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A cirurgia de endometriose pode melhorar a fertilidade?

Por Equipe Origen

Publicado em 28/02/2024

A cirurgia de endometriose é necessária, em alguns casos, para recuperar a qualidade de vida e a fertilidade feminina. Essa é uma doença crônica, que pode lesionar vários locais da região pélvica e causar processos inflamatórios. Manifesta-se durante a idade reprodutiva da mulher e tem relação direta com a ação do hormônio estrogênio.

O tecido que reveste o útero por dentro é o endométrio. Esse tecido responde à ação estrogênica durante o ciclo reprodutivo feminino, provocando a proliferação das células endometriais. Na endometriose, ocorre o crescimento de endométrio fora da cavidade uterina, incluindo sítios como: tubas uterinas, ligamentos uterossacros, ovários e intestino.

Não se sabe ao certo quais são as causas de endometriose, mas é considerada uma patologia multifatorial. A principal teoria sobre o seu desenvolvimento supõe que os fragmentos de endométrio, que deveriam ser completamente eliminados por via vaginal na menstruação, refluem pelas tubas uterinas e caem na cavidade pélvica, implantando-se nos órgãos próximos ao útero.

Entretanto, a menstruação retrógrada não seria um motivo isolado para o surgimento da endometriose. Fatores hormonais, genéticos, imunológicos, anatômicos e até ambientais também podem estar envolvidos.

Neste texto, você vai descobrir se a cirurgia de endometriose pode melhorar a fertilidade feminina. Acompanhe!

Qual é a relação entre endometriose e infertilidade?

A relação entre endometriose e infertilidade é complexa e ainda é objeto de muita pesquisa e debate na área da medicina. Sabe-se que a doença está associada a diversas alterações no sistema reprodutor e, por isso, pode afetar a fertilidade de diferentes maneiras.

Uma das alterações envolvidas é a inflamação crônica na região pélvica, que pode ter efeitos prejudiciais à motilidade dos espermatozoides e à qualidade dos óvulos.

A presença de tecido endometrial fora do útero também pode levar à formação de aderências, isto é, tecidos cicatriciais que podem distorcer e obstruir as tubas uterinas. Isso tende a dificultar a movimentação dos espermatozoides e a fecundação. Além disso, pode haver comprometimento da motilidade tubária, interferindo na captação do óvulo e no transporte do embrião para o útero.

É possível, ainda, que a endometriose cause alterações no ambiente uterino, tornando-o menos receptivo para o embrião. O processo inflamatório está associado à liberação de substâncias que afetam a resistência à progesterona no endométrio, prejudicando os processos de implantação e desenvolvimento embrionário.

Vale esclarecer que nem todas as mulheres com essa doença têm infertilidade. Há casos em que as portadoras engravidam naturalmente. Ademais, existem tratamentos disponíveis para ajudar a melhorar a fertilidade, como a cirurgia de endometriose e as técnicas de reprodução assistida.

Quais são as indicações para cirurgia de endometriose?

A intervenção cirúrgica não deve ser a primeira alternativa no tratamento da endometriose, mas há motivos que justificam sua indicação, como:

  • falha no tratamento medicamentoso, ou seja, quando o uso de fármacos não é suficiente para reduzir os sintomas;
  • alguns casos de infertilidade;
  • progressão das lesões endometrióticas;
  • cistos endometrióticos ovarianos (endometriomas) volumosos;
  • presença de muitas aderências, com distorção anatômica e comprometimento funcional dos órgãos — por exemplo, lesões na bexiga, nos ureteres ou no intestino, que interferem nas atividades urinárias e intestinais;
  • presença de tecido endometriótico fora da região pélvica, em órgãos como apêndice e diafragma.

A cirurgia de endometriose é feita principalmente com videolaparoscopia, técnica minimamente invasiva. Existe também a abordagem robótica, realizada com o auxílio de um braço robótico que torna os movimentos cirúrgicos mais precisos e amplia a visão tridimensional para o cirurgião.

É oportuno dizer que um mito comum em relação à cirurgia de endometriose é que esse tipo de tratamento deve ser indicado somente para pacientes com lesões profundas, isto é, no estágio severo da doença. No entanto, em muitos casos, a cirurgia é uma possibilidade para mulheres com a doença leve e lesões superficiais, mas que cursam com dor incapacitante que não melhora com a intervenção medicamentosa.

Como a cirurgia de endometriose pode beneficiar a fertilidade?

A resposta para essa pergunta não é tão simples, pois a melhora da fertilidade não depende exclusivamente da cirurgia de endometriose, envolve também fatores como a idade da mulher e as demais condições reprodutivas do casal.

A cirurgia de endometriose é efetiva para remover os implantes de tecido endometrial que estão alterando os órgãos reprodutores e prejudicando a fertilidade. A retirada do tecido endometriótico e das aderências ajuda a restaurar a anatomia dos órgãos, além de diminuir a inflamação na região pélvica.

Mulheres jovens — com menos de 35 anos e sem danos às tubas uterinas e à reserva ovariana — podem melhorar suas chances de gravidez natural após a cirurgia de endometriose. Além disso, a redução da dor é significativa, contribuindo com a melhora da qualidade de vida, de modo geral.

Nos casos de endometrioma, a retirada do cisto pode melhorar as taxas de gestação natural em mulheres jovens. Por outro lado, a cirurgia de endometriose ovariana também pode ser agressiva, levando à perda de tecido ovariano saudável e consequente redução do número de óvulos armazenados.

A paciente tem a possibilidade de fazer o congelamento dos óvulos para preservação da fertilidade, antes da cirurgia de endometriose. Em ocasião futura, caso ela esteja com a capacidade reprodutiva de forma natural diminuída, esses óvulos serão descongelados e poderão formar embriões em um processo de fertilização in vitro (FIV).

Quando não há prejuízos nos ovários e nas tubas uterinas, a mulher pode precisar da cirurgia de endometriose ou apenas de técnicas de baixa complexidade da reprodução assistida. Assim, em casos brandos, é possível tentar a gravidez com indução da ovulação associada à relação sexual programada ou à inseminação artificial.

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