A biópsia testicular é uma importante opção para os casais que não conseguem engravidar naturalmente devido a fatores graves de infertilidade masculina. Dentre tais fatores, destaca-se a azoospermia, condição caracterizada pela ausência de espermatozoides no fluído ejaculado.
Embora muitas pessoas ainda pensem que a mulher é a principal responsável pela infertilidade de um casal, muitos estudos na área da medicina reprodutiva já confirmaram que os fatores femininos e masculinos são proporcionais. Isso significa que o homem também pode ser infértil, e por várias causas.
O que ocorre é que ainda há desconhecimento dos casais e até um pouco de resistência, por parte dos homens, em passar pelos exames de avaliação da fertilidade e aceitar o resultado quando o fator masculino é identificado.
Sendo assim, é importante que os casais sejam conscientizados sobre as possibilidades de tratamento e os procedimentos complementares que já existem, incluindo a biópsia testicular.
Leia o post inteiro para conhecer essa técnica!
Quais são as causas da infertilidade masculina?
A infertilidade masculina pode ser causada por: problemas pré-testiculares, que afetam a produção dos hormônios reprodutivos; alterações nos próprios testículos, órgãos responsáveis pela produção dos espermatozoides; doenças e defeitos congênitos que prejudicam o trajeto dos gametas pelo trato genital.
Em situações brandas de infertilidade masculina, o homem pode apresentar alterações na qualidade dos espermatozoides relacionadas à concentração, morfologia e/ou motilidade. Em condições mais graves, os gametas não estão presentes ou são encontrados em quantidade insuficiente no sêmen.
As causas de alterações espermáticas e infertilidade masculina incluem:
- varicocele;
- obstruções decorrentes de processos inflamatórios/infecciosos, como epididimite e uretrite;
- disfunções endócrinas e alguns fatores do estilo de vida que levam a desequilíbrios hormonais, como a deficiência de testosterona;
- traumas e torção testicular;
- alterações genéticas, a exemplo da síndrome de Klinefelter;
- falhas congênitas, como a criptorquidia e a ausência dos vasos deferentes (como na fibrose cística) ou do ducto ejaculatório;
- tratamentos oncológicos (quimio e radioterapia);
- cirurgias pélvicas, incluindo vasectomia.
Algumas das causas listadas, associadas a problemas pré-testiculares ou testiculares, podem prejudicar a produção dos espermatozoides, levando a um quadro de azoospermia não obstrutiva.
A condição não obstrutiva é diferente e mais grave que a azoospermia obstrutiva, na qual os gametas são produzidos normalmente, mas ficam bloqueados no trajeto do trato reprodutivo e não conseguem se juntar aos outros fluídos que compõem o sêmen.
Varicocele, disfunções hormonais e alterações genéticas são exemplos de causas de azoospermia não obstrutiva. Nos casos em que o homem tem esse fator de infertilidade, a biópsia testicular pode ser indicada.
O que é biópsia testicular?
A biópsia testicular é uma das técnicas de recuperação espermática empregadas nos tratamentos de fertilização in vitro (FIV) com injeção intracitoplasmática de espermatozoide (ICSI).
TESA, TESE e Micro-TESE são os procedimentos que envolvem a biópsia testicular para coletar os espermatozoides diretamente do local onde eles são produzidos (túbulos seminíferos), nos casos de azoospermia não obstrutiva.
As outras técnicas de recuperação espermática são PESA e MESA, que podem ser indicadas para pacientes com azoospermia obstrutiva. Com esses procedimentos, é feita a punção de epidídimo para coletar gametas em processo de amadurecimento, que ficam armazenados nos ductos localizados atrás dos testículos.
Com a biópsia testicular, os túbulos seminíferos são inspecionados e fragmentos de tecido são retirados para análise e detecção de focos de espermatogênese ativa. Na Micro-TESE, isso é feito com mais precisão, devido ao uso de microscópio cirúrgico.
De que forma a biópsia testicular pode aumentar as chances de gravidez?
No processo natural de concepção, milhões de espermatozoides entram no corpo da mulher a partir da ejaculação do homem e migram para o trato reprodutivo superior feminino, onde ocorre a fecundação. Eles passam pelo colo do útero, sobem pelo corpo uterino e entram nas tubas. Dentro de uma das tubas uterinas, um óvulo poderá estar pronto para ser fecundado.
Vários espermatozoides se ligam ao óvulo, mas somente um consegue penetrar na zona pelúcida (membrana que o circunda) e fertilizá-lo. O processo de fertilização se cumpre quando os núcleos das células masculina e feminina se unem, resultando na mistura cromossômica e na formação do zigoto, a primeira célula do novo organismo.
A biópsia testicular pode aumentar as chances de gravidez porque permite coletar gametas em quantidade necessária, mesmo no caso de homens com azoospermia não obstrutiva. Na FIV com ICSI, não é preciso ter milhões de espermatozoides para tentar a fertilização, pois cada um deles é individualmente micromanipulado e injetado dentro de um óvulo.
Depois de fecundados em laboratório, os óvulos são monitorados em incubadora. O início do desenvolvimento embrionário é acompanhado diariamente e, depois de poucos dias, os embriões saudáveis são transferidos para o útero materno.
A biópsia testicular é uma dentre tantas ferramentas que auxiliam nos tratamentos de reprodução humana assistida, ampliando as possibilidades para os casais com infertilidade.
Aproveite para se informar mais sobre os procedimentos de recuperação espermática com a leitura do texto que aborda detalhadamente as técnicas TESE, Micro-TESE, PESA e MESA!