A vida reprodutiva da mulher começa com a menarca e dura décadas, chegando ao fim na menopausa. O período entre menarca e menopausa é chamado de menacme, é durante esses anos de fertilidade que nascem os filhos — embora a partir dos 35 anos, as chances de gravidez espontânea sejam cada vez menores.
Durante a menacme, o corpo feminino se prepara, mês a mês, para engravidar. A fertilidade feminina resulta de um conjunto de funções do sistema reprodutor. A mulher tem chances de ficar grávida quando apresenta níveis equilibrados de hormônios, ovulação frequente, tubas uterinas permeáveis, útero em perfeitas condições anatômicas e trato genital sem infecções.
Por outro lado, existem inúmeras condições que podem afetar a fertilidade feminina e a saúde ginecológica de modo geral a partir da menarca. Continue a leitura para entender o que é menarca e descobrir quais são essas alterações que podem levar à infertilidade!
O que é menarca?
Menarca é o termo clínico que descreve a primeira menstruação da vida da mulher. Isso acontece normalmente entre os 11 e os 14 anos e sinaliza que o corpo da menina está biologicamente pronto para uma gravidez — mas sabemos que há fatores psicossociais envolvidos, de forma que a gestação precoce é um tema delicado e a menina precisa de orientação nessa fase.
O início dos ciclos menstruais ocorre porque os ovários começam a exercer suas funções, desenvolvendo e liberando óvulos. O funcionamento ovariano também envolve a produção dos hormônios sexuais, estrogênio e progesterona.
Os hormônios ovarianos agem de forma cíclica e preparam o útero para a gravidez. Além disso, o estrogênio é responsável pelo desenvolvimento das características sexuais secundárias femininas, como crescimento dos seios, pelos pubianos, ganho de peso e definição das formas. O risco de menopausa precoce é ainda maior entre as nulíparas, isto é, mulheres que nunca engravidaram.
Qual é a relação da menarca com a fertilidade?
A menarca tem relação direta com a fertilidade feminina, visto que se trata do marco inicial da vida reprodutiva. A partir desse momento, o corpo da menina trabalha de forma cíclica para ovular e receber um embrião. Tudo isso acontece sob estímulo hormonal.
Os hormônios são substâncias produzidas pelas glândulas endócrinas e são responsáveis por regular diversos sistemas e funções, incluindo, é claro, o sistema reprodutor.
Para regular o funcionamento cíclico do sistema reprodutor feminino, são 4 substâncias que agem de forma alternada: estrogênio e progesterona, produzidos nos ovários, e os hormônios folículo-estimulante (FSH) e luteinizante (LH), secretados pela hipófise.
O FSH e o LH estimulam os ovários a desenvolverem seus folículos — unidades ovarianas funcionais, onde estão guardados os óvulos primários. No momento da menarca, a menina tem cerca de 400 mil de folículos, número que reduz continuamente até a menopausa, quando a reserva ovariana se esgota.
A ovulação acontece na metade do ciclo menstrual, quando um pico de LH promove a maturação final e a ruptura do folículo mais desenvolvido — os demais folículos que começaram a se desenvolver no mesmo ciclo se perdem e não são recuperados ao longo da vida fértil, o que explica a redução progressiva da reserva ovariana.
Após se romper, o folículo que participou da ovulação é transformado em uma estrutura chamada corpo-lúteo que produz estrogênio e progesterona. Esses hormônios são responsáveis por modificar as características do tecido interno do útero para acolher o embrião, caso o óvulo seja fecundado.
Quais problemas podem afetar a fertilidade feminina?
A partir da menarca, a menina está suscetível a desenvolver doenças ginecológicas que estejam associadas aos órgãos reprodutores ou aos hormônios ovarianos, a exemplo da endometriose e da síndrome dos ovários policísticos (SOP).
Ao longo da vida fértil, várias outras condições podem afetar o sistema reprodutor. Nesse sentido, podemos listar aqui as principais causas de infertilidade feminina:
- disfunções ovulatórias, sobretudo a SOP;
- endometriose;
- doenças uterinas — adenomiose, mioma, pólipo e outras;
- infecções genitais;
- obstrução das tubas uterinas;
- baixa reserva ovariana, em razão de idade avançada, sem causa aparente ou menopausa precoce.
Como tratar a infertilidade feminina?
Diante da dificuldade para engravidar, tanto a mulher quanto seu parceiro devem realizar exames para investigar possíveis causas de infertilidade. Dependendo dos fatores identificados, o tratamento pode ser pontual, visando à cura ou ao controle da doença de base. As técnicas de reprodução assistida também são importantes para ampliar as possibilidades de gravidez.
As técnicas de baixa complexidade — inseminação artificial e relação sexual programada — são indicadas para os casos mais simples, como os problemas de ovulação. Já a fertilização in vitro (FIV), que é um tratamento mais complexo, consegue alcançar resultados positivos frente às situações mais graves.
Falar com o especialista sobre a idade da menarca também é importante para completar as informações sobre histórico menstrual, pois isso pode ajudar na hipótese diagnóstica da causa de infertilidade feminina.
Acompanhe também nosso texto principal sobre infertilidade feminina e veja mais a fundo quais são as causas e fatores de risco dessa condição!