Na clínica ginecológica e na investigação da infertilidade feminina, a vídeo-histeroscopia com biópsia é um recurso fundamental para confirmar o diagnóstico de doenças intrauterinas, como endometrite, pólipos endometriais e câncer de endométrio.
Vídeo-histeroscopia é uma técnica de avaliação e tratamento de doenças da cavidade uterina, enquanto a biópsia é um procedimento necessário para análise citopatológica, isto é, que estuda as alterações das células isoladas ou em pequenos grupos.
Com a biópsia, é possível identificar tecidos doentes e diagnosticar se as anormalidades celulares são benignas ou malignas. O procedimento consiste em retirar um fragmento de uma determinada parte do corpo — na vídeo-histeroscopia, o material é coletado do endométrio, parte interna do útero — e enviá-lo para análise em laboratório de anatomia patológica.
Na prática médica, a biópsia é mais comum do que se imagina. Neste post, vamos explicar como é a vídeo-histeroscopia com biópsia e por que ela é importante no tratamento da infertilidade feminina.
Leia com atenção!
O que é vídeo-histeroscopia?
Vídeo-histeroscopia é uma técnica diagnóstica e cirúrgica, realizada por via vaginal, eleita como método padrão-ouro para investigar e tratar patologias que se desenvolvem no interior do útero. A técnica ganhou mais evidência nas últimas décadas, em razão da redução do calibre dos instrumentos utilizados, bem como do avanço nos sistemas óticos.
De forma resumida, o procedimento da vídeo-histeroscopia consiste em introduzir um tubo com sistema de iluminação e microcâmera, o histeroscópio, pela vagina da paciente, de modo que ele seja bem posicionado na entrada da cavidade uterina e consiga captar as imagens do endométrio.
As imagens são transmitidas na tela de um monitor de vídeo, em tempo real, permitindo que o médico realize a avaliação necessária. A histeroscopia realizada em ambulatório possibilita a correção imediata de pequenas anormalidades no útero. Já o procedimento feito em ambiente cirúrgico é indicado para as alterações endocavitárias de maior gravidade.
Quando a vídeo-histeroscopia é indicada?
A vídeo-histeroscopia é principalmente indicada na investigação do sangramento uterino anormal (antes e depois da menopausa) e quando há suspeita de doenças uterinas sem resultados concludentes em outros exames mais simples, como a ultrassonografia pélvica e a histerossalpingografia.
Vale pontuar que a vídeo-histeroscopia é uma ferramenta muito relevante na avaliação da infertilidade feminina, uma vez que os fatores uterinos representam uma importante fração desses casos.
A vídeo-histeroscopia possibilita uma avaliação singular da cavidade uterina, tendo em vista os aspectos funcionais do endométrio, como espessura, vascularização, presença de anormalidades estruturais e indícios de infecção. Além disso, permite a realização de biópsia dirigida nas áreas de tecido lesionado.
Como abordagem cirúrgica, a vídeo-histeroscopia é eficiente no tratamento de vários tipos de lesões intrauterinas, apresentando vantagens como: menor morbimortalidade, pouco tempo de internação e rápido retorno da paciente às suas atividades.
De modo amplo, as indicações para a vídeo-histeroscopia incluem:
- sangramento uterino anormal;
- infertilidade;
- diagnóstico e seguimento de hiperplasia endometrial;
- estadiamento de câncer endometrial;
- identificação de corpos estranhos e de restos ovulares;
- seguimento de doença trofoblástica gestacional;
- diagnóstico de patologias intrauterinas suspeitadas por outros métodos — miomas submucosos, pólipos endometriais, endometrite, sinequias e malformações, como o septo uterino.
Quais são os casos que precisam de vídeo-histeroscopia com biopsia?
Nem todas as pacientes que são indicadas ao procedimento precisam fazer a vídeo-histeroscopia com biópsia. Isso depende da suspeita médica, principalmente se houver fatores de risco para uma alteração maligna.
No contexto da investigação da infertilidade, a vídeo-histeroscopia com biópsia é realizada, principalmente, nos casos de endometrite e pólipos endometriais.
A endometrite é uma inflamação no endométrio, que pode ser causada por agentes infecciosos ou por procedimentos médicos que lesionam acidentalmente o tecido endometrial. Quando é causada por microrganismos, normalmente, faz parte da doença inflamatória pélvica (DIP), que tem como principal origem a infecção por clamídia e, além do útero, pode afetar a cérvice (colo do útero), as tubas uterinas e até os ovários.
Os pólipos são neoformações no endométrio, projeções que alteram a arquitetura endometrial, sendo uma importante causa de falha de implantação, abortamento e sangramento anormal. São lesões benignas, mas, em uma pequena parcela dos casos, a biópsia pode revelar alterações malignas. Mulheres na pós-menopausa apresentam risco maior de que os pólipos evoluam para um câncer de endométrio.
Vídeo-histeroscopia e reprodução assistida: qual a relação?
A vídeo-histeroscopia é uma técnica valiosa no contexto da reprodução assistida, pois, como vimos, é considerada padrão-ouro na investigação e no tratamento de doenças intrauterinas.
As patologias uterinas — estruturais, infecciosas ou mesmo as malformações congênitas — podem prejudicar a implantação do embrião ou o desenvolvimento gestacional, causando infertilidade e abortamentos.
A reprodução assistida trabalha com técnicas que possibilitam a gravidez para casais com diversos fatores de infertilidade. Quando se trata de um problema uterino, a fertilização in vitro (FIV) é a melhor indicação.
A vídeo-histeroscopia é importante, nesses casos, para corrigir até as menores anormalidades, como pequenos pólipos e miomas, visando à restauração das características endometriais e da capacidade funcional do útero.
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