O abortamento espontâneo é uma condição muito delicada para o casal, podendo ocorrer em aproximadamente de 10% a 50% das gestações e é linearmente relacionado com a idade. Nem sempre as causas são esclarecidas, assim como nem sempre há sintomas, como acontece em muitos casos de aborto retido.
Denomina-se como aborto espontâneo o episódio de interrupção involuntária da gestação antes da 20ª semana. Ocorre com mais frequência nas primeiras 12 semanas gestacionais, sendo classificado como abortamento precoce.
A ocorrência de um aborto, especialmente para casais que estavam na tentativa de engravidar, pode acarretar sentimento de perda, frustração e culpa por não conseguir levar a gestação adiante. Além das implicações emocionais, há riscos para o sistema reprodutor. Portanto, o acompanhamento com especialistas é muito relevante nesses casos.
Com a leitura deste artigo, você vai compreender o que é aborto retido, qual a relação do abortamento espontâneo com a infertilidade, quais as possíveis causas de perdas gestacionais recorrentes e como proceder nessa situação.
Leia com atenção!
O que é aborto retido?
Considera-se como aborto retido a gestação que foi interrompida, sem que o material conceptual (embrião/feto e demais resíduos intrauterinos) tenha sido expelido do corpo da mulher, como ocorre no abortamento completo.
O aborto retido cursa com a cessação dos sintomas de gravidez. Contudo, geralmente, não há perda sanguínea e o colo do útero permanece fechado. Dessa forma, não são identificadas alterações no exame ginecológico, mas um exame de ultrassom revela a parada da atividade cardíaca embrionária ou a ausência de embrião no saco gestacional.
Esse tipo de aborto ocorre com mais frequência no primeiro trimestre de gravidez e costuma ser assintomático, embora também possa causar sangramento discreto e dor na pelve, semelhante a cólicas.
As causas são diversas, desde traumas, infecções pélvicas, diabetes e abuso de substâncias químicas até a idade materna — mulheres com mais de 35 anos têm a qualidade dos óvulos reduzida e, por consequência, mais riscos de formar embriões com anormalidades cromossômicas.
Após o diagnóstico do aborto retido, o médico pode recomendar a conduta expectante, isto é, aguardar a eliminação espontânea dos conceptos. A condição também pode ser tratada com medicação para estimular as contrações uterinas e, com isso, expelir os resíduos embrionários. Outras opções de conduta são a técnica de aspiração manual intrauterina (AMIU) e, em último caso, a curetagem.
Qual é a relação do aborto com a infertilidade?
Quando a mulher passa por duas ou mais perdas gestacionais, a condição é definida como abortamento habitual e está diretamente associada à infertilidade.
Um casal é considerado fértil somente quando a gravidez é levada a termo e o bebê nasce. Portanto, o conceito de fertilidade não se refere somente à capacidade de confirmar a gestação, mas também de ter condições para que ela evolua.
O abortamento espontâneo tem vários fatores etiológicos — endócrinos, anatômicos, imunológicos, genéticos, infecciosos, ambientais e idiopáticos. Nos casos de aborto de repetição, em específico, podem estar envolvidas as seguintes causas:
- alterações cromossômicas embrionárias (a causa mais frequente);
- miomas submucosos;
- pólipos endometriais;
- endometrite;
- malformações uterinas;
- trombofilias;
- infecções (sífilis, herpes, rubéola, toxoplasmose e outras);
- doenças crônicas, como diabetes e lúpus descontrolado;
- idade materna avançada;
- síndrome dos anticorpos antifosfolípides;
- incompetência istmocervical;
- problemas hormonais (secreção deficiente de estrógenos e progesterona);
- alterações nos espermatozoides.
O que fazer em situação de aborto de repetição?
Diante de abortos recorrentes, a mulher deve procurar avaliação especializada, pois, como vimos, podem existir diversas causas por trás das perdas gestacionais. Sendo assim, o acompanhamento médico é importante para as três situações abaixo:
Investigação detalhada
Para o diagnóstico das causas do abortamento de repetição, vários exames são solicitados, principalmente para a mulher, os quais podem incluir:
- ultrassonografia pélvica;
- dosagens hormonais;
- histerossalpingografia;
- histeroscopia;
- sorologias;
- pesquisa de trombofilia;
- pesquisa de síndrome antifosfolípide;
- testes cromossômicos (para o casal);
- teste de fragmentação do DNA espermático (ainda questionável) (para o parceiro).
Tratamentos das causas
Assim que é identificada a causa dos abortos, pode ser prescrito o tratamento pontual. Algumas condições requerem o uso de medicamentos, como as trombofilias, infecções e disfunções hormonais. Outros problemas podem necessitar de intervenção cirúrgica, a exemplo dos miomas submucosos, pólipos e septo uterino (um tipo de malformação congênita).
Técnicas de reprodução assistida
A reprodução assistida é importante para os casais que não conseguem engravidar espontaneamente ou não levam a gestação adiante, como nos casos de aborto recorrente. Mesmo com o tratamento medicamentoso ou cirúrgico das causas identificadas, as técnicas da medicina reprodutiva podem ser necessárias para aumentar as possibilidades de gravidez.
Os tratamentos de reprodução assistida são divididos em baixa complexidade (relação sexual programada e inseminação artificial) e alta complexidade (fertilização in vitro ou FIV). A indicação depende das características de cada caso e dos fatores de infertilidade do casal.
Pacientes que passam por abortamento de repetição — seja com aborto retido ou de outra forma — precisam de um acompanhamento médico rigoroso antes de novas tentativas. Isso é importante tanto para que o casal tenha mais chances de realizar o sonho da gravidez quanto para evitar outras perdas e suas implicações emocionais.
Quer conhecer outras condições que podem afetar as chances de gravidez? Então, leia também nosso texto sobre infertilidade feminina!