O conceito de infertilidade conjugal está relacionado à incapacidade de um casal engravidar e/ou levar uma gestação a termo, após um ano de tentativas de gravidez, o que consiste na prática regular de relações sexuais sem métodos contraceptivos.
Quando um casal enfrenta dificuldades para engravidar, isso pode envolver diversos fatores, tanto femininos quanto masculinos, e muitas vezes é o resultado da interação entre ambos — por isso, chamamos de infertilidade conjugal.
De modo geral, a infertilidade é uma condição complexa. O casal pode ser infértil quando apresenta fatores isolados ou combinados, mas é possível que a mulher seja fértil com outro parceiro e que o homem seja fértil com outra mulher.
É sempre necessário que ambos sejam detalhadamente investigados. Com base nos resultados da investigação diagnóstica, conseguimos identificar quais são as condições que estão impedindo o casal de engravidar e propor um tratamento personalizado para lidar com essa situação desafiadora.
Leia o artigo até o final e entenda como é a investigação da infertilidade conjugal!
Infertilidade por fatores femininos
A infertilidade feminina, que representa metade das causas diagnosticáveis, inclui, em sua maioria, causas estruturais e hormonais. As anormalidades estruturais podem ser adquiridas ou congênitas e podem modificar a anatomia dos órgãos reprodutores, interferindo em suas funções. Os distúrbios hormonais são comuns e influenciam diretamente a ovulação e o preparo uterino.
Também podemos dividir as causas de infertilidade feminina com base nos órgãos afetados, assim temos fatores ovarianos/ovulatórios, tubários e uterinos.
Em resumo, veja quantas doenças potencialmente causadoras de infertilidade podem ser diagnosticadas na mulher:
- síndrome dos ovários policísticos (SOP);
- falência ovariana prematura ou menopausa precoce, decorrente de alterações genéticas ou tratamentos médicos — por exemplo, quimioterapia e cirurgia ovariana;
- hipotireoidismo;
- hipogonadismo;
- disfunções do hipotálamo e/ou hipófise;
- obesidade;
- uso de certos medicamentos ou anabolizantes;
- disfunção da suprarrenal;
- endometriose;
- obstrução das tubas uterinas, decorrente de endometriose ou doença inflamatória pélvica (DIP);
- adenomiose;
- mioma uterino;
- pólipo endometrial;
- síndrome de Asherman (sinequias uterinas);
- infecções genitais, principalmente a clamídia, que pode causar endometrite (inflamação do endométrio uterino) e hidrossalpinge (complicação da inflamação na tuba uterina);
- anomalias uterinas congênitas, como o útero septado;
- estilo de vida.
Além de todas essas condições, um dos fatores mais preocupantes associados à infertilidade feminina na sociedade moderna é a idade da mulher. Após os 35 anos, sobretudo em torno dos 40, as chances de gravidez são cada vez mais baixas.
Quanto mais a idade materna avança, menor é o número de óvulos guardados nos ovários. A qualidade dessas células também diminui, aumentando os riscos de falhas de ovulação, falhas de implantação do embrião no útero e abortamento espontâneo.
Infertilidade por fatores masculinos
A infertilidade masculina, que corresponde à metade das causas diagnosticáveis do casal, é principalmente caracterizada por alterações seminais/espermáticas, mas também há disfunções sexuais e ejaculatórias que dificultam a concepção natural do casal.
As alterações espermáticas são reveladas somente por um espermograma. O exame pode indicar alto índice de espermatozoides com falhas na motilidade (astenozoospermia) ou na morfologia (teratozoospermia), baixa concentração de espermatozoides no ejaculado (oligozoospermia) ou ausência de espermatozoides no fluído ejaculado (azoospermia).
Por trás dessas anormalidades, existem diversas causas, incluindo:
- varicocele;
- inflamações genitais — uretrite, prostatite, epididimite e orquite —, sobretudo decorrentes de infecções sexualmente transmissíveis (ISTs);
- disfunções hormonais que afetam tanto a produção de espermatozoides quanto a função sexual, como deficiência de testosterona;
- alterações genéticas;
- problemas anatômicos, como criptorquidia e torção testicular;
- fatores iatrogênicos, ou seja, resultantes de intervenções médicas, como tratamentos para câncer e cirurgias pélvicas;
- uso de certos medicamentos ou anabolizantes.
Além disso, há vários fatores de risco para a infertilidade masculina e feminina, como os hábitos de vida pouco saudáveis (tabagismo, consumo excessivo de álcool e outras substâncias químicas), obesidade, estresse, exposição a toxinas ambientais e até a prática exagerada de exercícios físicos.
Investigação da infertilidade conjugal
A investigação da infertilidade conjugal começa com a avaliação clínica do casal. Na consulta inicial, o médico pode coletar informações básicas, como:
- tempo de tentativas de gravidez;
- se eles já têm filhos;
- frequência das relações sexuais;
- padrão menstrual da mulher;
- histórico médico de ambos;
- diagnóstico de síndromes genéticas na família;
- histórico de infecções genitais;
- uso de drogas, medicamentos ou anabolizantes.
Depois dessa investigação inicial, a mulher e o homem precisam passar por exame físico e técnicas diagnósticas complementares, laboratoriais e de imagem.
No exame físico, é possível verificar alterações femininas, como: nódulos e massas pélvicas, secreção cervicovaginal, dor e sangramento à mobilização do colo uterino, entre outros sintomas de doenças ginecológicas. No homem, é avaliado o volume e a simetria dos testículos, presença de dor e inchaço escrotal, secreção uretral e outras possíveis anormalidades.
Os exames laboratoriais podem incluir hemograma completo, urocultura, sorologias para as infecções mais comuns e várias dosagens hormonais. Exames genéticos, como o teste do cariótipo, também são frequentemente indicados para investigar se o casal infértil tem anormalidades cromossômicas.
Os exames exclusivos para investigação da infertilidade feminina são:
- avaliação da reserva ovariana;
- ultrassonografia pélvica transvaginal;
- histerossalpingografia;
- histeroscopia.
Para a avaliação da fertilidade masculina, o exame principal é o espermograma, que permite a análise dos aspectos físicos e microscópicos do sêmen. Caso seja revelada alguma alteração, outros exames podem ser indicados, como a ultrassonografia da bolsa testicular, avaliação hormonal e os testes de função espermática.
Após a investigação detalhada da infertilidade conjugal, o casal pode receber indicação para o tratamento das condições subjacentes e/ou para as técnicas de reprodução assistida, que incluem: relação sexual programada, inseminação artificial e fertilização in vitro (FIV), entre outras técnicas complementares, que são definidas a partir de avaliação personalizada.
Aproveite para ler nosso texto sobre infertilidade masculina e conheça mais fatores envolvidos!