Os ovários são órgãos importantes tanto para a fertilidade feminina quanto para a saúde da mulher de modo geral. Eles são responsáveis pelo armazenamento, o desenvolvimento e a liberação dos óvulos e pela secreção dos hormônios reprodutivos, estrogênio e progesterona. Algumas doenças podem afetar as funções ovarianas e levar à infertilidade, incluindo o câncer de ovários.
Tanto a doença em si quanto os tratamentos médicos necessários para combatê-la, como a quimioterapia e a radioterapia, são agressivas com os ovários, podendo resultar em danos reversíveis ou permanentes.
Para que o corpo da mulher funcione normalmente a favor da fertilidade, um dos processos essenciais é a ovulação. É preciso que os ovários estejam saudáveis para isso e que todos os hormônios que participam do ciclo menstrual sejam produzidos em níveis adequados.
Neste post, confira a relação entre câncer de ovários e infertilidade!
O que é câncer de ovários?
O câncer é caracterizado pelo crescimento desordenado de células atípicas que originam tumores malignos e podem se espalhar para tecidos próximos ou até disseminar para partes do corpo mais distantes do local de origem.
O câncer de ovários afeta as células ovarianas, levando à proliferação descontrolada e à perda de tecido saudável. Embora seja mais comum na pós-menopausa, essa doença pode ocorrer em mulheres em idade fértil, representando um risco para a capacidade de ter filhos.
Não é fácil detectar precocemente o câncer de ovários, pois os sintomas muitas vezes são sutis e inespecíficos. Realizar o acompanhamento ginecológico de rotina é importante para identificar essa e outras condições o quanto antes.
Qual é a relação do câncer de ovários com a infertilidade?
A relação está em dois fatores: o impacto da própria doença no tecido ovariano e as consequências dos tratamentos utilizados.
O câncer de ovários pode causar infertilidade devido aos efeitos que exerce diretamente sobre esses órgãos, que são responsáveis pelo desenvolvimento dos óvulos. A doença pode provocar danos ao tecido ovariano que circunda o tumor, reduzindo a quantidade e a qualidade das células germinativas e, por consequência, a capacidade de desenvolver óvulos saudáveis.
Esse dano ao tecido ovariano circundante ocorre conforme o tumor cresce, destruindo as células que participariam do processo de ovulação. Além disso, o câncer de ovários pode interferir na produção dos hormônios reprodutivos, que são essenciais na regulação do ciclo menstrual e na preparação do útero para a gravidez.
Por que o tratamento de câncer pode causar infertilidade?
O tratamento para o câncer de ovários muitas vezes envolve a remoção cirúrgica de um ou ambos os ovários, o que compromete definitivamente a capacidade reprodutiva da mulher, pois, sem esses órgãos, não é possível ovular.
Mesmo quando a remoção total dos ovários não é necessária, os tratamentos utilizados, como a quimioterapia e a radioterapia pélvica, podem prejudicar o funcionamento ovariano, levando à falência ovariana prematura e à infertilidade.
Os tratamentos oncológicos afetam o sistema reprodutor de diferentes formas. A quimioterapia, por exemplo, utiliza medicamentos que agem de forma sistêmica, ou seja, em todo o corpo, para eliminar as células cancerosas. No entanto, esses medicamentos também atacam células saudáveis, como as que se desenvolvem nos ovários.
A radioterapia, especialmente quando direcionada à região pélvica, pode danificar os tecidos dos ovários, levando à redução do número de folículos ovarianos e, em casos mais graves, à falência ovariana. Mesmo quando os ovários não são diretamente afetados pelo câncer, as terapias oncológicas podem alterar o equilíbrio hormonal necessário para a função ovulatória.
É possível engravidar após o câncer?
A resposta depende de vários fatores, como o tipo de tratamento recebido, a idade da mulher e se foi realizada a preservação da reserva ovariana.
Portanto, as pacientes que desejam ter filhos após o tratamento oncológico precisam discutir com seus médicos as opções disponíveis antes de iniciar as terapias.
Uma das estratégias mais importantes para manter a possibilidade de engravidar após o tratamento de câncer é a preservação da fertilidade, que deve ser considerada assim que o diagnóstico é feito. As técnicas para isso incluem:
- congelamento de óvulos — a mulher passa por um ou mais ciclos de estimulação ovariana para desenvolver múltiplos óvulos, que são então coletados e congelados para uso futuro. Depois, para utilizá-los em uma tentativa de gravidez, será preciso prosseguir com as etapas da fertilização in vitro (FIV);
- congelamento de embriões — se a paciente já tiver um parceiro com quem pretende ter filhos ou desejar utilizar sêmen de doador, os óvulos podem ser primeiramente fertilizados e os embriões resultantes são congelados para serem transferidos para o útero futuramente;
- congelamento de tecido ovariano — meninas pré-púberes, adolescentes e mulheres jovens com boa reserva ovariana podem fazer o congelamento de parte do tecido ovariano contendo uma boa quantidade de células germinativas, e esse tecido poderá ser reimplantado nos ovários após o tratamento.
Mesmo que a mulher não tenha feito a preservação de seus óvulos ou embriões antes do tratamento oncológico, ainda existem alternativas. A doação de óvulos, por exemplo, é uma solução viável para muitas mulheres que não têm mais seus próprios gametas. Nesse caso, os óvulos doados são fertilizados com o sêmen do parceiro (ou de um doador) e os embriões resultantes são transferidos para o útero da paciente.
O câncer de ovários e as terapias oncológicas podem causar infertilidade, mas isso não significa que o sonho de ter filhos deva ser abandonado. Com os avanços nas técnicas de preservação da fertilidade e as opções da reprodução assistida, é possível encontrar soluções para muitas mulheres que enfrentam esse diagnóstico.
Conheça outras condições que dificultam a gravidez em nosso texto sobre infertilidade feminina!