A infertilidade é um problema global, que atinge cada vez mais pessoas no mundo todo. Cerca de 15% da humanidade sofre de algum distúrbio relacionado a infertilidade, segundo dados da OMS (Organização Mundial da Saúde).
Por algum tempo, a infertilidade foi um problema pouco estudado e com poucos tratamentos disponíveis. Nas últimas décadas, porém, os avanços na área da medicina reprodutiva têm sido significativos, possibilitando o aperfeiçoamento e desenvolvimento de diversas técnicas de reprodução assistida, que estão sempre em constante estudo e aperfeiçoamento.
A reprodução assistida em si é um conjunto de técnicas, incluindo a FIV (fertilização in vitro), que possibilitam a reprodução humana de maneira controlada. Ou seja, nesses procedimentos, uma equipe médica especializada participa e reproduz em laboratório, como na FIV, a maioria das etapas iniciais da gravidez, inclusive anteriores à fecundação propriamente dita, como o preparo do endométrio e a estimulação ovariana.
Com tudo isso, a reprodução assistida atualmente pode auxiliar a contornar as mais diversas demandas reprodutivas, como nos casos de infertilidade, casais homoafetivos e pessoas solteiras que desejam ter filhos, além de contribuir para um planejamento familiar melhor, com a possibilidade de diminuição do risco de anomalias genéticas.
Acompanhe a leitura deste texto para entender melhor o que é a reprodução assistida e quais são suas principais técnicas. Boa leitura!
O que são as técnicas de reprodução assistida?
As técnicas de reprodução assistida são diferentes procedimentos e técnicas médicas que visam reproduzir e potencializar as diversas etapas da gestação, especialmente as iniciais.
A reprodução assistida conta atualmente com basicamente 3 técnicas principais, a IA (inseminação artificial), FIV (fertilização in vitro) e a RSP (relação sexual programada) ou coito programado.
Além disso, a FIV, mais avançada, conta com técnicas complementares, como o congelamento de gametas e embriões e o PGT (teste genético pré-implantacional).
Alguns processos são usados de forma comum na reprodução assistida, como a estimulação ovariana e o preparo seminal, aplicados à maior parte dos procedimentos.
Técnicas de reprodução assistida: quais são, quando são indicadas e quais as taxas de sucesso?
Como mencionamos, as técnicas de reprodução assistida disponíveis atualmente são basicamente três, classificadas segundo seu grau de complexidade em alta complexibilidade, como a FIV, e baixa complexibilidade, como a inseminação artificial e o coito programado.
FIV
A FIV é a técnica mais avançada de reprodução assistida hoje, e pode atender a maioria das demandas reprodutivas existentes na atualidade.
De maneira geral, costuma ser indicada para casos de infertilidade masculina e feminina moderadas ou severas, idade feminina avançada, reserva ovariana diminuída, vasectomia, laqueadura, lesão nas tubas uterinas e em alguns casos de ISCA (infertilidade sem causa aparente).
Normalmente, o procedimento se inicia com a estimulação ovariana e indução da ovulação, que é feita com a utilização de medicamentos hormonais para estimular o desenvolvimento e amadurecimento de mais gametas femininos.
Esse processo é monitorado por exames de imagem, que indicam quando é o melhor momento para a coleta dos gametas, já maduros.
Após essa etapa, é feita então, a coleta dos folículos diretamente dos ovários, por aspiração folicular, e os óvulos são preparados e selecionados em laboratório. Simultaneamente, a coleta dos espermatozoides é feita a partir de amostras de sêmen obtidas por masturbação, exceto nos casos de azoospermia obstrutiva ou não, quando os espermatozoides podem ser colhidos por recuperação espermática direta do testículo ou epidídimo.
Posteriormente, os melhores espermatozoides são selecionados pelo preparo seminal. Depois de coletados e selecionados os gametas, realiza-se a fertilização em ambiente laboratorial, num meio de cultura adequado. A fecundação na FIV também pode ser feita por ICSI (injeção intracitoplasmática de espermatozoide).
Após a fecundação, os embriões são cultivados por um período de 2 a 7 dias, quando se observa seu desenvolvimento morfológico, para melhorar a seleção antes da transferência ao útero. Pode-se, em casos selecionados, indicar o estudo genético (PGT-A).
Ao final desse período, os embriões podem ser transferidos para o útero. No entanto, em vários casos, é melhor congelá-los e transferir em ciclo posterior (“freeze-all”) e espera-se que a nidação e o início da gestação aconteçam sem maiores intercorrências.
Inseminação artificial
A principal diferença entre a FIV e a inseminação artificial é que, na IA, a fecundação acontece nas tubas uterinas e não em laboratório.
A primeira fase é a estimulação ovariana e indução da ovulação. Na IA, as doses são muito menores de medicação.
A principal diferença da IA é que os espermatozoides selecionados são transferidos diretamente para o interior do útero e a fecundação acontece de maneira natural.
Depois de aproximadamente 14 dias do procedimento, a mulher deve fazer exames de gravidez para verificar se obteve sucesso. Caso não se consiga uma gravidez, é possível fazer o procedimento por até 3 ou 4 ciclos. Além disso, o casal ainda pode recorrer à FIV.
Na inseminação artificial, as indicações sãodeficiências leves na qualidade do sêmen e alguns casos de ISCA, levando-se sempre em consideração o tempo de infertilidade, a idade da mulher e a reserva ovariana.
Coito programado
O coito programado é a técnica mais antiga de reprodução assistida, considerada de baixa complexibilidade, mas que também conta hoje com procedimentos mais precisos. É uma técnica simples, que consiste basicamente na estimulação ovariana e acompanhamento do ciclo menstrual por meio de exames de imagem como a ultrassonografia pélvica.
Isso é feito para possibilitar uma maior chance de desenvolvimento de gametas maduros e saudáveis e para indicar o melhor momento para o casal manter relações sexuais a fim de conseguir a gravidez.
O coito programado é indicado somente para casos leves de infertilidade feminina, não adequado para infertilidade masculina de nenhum tipo, tampouco para casos mais graves de infertilidade feminina, como quando existem lesões nas tubas uterinas.
As taxas de sucesso tanto do coito programado quanto da inseminação artificial são de aproximadamente 20% por ciclo. Já no caso da FIV podem chegar a 60% por ciclo de tratamento.
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