A mulher que não pretende ter filhos pode contar com diversos métodos de contracepção, como anticoncepcionais orais e injetáveis, dispositivos intrauterinos (DIU) e preservativos. Além disso, para esterilização definitiva, existe a ligadura das trompas. Contudo, a intervenção cirúrgica é indicada somente em casos bem específicos.
Acompanhe este post e saiba o que é a ligadura das trompas e quais as formas de realização da cirurgia. Descubra também quais são os casos que recebem indicação cirúrgica, quais as repercussões para a saúde da mulher e se há possibilidade de reversão.
O que é ligadura das trompas?
A ligadura das trompas é uma operação realizada como forma de esterilização feminina definitiva. A cirurgia leva vários nomes — ligadura tubária, laqueadura ou ainda Contracepção Voluntária Cirúrgica Definitiva (CCVD). O objetivo do procedimento é obstruir as tubas uterinas e impedir que os óvulos e os espermatozoides se unam.
Para compreender o efeito da ligadura das trompas, é importante conhecer a estrutura do sistema reprodutor feminino. O aparelho sexual é formado por órgãos internos e externos. São eles:
- útero;
- ovários;
- tubas uterinas;
- vagina;
- vulva.
As tubas uterinas, que também são denominadas como trompas de falópio, são fundamentais no processo de reprodução. Elas são caracterizadas por dois tubos que ligam o útero aos ovários. É exatamente nas trompas que ocorre o encontro entre as células germinativas do homem e da mulher para dar início à gravidez.
Portanto, a laqueadura bloqueia as tubas e não permite que os gametas se encontrem. Os resultados dessa cirurgia costumam ser definitivos, isto é, a maior parte das mulheres que se submetem à ligadura das trompas não engravida mais.
São bem raros os casos em que ocorre alguma reversão natural e uma gestação inesperada. As possibilidades são quase nulas e dependem de fatores como técnica cirúrgica utilizada, tempo de cirurgia e idade da mulher. Os índices de falha ficam abaixo de 2%, considerando avaliação da taxa cumulativa referente a um período de 10 anos — o que também inclui o risco de gravidez ectópica.
Como o procedimento é realizado?
A ligadura das trompas é realizada por meio de diferentes métodos cirúrgicos que consistem em cortar as tubas uterinas e amarrar suas extremidades. O procedimento pode ser feito por via abdominal ou vaginal.
Na laqueadura por via abdominal, são utilizadas duas técnicas: laparotomia e videolaparoscopia. Estudos comparativos concluíram que o método laparoscópico apresenta vantagens sobre a cirurgia laparotômica, conforme alguns parâmetros avaliados — menos dor pós-operatória, mais rapidez na realização do procedimento e no restabelecimento da paciente.
A laparotomia é feita a partir de uma incisão suprapúbica que permite o acesso ao interior do corpo feminino e o manuseio das tubas. Já a videolaparoscopia é uma técnica menos invasiva, realizada de modo ambulatorial, e que depende de portas de acesso de diâmetros mínimos, os quais não ultrapassam cinco milímetros.
Na videolaparoscopia, o sistema de fibras ópticas, utilizado nas câmeras, facilita a inspeção dos órgãos pélvicos e abdominais. Assim, a cirurgia é executada sem que seja necessário realizar grandes cortes no corpo da paciente. Para a obstrução das trompas podem ser utilizados diferentes recursos, como fio cirúrgico, eletrocoagulação, clipe (ou grampo) e anel de silicone.
A ligadura das trompas por via vaginal é feita por colpotomia ou histeroscopia. A colpotomia consiste em um corte no espaço localizado em torno do colo uterino, área chamada de fundo-de-saco posterior da vagina, onde é possível alcançar as tubas e obstruí-las.
A histeroscopia cirúrgica, por sua vez, permite o acesso às trompas por meio da cavidade do útero, com o auxílio de um aparelho específico — um tubo fino que contém fibra óptica em sua extremidade.
Quando a laqueadura é indicada?
A ligadura das trompas deve ser evitada ao máximo, visto que é um método de esterilização definitiva e pode, inclusive, trazer arrependimento à paciente. Por isso, a decisão final sobre fazer ou não a laqueadura cabe sempre à mulher, sendo que o preparo psicológico é uma das etapas importantes antes da execução da cirurgia.
De acordo com a Lei nº 9.263/96, que regulamenta o planejamento familiar, a esterilização voluntária de homens e mulheres somente é permitida quando atende a critérios como: idade superior a 25 anos ou, pelo menos, dois filhos vivos; risco à vida ou à saúde da mulher ou do futuro concepto.
Ainda conforme documentos disponibilizados pela Biblioteca Virtual do Ministério da Saúde, a esterilização pode ser indicada quando a ocorrência de uma gravidez apresentar sérios riscos à paciente, como nos seguintes casos:
- mais de três cesarianas realizadas;
- doenças cardíacas sérias;
- diabetes grave;
- problemas de RH negativo;
- pressão arterial muito alta;
- disfunções renais graves;
- doenças pulmonares.
Quais são as possíveis complicações?
A ligadura das trompas costuma ser um procedimento seguro e com chances mínimas de complicações. Contudo, alguns problemas posteriores podem surgir, tanto de natureza física quanto psicológica. O arrependimento e a depressão, por exemplo, são possíveis efeitos emocionais nas mulheres que se tornam estéreis.
Já as repercussões da pós-laqueadura para o corpo feminino foram avaliadas em pesquisas e apresentaram alterações mínimas ou inexistentes, incluindo:
- lesões do mesossalpinge — prega peritoneal que sustenta as tubas uterinas;
- disfunções ovarianas;
- dor pélvica crônica;
- alterações hormonais e menstruais.
Existe possibilidade de reversão?
No caso de mulheres que fazem a ligadura das trompas, mas mudam de decisão, existe a possibilidade de fazer a reversão da laqueadura com técnicas de reprodução assistida. No entanto, o sucesso do procedimento depende de fatores como a preservação da porção final das tubas e as condições de saúde das trompas.
Depois de entender o que é e como é realizada a ligadura das trompas, leia também o texto sobre reversão de laqueadura e confira mais detalhes sobre esse procedimento.