A doação de óvulos faz parte dos tratamentos de reprodução assistida, sendo uma alternativa para casos específicos. Antes de detalharmos as técnicas envolvidas, no entanto, é importante voltar aos conceitos básicos do processo reprodutivo.
Os óvulos são os gametas femininos, assim como os espermatozoides são os gametas masculinos. É preciso que essas duas células sexuais se encontrem e seus núcleos passem por fusão para formar um embrião.
A mulher nasce com todos os óvulos que precisará durante a vida, armazenados nos ovários — o que reflete o conceito de reserva ovariana. A partir do primeiro ciclo menstrual, todo mês, vários folículos que guardam os óvulos são estimulados por hormônios e começam a se desenvolver. Um deles alcança o estágio de ovulação, e os demais não são reaproveitados em ciclos seguintes.
Assim, ocorre uma redução progressiva da reserva ovariana. Após os 35 anos, a quantidade de folículos e a qualidade dos óvulos disponíveis já começa a diminuir, determinando as chances reduzidas de gravidez espontânea. Além do avanço da idade, algumas doenças podem impactar o número ou a qualidade dos óvulos durante a vida da mulher.
Leia mais e entenda quando a doação de óvulos é indicada e como é realizada!
O que é doação de óvulos?
A doação de óvulos ou ovodoação é uma técnica empregada nos tratamentos de reprodução assistida quando a mulher não pode engravidar utilizando seus próprios gametas. Trata-se de receber os embriões resultantes de fertilização in vitro (FIV), feita com os espermatozoides do casal e os óvulos de uma doadora anônima.
Engravidar com doação de óvulos tem se tornado uma realidade para muitas mulheres que optam pela gestação tardia. Após os 40 anos, a reserva pode estar muito diminuída, de modo que nem sempre é possível coletar o número suficiente de óvulos, mesmo com os protocolos individualizados de estimulação ovariana.
Além da diminuição natural da reserva ovariana relacionada à idade, algumas doenças, alterações genéticas e condições médicas, como tratamento de câncer e cirurgia nos ovários, podem levar a um quadro de menopausa precoce. Nessa situação, os óvulos se esgotam ainda antes dos 40 anos.
Não somente a quantidade, mas também a qualidade dos óvulos é importante para formar embriões saudáveis. A baixa qualidade oocitária é uma das causas de infertilidade, aborto espontâneo e formação de crianças com síndromes cromossômicas.
Sendo assim, casos de menopausa precoce, abortamento de repetição, falhas recorrentes de implantação na FIV e alto risco de formar embriões com anomalias genéticas também devem ser cuidadosamente avaliados, tendo em vista a possível necessidade de doação de óvulos.
Outra situação em que a ovodoação é necessária é na reprodução de casais homoafetivos masculinos. Além de óvulos, esses casais precisam de um cessão temporária de útero para gerar a criança.
Em que contexto a doação de óvulos é indicada?
A doação de óvulos é indicada nos tratamentos de reprodução assistida, precisamente na fertilização in vitro. Essa área da medicina é procurada por casais que lidam com algum fator de infertilidade e precisam de ajuda para engravidar.
A reprodução assistida atua com técnicas de baixa complexidade (relação sexual programada e inseminação artificial) e alta complexidade (FIV). A indicação é feita a partir de uma avaliação completa do casal, que identifique todos os problemas que estão dificultando a gravidez espontânea. Assim, é possível personalizar o tratamento e aumentar as chances de um resultado positivo.
As técnicas de baixa complexidade são indicadas para as condições mais simples, como os distúrbios de ovulação. São opções para mulheres com menos de 35 anos, boa reserva ovariana e sem obstrução tubária.
A FIV é indicada para diversos casos, os quais dependem de uma intervenção mais complexa, incluindo idade materna avançada e baixa reserva ovariana. A doação de óvulos, portanto, é uma das técnicas que podem complementar a FIV, se o casal precisar.
Outra questão a pontuar é que, na relação sexual programada e na inseminação artificial, a mulher ovula e o óvulo é fecundado na tuba uterina, assim como no processo natural. Já na FIV, os óvulos são coletados antes da ovulação e fertilizados em laboratório.
Nesse contexto, fica mais fácil compreender que a doação de óvulos é realizada somente na FIV, visto que não é possível colocar essas células nos ovários da receptora para que sejam naturalmente ovulados. Os embriões gerados em laboratório com os óvulos da doadora e os espermatozoides do casal é que são transferidos para o útero.
Como a doação de óvulos é feita?
De acordo com as normas do CFM, a doação de óvulos pode ser realizada de duas formas: voluntária ou compartilhada. A ovodoação voluntária é aquela em que a doadora se dispõe a entregar seu material biológico como um gesto altruísta, sem nenhuma forma de compensação.
A doação compartilhada é bem mais frequente e consiste em uma troca entre a doadora e a receptora. Nessa situação, ambas as mulheres buscam os serviços de reprodução assistida por motivos diferentes de infertilidade e podem compartilhar tanto dos óvulos quanto dos custos com o tratamento.
Em resumo, a FIV com doação de óvulos compartilhada é feita da seguinte maneira: a doadora passa pela estimulação ovariana; os óvulos coletados são divididos para os tratamentos das duas mulheres; os espermatozoides dos respectivos parceiros das pacientes são coletados e preparados; é feita a fertilização dos óvulos, separadamente; após o período de cultivo, os embriões são transferidos para o ambiente uterino.
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