O congelamento de gametas e embriões é uma possibilidade para casais que buscam os serviços de reprodução assistida por diferentes condições. Os avanços nessa área aprimoraram as técnicas de criopreservação e, hoje, os materiais biológicos podem ser mantidos, por anos, em baixíssimas temperaturas sem perder a vitalidade ou a qualidade celular.
Congelar embriões é possível somente como uma etapa dos tratamentos de fertilização in vitro (FIV). Isso porque eles são gerados em laboratório, após coleta dos óvulos e espermatozoides, e têm seu desenvolvimento monitorado durante os primeiros dias. Depois disso, podem ser transferidos para o útero ou congelados.
No processo natural de concepção, o embrião é formado a partir da fecundação que ocorre em uma das tubas uterinas. Os espermatozoides entram no corpo da mulher quando o homem ejacula e migram para o local da fertilização, na ampola tubária. Se a relação sexual acontecer no período fértil, que abrange os dias próximos à ovulação, existem chances de o óvulo ser fertilizado.
Na FIV, essas etapas iniciais do processo reprodutivo são medicamente assistidas — desde a estimulação dos ovários para desenvolver óvulos, passando pela fertilização em laboratório e prosseguindo até a etapa de transferência ou congelamento dos embriões.
A questão que trouxemos neste post é: por quanto tempo os embriões podem ser mantidos em criopreservação? Leia o post inteiro e descubra!
O que é embrião?
O embrião resulta da união entre uma célula reprodutiva do homem e uma da mulher, respectivamente, espermatozoide e óvulo. Cada célula traz seu código genético. Quando os núcleos desses gametas se unem, ocorre a mistura cromossômica, formando a primeira célula de um novo organismo, com DNA único.
Essa primeira célula é chamada zigoto, um organismo que ainda é unicelular. O embrião é a fase inicial do desenvolvimento de um organismo pluricelular. Durante os dias subsequentes à fertilização, ocorre a fase de clivagem, marcada por repetidas divisões celulares.
Entre 5 e 7 dias depois de ser fecundado, o óvulo alcança o estágio de blastocisto. Nesse momento, o embrião tem centenas de células totipotentes, as quais poderão se transformar em qualquer tipo celular para formar todas as estruturas do corpo humano.
O processo de formação do embrião é extremamente complexo e delicado, qualquer interrupção durante o desenvolvimento embrionário pode impedir a implantação no útero ou resultar em abortamento espontâneo ou anomalia congênita.
Por que congelar embriões?
Existem várias indicações para o congelamento de embriões ou óvulos. Uma das principais é a preservação da fertilidade. Inicialmente, essa possibilidade era apresentada a pessoas que precisavam realizar tratamentos quimioterápicos, os quais podem ter repercussão negativa no sistema reprodutor. Assim, antes de iniciar a quimioterapia, tanto a mulher quanto o homem têm a opção de congelar seus gametas ou embriões para uso futuro.
A preservação da fertilidade por razões médicas também é uma alternativa para mulheres que vão realizar cirurgias ovarianas, como a retirada de endometrioma — cistos causados por implantes de endometriose.
Há, ainda, o congelamento eletivo de óvulos e embriões indicado para mulheres que querem adiar a maternidade para depois dos 35 anos, por motivos pessoais. A esse procedimento damos o nome de preservação social da fertilidade.
Outras indicações para o congelamento de embriões ou óvulos são feitas quando:
- a mulher apresenta baixa reserva ovariana ou risco de falência ovariana prematura (FOP);
- há embriões viáveis excedentes em um ciclo de FIV;
- os embriões atingem o estágio de blastocisto depois de 6 ou 7 dias, e são congelados para transferência em ciclo posterior;
- a paciente apresenta síndrome do hiperestímulo ovariano (SHO), alterações dos níveis de progesterona ou problemas endometriais, como baixa receptividade ou endométrio fino, e precisa de mais tempo para preparação uterina.
Como é possível congelar gametas e embriões?
Essa possibilidade representa um dos avanços pelos quais a medicina reprodutiva passou nas últimas décadas. Atualmente, são utilizadas técnicas eficazes de criopreservação, principalmente a vitrificação, que preservam a qualidade das células, independentemente do tempo de congelamento.
Os embriões são preparados e colocados em meio de cultura com substâncias crioprotetoras, que evitam danos durante o congelamento. Na vitrificação, esse processo é ultrarrápido. Logo em seguida, eles são mergulhados em tanques de nitrogênio líquido com temperatura de -196°C.
Quando houver necessidade de utilizar os embriões, o processo de descongelamento é realizado de maneira gradual, preservando a integridade das células embrionárias.
Por quanto tempo os embriões podem ficar congelados?
Os embriões podem ficar congelados por tempo indeterminado. Não existem limites legais quanto a isso, mas os regulamentos específicos podem variar de acordo com o país ou instituição.
De modo geral, manter gametas e embriões em criopreservação é seguro por 5, 10 anos ou mais. Entretanto, não sabemos qual seria um prazo máximo para garantir a qualidade dessas células.
O caso considerado recorde para a ciência, até o momento, é o dos gêmeos que nasceram nos Estados Unidos, em 2022, a partir de embriões congelados por 30 anos.
Pelos resultados que temos até agora, vemos que a criopreservação de gametas e embriões é uma alternativa segura e que pode ajudar pessoas em diferentes condições, que querem ou precisam adiar o sonho de maternidade/paternidade.
Leia também o texto sobre criopreservação e veja mais detalhes do procedimento!