O tecido endometrial é o revestimento interno da parede uterina. Suas funções estão relacionadas à implantação de um embrião, que dá origem à gravidez, e ao sangramento menstrual. Pensando na importância dessa parte do corpo para a fertilidade, e tendo em vista as possíveis dúvidas das mulheres, trouxemos a seguinte questão para ser respondida neste post: o que é tecido ectópico?
Já pelo título do texto, fica sugestiva a ligação entre tecido ectópico e endometriose. Vale lembrar que essa doença está entre as causas mais sérias de infertilidade feminina, pois pode afetar ovários e tubas uterinas, interferindo em vários processos da concepção.
Acompanhe este post com atenção, entenda o que é tecido endometrial, descubra o que é tecido ectópico e qual sua relação com a endometriose e com a infertilidade!
Como o útero é estruturado?
A formação anatômica e histológica do útero corresponde perfeitamente às suas funções. É nesse órgão que a gravidez acontece, então, o embrião/feto precisa encontrar as condições adequadas para se desenvolver.
Anatomicamente, o útero apresenta:
- o colo uterino — porção inferior, mais estreita, que se liga à vagina e passa por dilatação no momento do parto;
- o istmo — passagem estreita que liga o colo uterino ao corpo do útero;
- o corpo uterino — maior porção do órgão, onde o feto se desenvolve, apresenta formato triangular e faz conexão com as tubas uterinas em sua parte superior.
Em sua divisão histológica, o útero apresenta 3 camadas:
- endométrio é o tecido mais interno, que reveste a cavidade uterina, onde acontece a implantação do embrião;
- miométrio é o tecido muscular, que participa das contrações uterinas e da expansão do órgão durante a gestação;
- camada serosa é a parte externa, que protege o órgão na cavidade pélvica, sendo, por sua vez, recoberta pelo peritônio (membrana que cobre os órgãos da pelve e do abdome).
O que é tecido ectópico?
O termo “ectópico” se refere ao que está em posição ou local anormal. Na área de ginecologia, especificamente, quando falamos em tecido ectópico nos referimos ao que está fora do útero, mas que deveria estar dentro desse órgão. Por exemplo, a gravidez ectópica é aquela que ocorre na tuba uterina ou, mais raramente, em outra parte da cavidade abdominopélvica, portanto, fora de seu lugar habitual.
O tecido endometrial ectópico é constituído por células semelhantes às do endométrio, mas, em vez de estar na parte interna do útero, aparece em outros locais. Dependendo da doença subjacente, esse tecido pode ser encontrado no miométrio, nas tubas uterinas, nos ovários, no intestino, entre outros sítios.
A adenomiose, por exemplo, é uma doença inflamatória caracterizada pela presença de tecido ectópico do endométrio no miométrio, sua camada vizinha. Como as células endometriais não deveriam estar ali, o sistema de defesa do organismo reage, causando inflamação e dores.
Qual é a relação entre menstruação retrógrada e tecido ectópico?
Menstruação retrógrada é uma alteração no processo de expelir o sangramento menstrual. Esse sangue é resultante da descamação do tecido endometrial, nos ciclos em que não ocorre implantação embrionária e gravidez.
Naturalmente, o sangramento menstrual sai do útero e é eliminado pela vagina. Nas mulheres que têm menstruação retrógrada, no entanto — o que pode ocorrer por fatores genéticos, anatômicos ou outros —, parte desse sangue, em vez de descer para o canal vaginal, reflui pelas tubas uterinas.
Ao retornar pelas tubas, a menstruação, que é composta por fragmentos endometriais, pode se espalhar pela cavidade peritoneal. Consequentemente, partes de tecido ectópico endometrial podem eventualmente se implantar em outros órgãos, desencadeando processos inflamatórios locais.
Por que o tecido ectópico está relacionado à endometriose?
A endometriose é uma doença que pode afetar severamente a qualidade de vida da mulher. Sua característica patológica é a presença de implantes de endométrio fora da cavidade uterina. As lesões são encontradas em diversos locais da região pélvica, como tubas uterinas, ovários, intestino, bexiga, ligamentos uterossacros, septo retovaginal, entre outros.
Tecido ectópico e endometriose estão diretamente relacionados, visto que é justamente a presença do endométrio em outros locais, fora de seu sítio habitual, que causa processos inflamatórios e sintomas dolorosos — a dor causada pelas lesões endometrióticas pode ser intensa a ponto de resultar em comprometimento funcional da mulher durante o período menstrual.
Além da sintomatologia severa, a endometriose é uma das grandes causas de infertilidade feminina. Boa parte das mulheres que buscam os serviços de reprodução assistida tem o diagnóstico dessa doença.
O tratamento da endometriose pode ser medicamentoso ou cirúrgico, a depender da gravidade das lesões. A medicação hormonal e anti-inflamatória para controle dos sintomas é indicada nos casos mais leves e quando não há intenção de gravidez por parte da paciente.
A cirurgia é a melhor escolha quando não há resposta ao tratamento farmacológico, também quando os órgãos são gravemente acometidos, apresentando distorção anatômica ou obstrução, sempre lembrando que mulheres que desejam gestação devem criopreservar óvulos ou embriões.
Além da cirurgia para remoção do tecido ectópico endometrial, a paciente pode precisar das técnicas de reprodução assistida, caso queira engravidar. Quadros mais sérios, sobretudo se houve oclusão das tubas uterinas, são indicados ao tratamento com fertilização in vitro (FIV), enquanto as condições mais brandas podem precisar somente de estimulação ovariana associada à relação sexual programada para ter bons resultados reprodutivos.
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