A mulher que deseja ter filhos precisa entender diversas condições que possam facilitar ou dificultar sua gestação. Período fértil, patologias, problemas fisiológicos e predisposições a determinadas doenças são fatores cruciais para determinar as chances de gravidez. A trombofilia é uma delas.
Pesquisas foram realizadas para identificar uma possível associação da trombofilia com falhas de implantação em FIV (fertilização in vitro). No entanto, essas pesquisas não obtiveram êxito, portanto ainda não há comprovação científica dessa relação.
Neste post, vamos abordar diversos aspectos da trombofilia. Confira!
Trombofilia
Trombofilia não é uma patologia, e sim uma predisposição a desenvolver trombose — formação de um trombo (coágulo) numa veia, que atrapalha a circulação sanguínea e causa edemas e dores na região.
O corpo humano tem de 5 a 6 litros de sangue em circulação contínua. Todo ele é bombeado pelo coração e passa pelas artérias para levar oxigênio às células de todo o organismo. Depois, ele retorna pelas veias até os pulmões, quando é oxigenado, e volta ao coração para ser impulsionado de novo a todo o corpo.
Quando um indivíduo se corta e tem sangramentos, o sistema de coagulação cria um trombo para cessar essa hemorragia. Quando o sangue para de sair do corpo, esse trombo é dissolvido, o vaso rompido se recanaliza e a circulação volta ao normal.
Mas, na trombose, o sangue forma um coágulo em um local que não apresentava sangramento. Esse se prende a uma veia ou artéria e impede o sangue de fazer esse fluxo.
O problema é que a patologia pode causar desde problemas mais simples, como edemas, até feridas e patologias mais graves. Na embolia pulmonar, por exemplo, um dos resíduos do trombo se solta, segue a circulação venosa, chega aos pulmões e causa entupimento, gerando complicações graves e até morte súbita.
A trombose se divide em duas formas:
- aguda: na maioria das vezes, é solucionada pelo próprio corpo, que dissolve o coágulo para que o sangue circule normalmente;
- crônica: ocorre quando as sequelas do coágulo dissolvido ficam no interior dos vasos e destroem sua estrutura, prejudicando a circulação sanguínea.
O que pode causar esse problema?
A trombofilia pode ser hereditária ou adquirida, ou seja, uma consequência de hábitos do cotidiano. Primeiro, é essencial saber se há histórico familiar da patologia. Além disso, você precisa conhecer o que pode causar a trombofilia:
- imobilização prolongada: a falta de movimentação de um membro, principalmente o inferior, atrapalha a circulação sanguínea e é uma predisposição à trombose;
- histórico de infarto, AVC, insuficiência cardíaca congestiva ou doença pulmonar;
- patologias como câncer e síndrome anticorpo antifosfolípide;
- idade avançada (igual ou superior a 65 anos);
- puerpério (45 dias após o parto);
- terapia de reposição hormonal;
- hospitalizações prolongadas;
- anticoncepcional oral;
- viagens prolongadas;
- colesterol elevado;
- sedentarismo;
- tabagismo;
- obesidade;
- pós-parto;
- diabetes;
- gestação;
- cirurgias.
A trombose causada pela síndrome do anticorpo antifosfolipídeo (patologia em que o sistema imunológico ataca proteínas do sangue) é a mais comum e é mais perigosa que a hereditária. Porém, a trombose venosa profunda, tipo mais perigoso, é causada pela imobilidade prolongada, que pode ser tanto por repouso quanto por viagens muito longas.
No fim das contas, o que mais pesa é o histórico de saúde da mulher. Se ela já teve um caso de trombose, a probabilidade de ter durante a gestação é maior do que a daquela que ainda não teve, mesmo que ela tenha obesidade ou histórico familiar.
Quais são os sintomas?
Por ser uma predisposição, a trombofilia só vai demonstrar sintomas quando já tiver se convertido em problema — ou seja, na trombose. Se você já tem histórico familiar ou planeja engravidar, preste atenção nos seguintes sinais:
- dor em um dos membros (principalmente inferiores) que piora com o tempo;
- edema (inchaço, vermelhidão e calor) no membro;
- veias dilatadas e visíveis;
- dor ao toque;
- pele rígida.
Ao perceber alguns desses sintomas, é importante consultar um médico. O diagnóstico de trombose deve ser feito o quanto antes.
A trombofilia é diagnosticada pelo médico hematologista. Quando a paciente relata antecedentes de aborto e histórico familiar de trombose, ele solicita exames para confirmar essa predisposição.
Por que a mulher com trombofilia precisa de acompanhamento durante a gestação?
Ter trombofilia não significa que a mulher vai sofrer de trombose, que nunca vai engravidar ou que perderá o feto, mas o quadro pode levar a complicações durante a gravidez e até a episódios de abortos. Isso ocorre porque os coágulos formados pela trombose podem impedir que o sangue chegue até a placenta.
Além disso, a gravidez promove a hipercoagulação, com o objetivo de preparar o corpo para o parto e o puerpério. Essa condição deixa o sangue mais espesso, o que pode ser pior para quem já tem predisposição à formação de trombos.
A trombose atrapalha a circulação, que pode levar à redução do crescimento do feto, deslocamento da placenta, pré-eclâmpsia (hipertensão arterial específica da gravidez) e óbito fetal.
Portanto, mulheres com histórico da patologia (tanto nelas quanto na família) estão no grupo de risco de aborto espontâneo. Quando a trombofilia é diagnosticada, o médico receita medicamentos que regulam a coagulação sanguínea, evitando a formação de trombos.
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