Há uma relação direta entre estrogênio e endometriose que precisamos abordar. Mulheres que sofrem com essa doença — ou convivem com os sintomas, ainda sem terem sido diagnosticadas — precisam se informar melhor sobre o assunto. A informação é o primeiro passo para buscar um tratamento efetivo.
A endometriose é uma doença crônica e estrogênio-dependente que se apresenta com processos inflamatórios e, geralmente, com sintomas dolorosos que reduzem a qualidade de vida da mulher. Além da dor — que pode ser incapacitante, em alguns casos — essa doença pode causar infertilidade feminina.
Abordaremos, neste post, a relação entre estrogênio e endometriose, além de mencionar os impactos na fertilidade e as opções de tratamento. Preste atenção!
O que é estrogênio e quais são suas funções?
Estrogênio é o nome dado a um grupo de hormônios esteroides sexuais que atuam no sistema reprodutor feminino e em outras funções do corpo da mulher. Os estrogênios ou estrógenos naturais são:
- estradiol (o principal estrógeno);
- estrona;
- estriol.
A maior parte da produção de estrogênio ocorre nos ovários, durante a vida reprodutiva da mulher. Em pequenas quantidades, o hormônio também é produzido nas glândulas suprarrenais ou adrenais, tecido gorduroso e, no caso dos homens, nos testículos. Além disso, durante a gravidez, a placenta se encarrega de secretar estrogênio e progesterona, outro hormônio fundamental para as funções reprodutivas femininas.
Nos ovários, o estrogênio tem sua síntese regulada pelas gonadotrofinas, que são os hormônios folículo-estimulante (FSH) e luteinizante (LH), liberados pelo eixo hipotálamo-hipófise. Essas substâncias hipofisárias estimulam os ovários a desenvolverem folículos ovarianos para a ovulação.
Durante o crescimento dos folículos ovarianos, essas pequenas estruturas produzem estrogênio para modificar as características do tecido intrauterino (endométrio), preparando o útero para uma possível gravidez.
No ciclo reprodutivo, a grande função do estrogênio é ativar a proliferação das células endometriais para deixar esse tecido mais espesso e adequado para a implantação de um embrião.
Outras funções estrogênicas são:
- regulação dos ciclos menstruais, alternando sua ação com os hormônios progesterona, FSH e LH;
- desenvolvimento e manutenção das características sexuais secundárias femininas, como crescimento das mamas, do quadril e de pelos pubianos;
- lubrificação íntima;
- produção do muco cervical;
- distribuição da gordura corporal;
- reabsorção de sódio pelo organismo;
- manutenção da saúde óssea;
- síntese de várias proteínas.
Qual é a relação entre estrogênio e endometriose?
Como vimos, a principal função do estrogênio no ciclo reprodutivo é a multiplicação das células do endométrio. Na endometriose, ocorre o crescimento de tecido endometrial ectópico, isto é, fora de seu local habitual, que é dentro do útero.
O tecido endometriótico pode ser encontrado em outras partes da região pélvica, como peritônio, tubas uterinas, ovários, ligamentos que sustentam o útero e até em órgãos responsáveis por funções fisiológicas básicas, como o intestino e a bexiga.
Da mesma forma que as células do endométrio intrauterino são ativadas pelo estrogênio e crescem, o tecido endometrial ectópico responde à ação estrogênica, passando por alterações ao longo do ciclo menstrual. A presença desses implantes em locais onde o endométrio não deveria existir ativa respostas de defesa do organismo, gerando processos inflamatórios.
Assim, temos uma relação bem estabelecida entre estrogênio e endometriose, sendo essa considerada uma doença hormônio-dependente.
Por que a endometriose pode causar infertilidade?
Existem vários mecanismos fisiopatológicos envolvidos na relação entre endometriose e infertilidade. Veja:
- inflamação crônica — a doença provoca processos inflamatórios que tornam o ambiente pélvico desfavorável para os eventos da concepção, afetando a movimentação dos espermatozoides, o desenvolvimento folicular, a qualidade oocitária e a interação entre os gametas no momento da fecundação;
- presença de aderências pélvicas — a formação de tecido cicatricial pode distorcer ou obstruir as tubas uterinas, dificultando a captação do óvulo, o encontro entre os gametas e o transporte do embrião para o útero;
- modificações no processo de implantação embrionária — o aumento do estrogênio em relação à progesterona pode interferir no ambiente uterino, deixando o endométrio menos receptivo para um embrião se implantar.
Precisamos deixar claro que nem todas as mulheres com endometriose são inférteis. No entanto, essa é uma das principais causas de infertilidade feminina e requer investigação diagnóstica e tratamento adequado.
Como tratar a endometriose e restaurar a fertilidade?
O tratamento da endometriose pode incluir opções como medicamentos hormonais, cirurgia para remover o tecido endometriótico e técnicas de reprodução assistida para pacientes que desejam engravidar.
Cada caso deve ser avaliado de forma criteriosa, com um olhar individualizado, para personalizar o tratamento e aumentar as chances de restauração da qualidade de vida. Em caso de infertilidade, é importante contar com médicos especialistas em reprodução humana para adotar a abordagem mais adequada.
Na reprodução assistida, as alternativas para melhorar as chances de gravidez são:
- para casos mais leves, dependendo da idade da paciente, indução da ovulação associada a técnicas de baixa complexidade (relação sexual programada ou inseminação artificial);
- para condições mais graves, com danos ovarianos ou tubários, a melhor opção é a fertilização in vitro (FIV).
Com a leitura deste post, você compreendeu que existe uma relação clara entre estrogênio e endometriose. Felizmente, existem métodos efetivos de tratamento para superar os impactos da doença na fertilidade feminina.
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