veja algumas das doenças que podem tornar o endométrio menos receptivo:
- pólipo endometrial;
- síndrome dos ovários policísticos (SOP);
- obesidade;
- deficiência hormonal, principalmente de progesterona.
De modo geral, a receptividade endometrial pode ser influenciada por condições médicas pré-existentes, uso de determinados medicamentos e alguns fatores do estilo de vida. Sendo assim, a avaliação especializada, a compreensão e a otimização desse aspecto são importantes para melhorar as condições uterinas e as chances de gravidez.
Como a receptividade endometrial acontece?
A receptividade endometrial depende da ação de hormônios e pode acontecer da mesma forma em gestações naturais e obtidas por tratamentos de reprodução assistida. Entretanto, com as técnicas e os recursos da medicina reprodutiva, é possível intervir para deixar o útero mais receptivo.
Veja as duas situações:
Receptividade endometrial em gestações naturais
No ciclo ovulatório natural, hormônios liberados pela hipófise, glândula endócrina situada na base do cérebro, estimulam o desenvolvimento dos folículos ovarianos e a liberação de um óvulo maduro.
Logo após a ovulação, o endométrio começa a se preparar para receber o embrião — na verdade, antes disso, pois os folículos ovarianos em crescimento liberam estrogênio, o hormônio responsável por ativar a proliferação das células endometriais e o consequente aumento na espessura do tecido.
Com a liberação do óvulo, os resíduos do folículo ovariano que se rompeu formam o corpo-lúteo, glândula secretora de progesterona, o hormônio que aumenta a receptividade endometrial.
O endométrio atinge o ápice de sua receptividade entre o quinto e o sétimo dia após a ovulação. Nessa fase, chamada de janela de implantação, o embrião pode se fixar no tecido endometrial caso um óvulo tenha sido fertilizado.
Receptividade endometrial em tratamentos de reprodução assistida
Os tratamentos de reprodução assistida são classificados como de baixa e alta complexidade. São eles:
- coito programado ou relação sexual programada;
- inseminação artificial ou intrauterina;
- fertilização in vitro (FIV).
Os dois primeiros são de baixa complexidade, envolvem poucos procedimentos e a fecundação do óvulo ocorre no local natural, dentro do corpo da mulher. A FIV é uma técnica mais complexa, realizada em várias etapas e o óvulo é fertilizado em laboratório.
Todos os tratamentos de reprodução assistida podem começar com a estimulação ovariana, que é feita com o uso de medicações hormonais para que os ovários intensifiquem o desenvolvimento dos folículos ovarianos (estruturas que guardam os óvulos).
Assim como há fármacos hormonais para estimular os ovários, também há medicações que podem ser administradas para preparar o útero. Além disso, há exames e técnicas para avaliar as condições do endométrio antes da tentativa de gravidez, como a ultrassonografia pélvica, a histeroscopia e a biópsia endometrial para análise do padrão de expressão dos genes do endométrio, principalmente quando há suspeita de endometrite crônica.
Com os recursos da medicina reprodutiva, é possível avaliar o útero de forma cuidadosa e melhorar a receptividade endometrial para aumentar as chances de implantação embrionária. No entanto, vale lembrar que outros fatores também são determinantes para a confirmação de uma gravidez, como a idade materna e a qualidade dos óvulos e espermatozoides.
Aproveite para conferir o texto sobre FIV- fertilização in vitro e conheça os detalhes dessa técnica!