Os hormônios são substâncias químicas produzidas por glândulas endócrinas que regulam diversas funções do corpo, inclusive as do sistema reprodutor. Sendo assim, a fertilidade depende de equilíbrio hormonal.
No caso da mulher, a regularidade dos ciclos menstruais demanda níveis adequados dos seguintes hormônios: folículo-estimulante (FSH), luteinizante (LH), estrogênio e progesterona. Já a gravidez, desde os primeiros dias, precisa do hormônio hCG — gonadotrofina coriônica humana — para evoluir.
As principais substâncias envolvidas na fertilidade masculina são FSH, LH e testosterona. Entretanto, hormônios tipicamente femininos como o estrogênio são produzidos em baixa quantidade no corpo dos homens. O hCG também tem demonstrado importância em tratamentos de hipogonadismo masculino, visando ao aumento da secreção de andrógenos.
Confira, neste post, mais informações sobre a importância do hCG na fertilidade!
O que é hCG e qual é a importância desse hormônio?
O hCG é um hormônio produzido por um conjunto de células embrionárias que dão origem à placenta, chamadas de trofoblasto, a partir da implantação do embrião no útero. Portanto, um hormônio predominantemente secretado durante o período gestacional.
No entanto, podemos abordar aqui cinco assuntos para explicar a importância do hCG:
- a função na manutenção do corpo-lúteo;
- a presença do hormônio no teste de gravidez, o conhecido beta-hCG;
- o papel como marcador de doenças — anomalias na gravidez e tumores femininos e masculinos;
- o uso dessa substância no tratamento de alterações hormonais masculinas;
- a administração do hormônio nos tratamentos de reprodução assistida.
Manutenção do corpo-lúteo
A função principal do hCG é manter o corpo-lúteo ativo, impedindo a luteólise — degradação estrutural e funcional da estrutura lútea.
O corpo-lúteo é a estrutura formada a partir das células do folículo ovariano que se rompeu para liberar o óvulo durante o processo de ovulação. Na fase pós-ovulatória do ciclo reprodutivo, ou fase lútea, pode ocorrer a fecundação. Para que o embrião consiga se implantar no útero, os níveis de progesterona aumentam e promovem receptividade endometrial.
Assim, o corpo-lúteo é responsável pela produção de estrogênio e de altas doses de progesterona para manter o ambiente uterino em condições de receber o embrião e prosseguir com a gestação. Por sua vez, o hCG, que passa a ser produzido a partir da implantação do embrião no útero, evita a involução do corpo-lúteo e, por consequência, a queda dos hormônios reprodutivos.
Teste de gravidez
A concentração de hCG aumenta rapidamente durante as primeiras semanas de gravidez. No primeiro trimestre, os níveis do hormônio chegam a dobrar a cada dois dias, passando por uma lenta redução a partir da décima semana gestacional.
Os testes de gravidez são sensíveis à presença do hCG e podem rastrear o hormônio em amostras de sangue e de urina. O exame de sangue, conhecido como beta-hCG, tem alta sensibilidade, sendo capaz de confirmar a gravidez a partir de apenas um dia de atraso menstrual.
Os testes de urina são facilmente encontrados em farmácias, mas revelam resultados positivos somente quando a concentração de hCG está elevada, com uma ou duas semanas de atraso na menstruação.
A partir do quinto mês de gestação, os níveis de hCG já estão baixos, uma vez que a placenta assume a produção de progesterona, que deixa de ser função principal do corpo-lúteo.
Marcador bioquímico de doenças
Alterações nos níveis de hCG e suas frações (α e β) podem revelar anomalias na gestação, como abortamento espontâneo, gravidez ectópica e doenças trofoblásticas gestacionais.
A associação do exame de transluscência nucal (TN) com a dosagem das concentrações séricas maternas da fração β-livre de hCG e da proteína plasmática-A associada à gestação (PAPP-A) também pode ajudar a identificar cromossomopatias, como a trissomia 21 (síndrome de Down).
Além de revelar anomalias na gravidez, o exame de hCG é utilizado no estudo de alguns tipos de tumor. Altos níveis desse hormônio sugerem a formação de tumores de células germinativas, que podem se desenvolver nos testículos, ovários ou região retroperitoneal.
Tratamento de hipogonadismo masculino
Dentre as causas de infertilidade masculina, está o hipogonadismo hipogonadotrófico, que consiste em uma deficiência dos hormônios hipofisários (FSH e LH), os quais estimulam a produção de testosterona e dos espermatozoides.
Assim, o uso de medicações formuladas com hCG melhoram a secreção de androgênios, sendo, portanto, indicadas no tratamento de homens com deficiência hormonal.
Uso de hCG na reprodução assistida
O hCG também tem sua importância nos tratamentos de reprodução assistida, sendo utilizado na técnica de estimulação ovariana com indução da ovulação. O objetivo dessa técnica é desenvolver vários folículos ovarianos para obter um bom número de óvulos maduros.
A estimulação ovariana é indicada para pacientes com problemas de ovulação, além de representar o primeiro passo dos diferentes tipos de tratamentos de reprodução assistida — relação sexual programada (RSP), inseminação artificial (IA) e fertilização in vitro (FIV).
O uso do hCG promove o amadurecimento final dos folículos ovarianos, depois que estes cresceram sob o estímulo de outras medicações hormonais. Posteriormente, na RSP e na IA, a ovulação ocorre e o óvulo é fecundado na tuba uterina, como na gravidez natural.
Já na FIV, os folículos são aspirados antes da ovulação e os óvulos são separados em laboratório para a fertilização extrauterina. Em alguns protocolos de indução, principalmente em baixas respondedoras, o hCG em baixas doses pode melhorar o prognóstico.
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