A gestação gemelar é aquela em que dois ou mais embriões são gerados e se desenvolvem ao mesmo tempo no útero materno. O principal fator para que isso ocorra em concepções naturais é a influência genética.
Basicamente, há dois tipos de gestação gemelar:
- dois óvulos são liberados na ovulação e fertilizados por dois espermatozoides, gerando gêmeos bivitelinos ou dizigóticos;
- um único óvulo é fecundado e se divide em dois, formando gêmeos univitelinos ou monozigóticos.
Ter dois filhos ao mesmo tempo pode ser um amor em dobro, porém também é mais desafiador — tanto pela gravidez em si, quanto pelos cuidados com as crianças. Para começar, a gestação gemelar exige um esforço adicional do corpo materno e está associada a risco aumentado para várias intercorrências obstétricas.
Na reprodução espontânea (sem ajuda médica), a probabilidade é de, aproximadamente, uma gravidez gemelar em cada 80 gestações. Em geral, as pessoas associam a reprodução assistida a riscos maiores de gerar dois ou mais bebês de uma vez, e isso tem fundamento. Quando dois embriões são colocados no útero, as chances de uma gestação múltipla sobem para 10% aproximadamente.
Neste artigo, vamos esclarecer a relação entre gestação gemelar e reprodução assistida, mostrando também o que tem sido feito nos tratamentos atuais para evitar que isso aconteça. Prossiga com a leitura e compreenda!
Por que a reprodução assistida aumenta as chances de gestação gemelar?
A reprodução assistida é a área médica que atua com tratamentos para auxiliar no processo conceptivo de pessoas inférteis. Existem inúmeros fatores de infertilidade feminina e masculina. Portanto, o casal precisa realizar vários exames para constatar suas causas de infecundidade e, com base nos resultados da investigação, define-se a técnica mais apropriada, que pode ser de baixa ou alta complexidade.
Veja agora quais são esses tratamentos de reprodução assistida e entenda como eles podem aumentar as chances de gestação gemelar!
Tratamentos de baixa complexidade
A relação sexual programada e a inseminação artificial são classificadas como técnicas de baixa complexidade da reprodução assistida. Ambas requerem poucas intervenções médicas e a fecundação do óvulo acontece in vivo, ou seja, no corpo da mulher — precisamente, nas tubas uterinas, assim como na gravidez natural.
As chances de gestação gemelar podem ser maiores nesses casos porque, geralmente, a mulher passa por estimulação ovariana. Tal procedimento envolve o uso de medicações hormonais que aumentam a função dos ovários, levando ao desenvolvimento de mais de um folículo (unidade que guarda o óvulo).
No processo de ovulação natural, a mulher normalmente desenvolve somente um folículo até o estágio ideal de maturação. Na reprodução assistida, o objetivo é que mais folículos cresçam para aumentar as chances de ter um óvulo maduro. Contudo, não há um controle exato de quantos óvulos serão liberados, o que aumenta o risco de que dois sejam ovulados e fertilizados.
Tratamento de alta complexidade
A técnica de alta complexidade da reprodução assistida é a fertilização in vitro (FIV). É realizada em várias etapas, tendo como objetivo principal a fecundação dos óvulos em laboratório e posterior transferência dos embriões para o útero materno.
Na FIV, temos o intuito de promover o desenvolvimento de múltiplos folículos ovarianos — quanto maior o número de óvulos obtidos, maiores as chances de sucesso no tratamento. Sendo assim, o protocolo de estimulação ovariana é mais intenso que na baixa complexidade. No entanto, há um controle maior sobre o processo reprodutivo, pois podemos limitar o número de embriões transferidos para o útero.
A quantidade de embriões a transferir é definida pelo casal, sob orientação do médico especialista. São considerados fatores como: idade da mulher, número de embriões gerados, potencial de implantação dos embriões, entre outros aspectos.
Segundo a resolução do Conselho Federal de Medicina (CFM), o número máximo permitido é de: 2 embriões, para mulheres com até 37 anos; 3 embriões, para mulheres com mais de 37 anos. Se forem transferidos 2 para aumentar as chances de implantação embrionária e gravidez, também aumenta o risco de gestação gemelar.
Como evitar a gestação gemelar na reprodução assistida?
Uma gravidez múltipla (gemelar, trigemelar etc.) é considerada de risco, pois é mais suscetível a complicações como: hipertensão arterial, diabetes gestacional, descolamento prematuro da placenta, parto prematuro, neonato com baixo peso e até óbito de um dos fetos.
Nos tratamentos atuais de reprodução assistida, a gestação gemelar pode ser diminuída significativamente com algumas precauções, como a transferência de um único embrião na FIV. Em um processo altamente controlado, é possível monitorar os embriões e transferir para o útero materno um que apresente bom desenvolvimento e potencial de implantação, enquanto os demais podem ser congelados para futuras tentativas de gravidez.
Técnicas complementares também são úteis para a transferência de um único embrião na FIV. Nesse sentido, os casais podem melhorar suas chances de implantar um embrião saudável com a realização do teste genético pré-implantacional (PGT), que rastreia anormalidades cromossômicas a partir de biópsia embrionária.
Nos tratamentos de baixa complexidade da reprodução assistida, também é possível reduzir as chances de gestação gemelar ao adotar protocolos mais brandos de estimulação ovariana, evitando assim que vários óvulos sejam liberados no mesmo ciclo reprodutivo.
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