A estimulação ovariana é uma etapa essencial dos tratamentos de reprodução assistida para casais inférteis. No entanto, muitas tentantes ficam inseguras quanto aos efeitos dessa técnica e questionam sobre o risco de terem sua vida fértil reduzida — dúvida esta que vamos esclarecer ao longo do post.
Primeiramente, vale recordar o que significa o período de vida fértil da mulher: a menarca, termo correspondente à primeira menstruação, marca o início das funções reprodutivas e ocorre, normalmente, entre os 10 e 13 anos — embora possa acontecer antes ou depois dessa idade. A partir disso, com a liberação cíclica de estrogênio, o corpo da menina passa por várias transformações, como desenvolvimento das mamas e crescimento de pelos pubianos.
A menarca indica que o corpo feminino já passa por ciclos ovulatórios, portanto uma gravidez pode acontecer. Desse momento até a menopausa, a mulher se encontra na menacme e está em plena vida fértil. Entre os 35 e 40 anos, as chances de gravidez estão diminuídas, devido à redução natural da reserva ovariana, isto é, número de óvulos armazenados e piora na qualidade dos óvulos. Daí em diante a possibilidade de gravidez diminui até cessar.
Após esse período surge o climatério, com o fim dos ciclos menstruais e o fim das chances de uma concepção por métodos naturais.
Agora, continue a leitura para descobrir de que forma a estimulação ovariana impacta a fertilidade da mulher!
O que é estimulação ovariana?
A estimulação ovariana é um tratamento que tem o objetivo de induzir o desenvolvimento de múltiplos folículos com posterior ovulação e liberação de vários óvulos, em um mesmo ciclo, a fim de aumentar as chances de fecundação. O procedimento pode ser realizado tanto em tratamentos simples, como a relação sexual programada (RSP) e a inseminação artificial (IA), quanto na fertilização in vitro (FIV), considerada de alta complexidade.
Nos ciclos ovulatórios não estimulados (naturais), vários folículos ovarianos são recrutados, mas apenas um deles se desenvolve e se torna dominante até a eclosão para liberar o óvulo (ovulação).
O número varia conforme o protocolo utilizado para o tratamento desejado e a reserva ovariana. Nos ciclos de tratamentos de baixa complexidade, o desejado é que se desenvolvam 3 folículos, para reduzir o risco de gravidez gemelar, uma vez que a fertilização ocorre no corpo da mulher (in vivo). Na FIV, não há um limite de óvulos a obter, pois o controle para evitar gestações múltiplas é feito no momento da transferência dos embriões para o útero da paciente.
Na estimulação ovariana são administrados medicamentos hormonais com ação semelhante à dos hormônios que participam do ciclo ovulatório natural. O crescimento dos folículos é estimulado pelo FSH — hormônio folículo-estimulante — e monitorado com ultrassonografias e dosagem hormonal. Quando eles atingem o tamanho adequado, é a vez de administrar gonadotrofina coriônica humana (hCG), que induz a maturação final dos óvulos e a ovulação.
A estimulação ovariana reduz a vida fértil da mulher?
Não, a estimulação ovariana não diminui o tempo de vida fértil da mulher. A dúvida pode surgir em razão do maior número de folículos recrutados para o desenvolvimento, o que representaria a aceleração do esgotamento da reserva ovariana. No entanto, em ciclos reprodutivos naturais diversos folículos estão disponíveis para se desenvolverem, mas somente um se torna dominante e chega à ovulação. Os demais folículos que não crescem são perdidos.
A diferença da estimulação ovariana é que existe um aproveitamento maior dos folículos, isto é, mais folículos crescem ao invés de serem perdidos. Por isso, a estimulação não gasta mais óvulos, não diminui o tempo de vida reprodutiva e não acelera a menopausa.
Qual é o efeito da estimulação ovariana na fertilidade feminina?
A estimulação ovariana tem justamente o efeito de aumentar as chances de gravidez, não o de reduzir sua vida fértil. Com essa técnica, distúrbios ovulatórios são contornados e os ovários conseguem cumprir melhor sua função no sistema reprodutor. Na FIV, a técnica ainda ajuda a obter um alto número de embriões, os quais podem ser utilizados em mais de um ciclo de tentativa de gravidez, sem que a paciente precise passar novamente pela estimulação.
Vale pontuar que a RSP e a IA são indicadas em casos leves de infertilidade e desde que a mulher tenha menos que 35 anos e tubas uterinas desobstruídas. Na RSP, após a estimulação ovariana, o casal é orientado a manter relações sexuais nos dias em torno da ovulação prevista. Na IA, uma amostra de sêmen é introduzida no útero da paciente no dia da liberação dos óvulos.
Por sua vez, a FIV é indicada para diversos casos de infertilidade, dos simples aos mais graves. Nesse tipo de tratamento, a estimulação ovariana é a primeira etapa do processo. Depois disso, deve-se realizar a coleta dos gametas, fertilização em laboratório, cultivo embrionário e transferência dos embriões para o útero da paciente. A complexidade da FIV é proporcional às suas elevadas taxas de sucesso.
Leia também nosso texto institucional sobre estimulação ovariana e compreenda os detalhes dessa técnica!