Mulheres que precisam realizar uma histerectomia passam, inevitavelmente, a um estado definitivo de infertilidade. Em muitos casos, a indicação para essa cirurgia é feita após uma idade em que a mulher já tem prole constituída. Entretanto, algumas pacientes indicadas ao procedimento ainda gostariam de ter filhos.
A histerectomia é a cirurgia para remoção do útero. Pode ser feita de duas formas: parcial, com retirada apenas da parte superior do útero; total, com remoção de todo o órgão, incluindo o colo uterino.
Dependendo do caso e da extensão dos danos, também pode ser necessário retirar as tubas uterinas e até os ovários. Entre as indicações para histerectomia, estão:
- alterações pré-malignas ou malignas, como câncer de colo do útero, de endométrio (parte interna do útero) ou de ovários;
- infecções graves;
- alguns tipos de mioma;
- endometriose severa;
- prolapso uterino;
- hemorragias uterinas de causa desconhecida.
Atualmente, com o aprimoramento das técnicas cirúrgicas, a histerectomia pode ser feita por videolaparoscopia, procedimento minimamente invasivo, com baixo risco de complicações e que possibilita o rápido restabelecimento da paciente.
Quais aspectos estão envolvidos na fertilidade?
O casal, para conseguir ter filhos pelo processo natural, precisa ter boas condições reprodutivas. A fertilidade depende de muitos aspectos que, de modo geral, incluem:
- níveis equilibrados dos hormônios que regulam o trato reprodutivo;
- órgãos reprodutores em condições anatômicas normais;
- ausência de infecções;
- ausência de doenças estruturais adquiridas e malformações congênitas.
Ainda, outros fatores mais simples influenciam nas chances de gravidez, como praticar relações sexuais durante o período fértil. Durante um mês quase inteiro, a fase de alta fertilidade do casal abrange cerca de 5 dias apenas, são os dias em torno da ovulação.
A adoção de um estilo de vida saudável também é uma forma de melhorar as funções reprodutivas sem intervenção médica, nas situações mais simples. Isso porque alguns fatores — obesidade, estresse, doenças crônicas não controladas, como o diabetes, e até exercícios físicos excessivos — podem alterar a produção dos hormônios que estimulam as funções gonadais (ovarianas e testiculares).
O acompanhamento médico é recomendado quando o casal (cuja idade da mulher é inferior ou igual a 35anos) tenta a gravidez por, pelo menos, 1 ano sem chegar a resultados positivos. Casos em que a parceira apresenta mais de 35 anos, o prazo é menor porque há uma diminuição da qualidade e quantidade de óvulos). A realização de exames femininos e masculinos pode revelar as causas da infertilidade, fornecendo um prognóstico reprodutivo e direcionando o tratamento mais apropriado para cada caso.
Por que a histerectomia torna a mulher infértil?
Antes de explicar a relação entre histerectomia e infertilidade, vamos recordar, de modo breve, as funções dos órgãos femininos no processo de reprodução. O trato reprodutivo superior é formado por 3 órgãos fundamentais:
- os ovários desenvolvem os óvulos e secretam os hormônios estrogênio e progesterona, que agem na preparação uterina;
- o útero altera suas características, ciclo após ciclo, para ficar em condições de receber um embrião, tendo ainda a função de proteger e sustentar o feto ao longo da gravidez;
- a tuba uterina capta o óvulo liberado pelo ovário, leva essa célula para o local da fecundação e transporta o embrião para a cavidade uterina.
Como a histerectomia é a cirurgia de remoção do útero, a relação com a infertilidade é clara: sem esse órgão, não é possível engravidar. Na verdade, a mulher fica estéril, o que é diferente de ser infértil.
A infertilidade é a dificuldade de iniciar uma gravidez ou levá-la até o final devido a condições que podem ser, muitas vezes, tratadas. Portanto, ainda pode ser possível restaurar a capacidade reprodutiva, nesse caso. Já a esterilidade é irreversível, significa que não há mais chances de ter filhos de forma natural.
Histerectomia e reprodução assistida: qual a relação?
Mulheres que passaram por uma histerectomia ainda encontram a possibilidade de ter filhos biológicos com os tratamentos de reprodução assistida. Isso é feito com a fertilização in vitro (FIV), complementada por uma técnica de grande importância: a cessão temporária de útero, também chamada de útero de substituição.
A FIV é a técnica de desenvolvimento mais complexo da reprodução assistida, que envolve uma sequência de procedimentos laboratoriais para controlar o processo reprodutivo. As etapas principais do tratamento incluem:
- estimulação ovariana;
- coleta dos óvulos;
- preparo seminal;
- fecundação;
- cultivo dos embriões;
- transferência para o útero.
Entre as indicações para FIV, estão:
- idade materna avançada;
- baixa reserva ovariana;
- problemas uterinos ou tubários;
- endometriose severa;
- infertilidade masculina por fatores moderados ou graves;
- risco de alterações genéticas nos embriões;
- gravidez entre casais homoafetivos;
- infertilidade sem causa aparente prolongada (acima de 3 anos).
Em algumas situações, é preciso incorporar outras técnicas ao programa de FIV, uma delas é a barriga de aluguel — esse termo é usado popularmente, mas vale esclarecer que essa técnica, por lei, não pode envolver interesses financeiros ou comerciais, de forma que o termo mais apropriado seria “barriga solidária”.
Mulheres com infertilidade após histerectomia podem realizar o sonho de ter um filho com sua herança genética, contando com um útero se substituição. Para isso, os óvulos da paciente são coletados, fertilizados com espermatozoides de seu parceiro e transferidos para uma barriga de aluguel, respeitando a norma de ser alguém que tenha parentesco com um dos progenitores.
Em nosso texto sobre infertilidade feminina, constam mais informações sobre as condições que podem deixar a mulher infértil. Visite e saiba mais!