Será que a relação entre útero retrovertido e gravidez permite um resultado positivo? As mulheres que desejam engravidar, e descobriram que têm essa condição anatômica, podem ter dúvidas, as quais vamos esclarecer neste post.
Primeiramente, vamos retomar algumas informações básicas sobre o sistema reprodutor feminino:
- é dividido em trato genital inferior e superior;
- os órgãos da parte inferior são a cérvice ou colo do útero, a vagina e a vulva;
- o trato reprodutivo superior é formado pelo útero, que é ligado às tubas uterinas e se comunica com os ovários.
Cada um desses órgãos tem função específica para promover a gravidez espontânea. Os ovários desenvolvem e liberam o óvulo, que é captado pela tuba uterina. Também é na tuba que a fecundação acontece e o embrião começa o seu desenvolvimento. Entre 5 e 7 dias após a fertilização, o embrião pode se implantar na camada interna do útero.
Em suas características anatômicas normais, o útero mede entre 6 e 10 cm de altura (dependendo da idade e do número de gestações), sendo mais largo na parte de cima e estreito na porção inferior, que se fecha no colo uterino. Assim, apresenta formato semelhante ao de uma pera em posição invertida. Na gravidez, esse órgão pode aumentar em muitas vezes seu tamanho para acomodar o feto em crescimento.
Na região pélvica, o útero está normalmente curvado sobre a bexiga. Podemos dizer que, durante a idade fértil da mulher, o útero comumente se mantém em posições de anteflexão e anteversão (flexão e inclinação para frente) em relação ao colo do útero e à vagina.
A partir dessas colocações iniciais, vamos abordar se é possível ter uma gravidez com útero retrovertido. Continue a ler este post para descobrir!
O que é útero retrovertido?
O útero, em sua posição normal na pelve, é projetado para frente. A diferença do útero retrovertido é que ele se apresenta voltado para trás. Isso significa que, em vez de flexionado e inclinado na direção dos órgãos frontais, o órgão se projeta no sentido do reto e da coluna vertebral.
O útero retrovertido pode ser uma condição congênita, isto é, a mulher já nasce com o órgão nessa posição. Por outro lado, é possível que a alteração na anatomia uterina seja adquirida ao longo da vida, em consequência de doenças e ocorrências obstétricas, como parto, miomas que crescem de modo anormal, afrouxamento dos ligamentos que sustentam o útero, entre outras.
Gravidez com útero retrovertido: é possível?
Muitas pessoas têm essa dúvida, mas, felizmente, a resposta é: sim, é possível engravidar com útero retrovertido. Essa condição não reduz a fertilidade, nem prejudica a evolução da gravidez, uma vez que o espaço da cavidade uterina é o mesmo, sendo esse aspecto necessário para o crescimento fetal.
O útero retrovertido é uma variação anatômica diferente das malformações uterinas: não altera a comunicação da cavidade com as tubas uterinas, não afeta a implantação embrionária, não impõe risco de abortamento e não coloca a saúde materna em risco. Portanto, uma condição segura para a gravidez.
Entretanto, é oportuno dizer que, apesar de não ser uma condição direta de infertilidade, o útero retrovertido é mencionado por alguns especialistas como um fator anatômico que aumenta o risco para a endometriose — uma das causas mais evidentes de infertilidade feminina.
Quais malformações uterinas causam infertilidade?
As malformações uterinas que podem dificultar a gravidez são as chamadas anomalias müllerianas. São defeitos congênitos no órgão que, diferentemente do útero retrovertido, reduzem o espaço da cavidade uterina, prejudicando o desenvolvimento do feto.
As alterações uterinas normalmente são assintomáticas, de forma que a mulher vem a tomar conhecimento de sua condição quando não consegue engravidar ou passa por abortamento espontâneo.
Exemplos de malformações uterinas são: útero septado, útero unicorno, útero didelfo e útero bicorno. Essas condições não impedem exatamente a fecundação e a implantação embrionária, mas impõem riscos obstétricos, como aborto, restrição do crescimento fetal, parto prematuro e dificuldades no parto.
Como tratar os problemas uterinos para engravidar?
A investigação de doenças e malformações no útero é feita com exames de imagem, incluindo ultrassonografia pélvica, histerossalpingografia e histeroscopia.
Algumas alterações diagnosticadas eventualmente podem ser corrigidas com cirurgia, permitindo a restauração anatômica e funcional do útero. Contudo, em muitos casos, também é necessário contar com a ajuda da reprodução assistida para engravidar.
A técnica mais indicada para superar problemas uterinos é a fertilização in vitro (FIV). Apesar de ter altas taxas de sucesso, a confirmação da gravidez depende de fatores como qualidade embrionária e receptividade uterina, portanto, é preciso que o órgão esteja em boas condições para receber o embrião.
Nas situações mais graves, quando a gestação impõe riscos à saúde da mãe ou da criança, existe ainda a possibilidade de fazer a FIV com um útero de substituição (barriga de aluguel) — reforçando que essa alternativa não se aplica aos casos de útero retrovertido, pois não se trata de uma malformação e não prejudica a gravidez.
Confira, agora, nosso texto sobre fertilização in vitro e entenda como a técnica é realizada!