É muito comum ter dúvidas sobre o momento certo de interromper o uso do anticoncepcional para engravidar. Muitas vezes, essa decisão vem acompanhada de receios, especialmente devido ao mito de que o uso prolongado de anticoncepcionais pode deixar a mulher infértil.
Na prática, esse receio não se justifica. Os métodos contraceptivos hormonais — como pílulas, injeções, adesivos e implantes subdérmicos — não provocam infertilidade. Eles atuam apenas de forma temporária, e sua suspensão permite que o organismo retome as funções reprodutivas normalmente, ainda que isso leve algum tempo em alguns casos.
Neste texto, vamos explicar como funcionam os anticoncepcionais, quando e como interrompê-los e o que fazer se a gravidez não acontecer após a suspensão. Veja todas essas informações a seguir!
Como os anticoncepcionais funcionam?
Os métodos anticoncepcionais hormonais atuam inibindo a ovulação. Isso é feito por meio da administração de hormônios sintéticos, geralmente estrogênio e progesterona combinados, que bloqueiam o estímulo hormonal do cérebro para os ovários.
Além de impedir a ovulação, alguns tipos de anticoncepcionais modificam o muco cervical, dificultando a entrada dos espermatozoides, e tornam o endométrio (camada interna do útero) menos receptivo à implantação de um embrião.
Todos esses efeitos, no entanto, são reversíveis. Assim que o uso do método contraceptivo é interrompido, a mulher pode voltar a ovular — tanto é que o efeito do anticoncepcional é garantido somente mediante o uso correto. A pílula, por exemplo, se não for ingerida todos os dias pode falhar, permitindo que o processo ovulatório aconteça e a mulher engravide sem planejar.
Qual é o momento certo de parar o anticoncepcional para engravidar?
A resposta mais simples é: quando a mulher decidir tentar engravidar. Não é necessário fazer uma pausa prévia, nem é obrigatório “limpar o organismo” antes de iniciar as tentativas, como os mitos sugerem.
Algumas mulheres recuperam a ovulação logo no primeiro ciclo após a suspensão do anticoncepcional, enquanto outras podem levar alguns meses para reestabelecer a atividade hormonal.
A demora para reequilibrar os níveis hormonais nem sempre indica que há um problema de fertilidade, mas é importante investigar, caso a dificuldade de engravidar persista — principalmente para mulheres que têm mais de 35 anos, visto que o avanço da idade pode dificultar cada vez mais a concepção.
Algumas mulheres podem perceber a ausência de menstruação por semanas ou meses após a interrupção do anticoncepcional. Se as irregularidades menstruais continuarem, o ideal é procurar um ginecologista. Pode haver alguma disfunção hormonal subjacente, como a síndrome dos ovários policísticos (SOP), associada à anovulação e à infertilidade ou mesmo a uma redução significativa da reserva ovariana.
Vale esclarecer que essas disfunções ovulatórias, quando existem, possivelmente já estavam presentes antes do uso do método anticoncepcional, não foram causadas por ele.
Além de investigar se há fatores de infertilidade associados à irregularidade menstrual, o acompanhamento médico é importante para a avaliação preconcepcional. Assim, antes das tentativas de gravidez, a mulher pode realizar exames e receber orientações sobre a adoção de hábitos que melhoram a saúde geral e contribuem para a concepção e o desenvolvimento saudável de uma gestação.
E se a gravidez não acontecer?
É natural levar um tempo para engravidar. A taxa de fecundidade de um casal fértil é de cerca de 15% a 20% por ciclo. Portanto, mesmo quando tudo está dentro da normalidade, pode levar alguns meses até que a gestação seja confirmada.
Contudo, se a gravidez não acontecer após 12 meses de tentativas (ou 6 meses, se a mulher tiver mais que 35 anos), é importante buscar avaliação com um médico especialista em reprodução humana.
A infertilidade pode ter diversas causas, femininas e masculinas. É preciso que o casal seja avaliado pelo especialista e que ambos realizem exames para verificar as condições de seus sistemas reprodutores. Não raro, mais de um fator de infertilidade é identificado na investigação — por exemplo, a mulher pode ter disfunção ovulatória, ao passo que o homem tem alguma alteração seminal.
Reforçamos: os anticoncepcionais não prejudicam a fertilidade da mulher. Se houver dificuldade para engravidar, é provável que o casal tenha alguma condição que não foi diagnosticada anteriormente — ou até uma combinação de fatores femininos e masculinos.
Diante do diagnóstico de fatores de infertilidade, as possibilidades de tratamento são estudadas, as quais podem incluir o uso de medicações ou procedimentos cirúrgicos, se necessário.
A reprodução assistida também traz alternativas eficazes. Indução da ovulação, coito programado, inseminação artificial e fertilização in vitro (FIV) estão entre as técnicas que podem aumentar as chances de gravidez.
Cada tratamento de reprodução humana assistida é individualizado, levando em conta as características e necessidades do casal. A idade da mulher, o estado da reserva ovariana, o tempo de tentativas e os fatores de infertilidade diagnosticados são aspectos que devem ser considerados para a escolha das técnicas mais apropriadas.
Portanto, se a gravidez não acontecer após decorridos vários meses desde a interrupção do anticoncepcional, o ideal é procurar avaliação médica especializada. Existem soluções eficazes e, com o suporte certo, é possível tornar a maternidade uma realidade.
Agora, leia o texto que apresenta as principais causas da infertilidade feminina!