A preservação oncológica da fertilidade oferece possibilidades para as pessoas que precisam passar por tratamentos de câncer, e desejam ter filhos no futuro. Essa é uma forma de garantir que as células reprodutivas estejam seguras para quando chegar o momento oportuno de realizar os planos de gravidez.
A relação entre câncer e infertilidade é motivo de preocupação para os pacientes jovens e que ainda gostariam de formar uma família. Isso porque os tratamentos realizados, como quimioterapia e radioterapia, podem afetar as funções das gônadas e a capacidade reprodutiva.
Felizmente, os avanços na área da medicina oncológica têm melhorado o prognóstico dos pacientes, tornando cada vez mais importante pensar na preservação da fertilidade antes de iniciar o tratamento contra o câncer.
Veja, neste post, como funciona a preservação oncológica da fertilidade e quando deve ser feita!
O que é preservação oncológica da fertilidade?
Chamamos de preservação da fertilidade a técnica de reprodução humana assistida que consiste na coleta e no congelamento de gametas (óvulos e espermatozoides) ou embriões para ter chances futuras de gravidez.
Mulheres e homens podem preservar sua fertilidade diante da indicação para os tratamentos oncológicos ou outras condições médicas. Congelar os gametas também é uma opção cada vez mais considerada por mulheres que decidem, por motivos pessoais, adiar a maternidade para depois dos 35 anos.
Quando o congelamento das células reprodutivas é feito por decisão pessoal, chamamos de preservação social da fertilidade. Isso permite que os gametas preservem sua qualidade para uso futuro, uma vez que o avanço da idade é um fator negativo para a viabilidade dessas células.
Já a preservação oncológica da fertilidade é indicada especificamente por razões médicas. Além dos tratamentos para câncer, é possível recorrer a essa técnica de forma preventiva antes de algumas cirurgias para tratar doenças benignas nos órgãos reprodutores.
Quando a preservação oncológica da fertilidade deve ser feita?
O momento mais apropriado para realizar a preservação oncológica da fertilidade seria antes de iniciar o tratamento de câncer. A quimioterapia, a radioterapia e as cirurgias para retirada de tumores dos órgãos reprodutores podem comprometer a fertilidade de forma temporária ou permanente.
É de grande relevância que os pacientes diagnosticados com câncer sejam orientados pelo médico oncologista a procurar um especialista em reprodução assistida para discutir as opções de preservação da fertilidade.
Outros cenários em que é importante preservar a fertilidade antes da intervenção médica incluem a cirurgia de endometriose, cistos ovarianos e outras cirurgias pélvicas que possam oferecer algum risco à capacidade reprodutiva.
A decisão e a conduta para a preservação oncológica da fertilidade devem ser assumidas rapidamente, já que o tratamento de câncer não pode ser postergado por muito tempo.
É oportuno desmistificar a ideia de que os procedimentos para preservação da fertilidade retardam o início do tratamento oncológico. Atualmente, há protocolos específicos que permitem que a coleta de óvulos seja feita em um curto período. Para o homem, a coleta de gametas é ainda mais simples e rápida. Portanto, não há prejuízos no planejamento terapêutico.
Como é o procedimento?
A preservação da fertilidade é feita como parte do processo de fertilização in vitro (FIV). Isso significa que após a criopreservação dos gametas, a gravidez poderá acontecer ao concluir as etapas da FIV.
No caso das mulheres, a primeira etapa é a estimulação ovariana com fármacos hormonais para que os ovários possam desenvolver vários óvulos de uma vez. Esse processo dura em média 10 a 14 dias e pode ser iniciado em qualquer momento do ciclo menstrual. Após a estimulação, os óvulos são coletados e, em seguida, congelados para uso futuro.
Quando a mulher decidir engravidar, seus óvulos serão descongelados e fertilizados em laboratório, com espermatozoides de seu parceiro ou obtidos por doação de sêmen. Os embriões resultantes serão transferidos para o útero e poderão dar início a uma gravidez.
Para os homens, a coleta das amostras de sêmen é feita de forma simples, por meio da masturbação. As amostras são processadas e os melhores espermatozoides são selecionados para o congelamento. Esse material poderá ser armazenado por tempo indefinido até o momento de uso na FIV ou na inseminação artificial.
Caso a FIV seja indicada, a parceira do paciente passará por estimulação ovariana e coleta dos óvulos, as amostras de sêmen serão descongeladas e o restante do tratamento seguirá como previsto, incluindo: fertilização dos óvulos, cultivo dos embriões e transferência para o útero materno.
A inseminação artificial é uma opção apenas após a preservação da fertilidade masculina e desde que a parceira do paciente tenha idade inferior a 35 anos e tubas uterinas saudáveis.
A preservação oncológica da fertilidade é uma ferramenta valiosa para pacientes que desejam ter filhos após o tratamento de câncer. O acompanhamento com um especialista em reprodução humana assistida é fundamental para definir a melhor abordagem, sempre levando em conta as características e o prognóstico de cada paciente.
Quer saber mais sobre como a reprodução assistida pode ajudar você a ter filhos? Acesse nosso artigo sobre FIV- fertilização in vitro!