A gravidez ectópica é uma condição de risco para a mulher, pois é uma gestação sem possibilidades de evolução e pode causar complicações, como hemorragia interna. Esse tipo de gestação pode ocorrer devido à alguma patologia, como endometriose ou doença infamatória pélvica (DIP), entre outras causas.
O termo “ectópico” refere-se ao que está fora do lugar, em posição anormal. Em ginecologia, esse termo é empregado para designar aquilo que se desenvolve fora do útero. Portanto, isso vale para a gravidez ectópica, que normalmente acontece na tuba uterina, e para o tecido endometrial ectópico — mucosa que reveste a parede do útero, mas que, nos casos de endometriose, também cresce em outros órgãos pélvicos.
Neste texto, vamos explicar o que é gravidez ectópica e quais são as condutas indicadas diante desse diagnóstico. Acompanhe!
O que é gravidez ectópica?
Gravidez ectópica, como adiantamos logo nas primeiras linhas deste post, é a gestação que ocorre fora do útero. Na grande maioria dos casos, a implantação do embrião acontece nas tubas uterinas, sendo também conhecida como gravidez tubária. Em raras situações, a gestação pode iniciar dentro da cavidade abdominal, no colo do útero ou no ovário.
O embrião se forma a partir do processo de fertilização — união do espermatozoide com o óvulo — que acontece nas tubas uterinas. As tubas, ou trompas, são dois tubos alongados que fazem a ligação entre os ovários e o útero.
Assim, um dos ovários libera o óvulo, que é fertilizado no interior da tuba adjacente e, depois, já em fase de desenvolvimento embrionário, se desloca até chegar ao útero, onde a gravidez deve acontecer.
Se houver algum problema tubário, como obstrução, dilatação ou estreitamento, o embrião não consegue progredir até a cavidade uterina e se implanta na própria tuba. A gravidez ectópica até evolui por algumas semanas, mas como não há fornecimento adequado de sangue, oxigênio e nutrientes — assim como não há espaço para o bebê crescer — o feto não sobrevive.
A ruptura do saco gestacional geralmente ocorre entre a 6ª e a 16ª semanas de gravidez ectópica. Nessa ocasião, a mulher pode sentir dor forte e constante no baixo abdômen, além de sangramento vaginal. Quanto mais tempo a gestação evolui fora do útero, maior é o risco de ruptura com perda sanguínea abundante. Contudo, se o problema for diagnosticado de forma precoce, é possível fazer o tratamento para interromper a gravidez e evitar complicações.
Os fatores de risco para a gestação ectópica incluem:
- obstrução nas tubas uterinas, devido à endometriose ou outras doenças tubárias;
- diagnóstico anterior de doença inflamatória pélvica — quadro associado a infecções sexualmente transmissíveis, que envolve várias inflamações simultâneas no aparelho reprodutor;
- histórico de cirurgia tubária, como laqueadura;
- uso de dispositivo intrauterino (DIU);
- hidrossalpinge.
O que fazer diante do diagnóstico de gravidez ectópica?
A gravidez ectópica nem sempre é sintomática. Algumas mulheres nem desconfiam que possam estar grávidas. Assim, a avaliação médica é recomendada diante de qualquer alteração — como dor na parte inferior do abdômen ou sangramento vaginal irregular.
O diagnóstico da gravidez ectópica é feito a partir de uma análise de sangue para identificar os níveis do hormônio hCG, produzido somente pelas estruturas embrionárias. O exame de ultrassonografia transvaginal também é necessário para verificar se a cavidade do útero está vazia e o embrião está em uma das tubas ou ainda em outro local.
A conduta terapêutica depende do estágio da gravidez ectópica e pode envolver uso de medicamentos ou cirurgia. O tratamento medicamentoso fica indicado aos casos menos graves, cujo quadro clínico é estável e os níveis de beta hCG são inferiores a 6500 mUI/ml.
A terapia é feita com metotrexato, um fármaco que faz a gravidez ectópica involuir e findar sem riscos de ruptura tubária. A intervenção cirúrgica é necessária principalmente em casos de diagnósticos tardios.
O procedimento é feito por videolaparoscopia (minimamente invasiva) ou laparotomia (cirurgia abdominal aberta). Se houver ruptura e danificação da tuba, também pode ser preciso realizar uma salpingectomia (operação para remoção da tuba uterina) no mesmo momento da intervenção.
Gravidez ectópica e reprodução assistida: qual é a relação?
Mulheres que têm intenção de engravidar, mas têm histórico de gravidez ectópica, devem buscar acompanhamento especializado para avaliar as condições das tubas uterinas e da fertilidade em geral. Isso porque esse tipo de complicação pode ser resultante de doenças ginecológicas que causam infertilidade feminina, como endometriose e infecções genitais.
Na reprodução assistida, a técnica indicada para os casos de infertilidade por fator tubário é a fertilização in vitro (FIV). Nesse contexto, a paciente passa por estimulação ovariana para obter mais óvulos maduros, os gametas femininos e masculinos são coletados e preparados em laboratório e a fertilização acontece fora do corpo feminino, em placas de cultura.
Após cerca de 2 a 5 dias de cultivo embrionário, os embriões são transferidos para o útero da paciente, sem precisarem migrar pelas tubas. Com a FIV, aumentamos as chances de fertilização e gravidez.
Leia também nosso texto institucional que explica em detalhes como a fertilização in vitro é realizada!