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Adenomiose e endometriose: conheça as diferenças

Por Equipe Origen

Publicado em 17/05/2022

Adenomiose e endometriose são duas doenças ginecológicas que podem provocar sintomas e trazer prejuízos à qualidade de vida da mulher, inclusive causando infertilidade feminina. Ambas as condições têm relação com o endométrio — que é o tecido que reveste o útero internamente — mas apresentam características distintas e afetam diferentes partes do corpo feminino.

Primeiramente, precisamos relembrar como o útero é formado para facilitar o entendimento sobre adenomiose e endometriose. Histologicamente, a parede uterina é dividida em 3 camadas:

  • endométrio — parte interna do órgão e local onde ocorre a implantação do embrião;
  • miométrio — tecido muscular e de maior espessura, que ocupa a camada intermediária da parede do útero;
  • serosa ou perimétrio — tecido fino que recobre o órgão na cavidade pélvica.

Como é comum haver dúvidas sobre essas doenças, vamos agora esclarecer o que é endometriose, o que é adenomiose e quais são as diferenças entre elas. Acompanhe!

O que é endometriose?

A endometriose é caracterizada pela presença de implantes de endométrio fora da cavidade uterina. Os sítios mais comuns são aqueles que se situam próximo ao útero, como ligamentos uterossacros, tubas uterinas, ovários, intestino e bexiga. Algumas portadoras também apresentam lesões extrapélvicas, mas são casos bem raros.

O tecido endometriótico causa inflamação nas áreas afetadas. Isso ocorre porque o endométrio responde à ação cíclica do hormônio estrogênio e suas células se proliferam. Dentro do útero, o tecido aumenta de espessura para receber um possível embrião, mas descama e causa a menstruação quando não há gravidez. Da mesma forma, o endométrio ectópico (fora do útero) cresce e sangra, ativando a reação inflamatória.

Além de ser uma condição estrogênio-dependente e inflamatória, a endometriose é considerada uma doença crônica, uma vez que não há cura definitiva. Apesar disso, existem tratamentos eficazes para controlar os sintomas e restaurar a qualidade de vida e a fertilidade da portadora. As abordagens terapêuticas incluem uso de medicamentos hormonais, reprodução assistida e cirurgia.

As apresentações clínicas da endometriose são variáveis, mas os sintomas mais relatados são:

  • dor pélvica crônica;
  • cólicas menstruais intensas;
  • dor na relação sexual;
  • dor para urinar e evacuar durante o período menstrual, quando há lesões na bexiga e no intestino.

A infertilidade também é um sinal de endometriose. A doença pode afetar o sistema reprodutor de várias maneiras. Os mecanismos envolvidos dependem da forma de endometriose, que é classificada em 3 tipos:

  • peritoneal superficial;
  • ovariana (endometrioma);
  • infiltrativa profunda.

O que é adenomiose?

A adenomiose é caracterizada pela presença de células endometriais dentro do miométrio — que, como vimos, é a camada intermediária do útero, adjacente ao endométrio. É mais comum entre os 30 e os 50 anos, principalmente em multigestas (mulheres que já engravidaram mais de uma vez).

Quase metade das portadoras de adenomiose não apresenta sintomas. Quando o caso é sintomático, a principal manifestação é o sangramento uterino anormal, devido à alteração da contratilidade uterina. Cólicas menstruais e dor pélvica também estão presentes, assim como distensão abdominal em razão do aumento do volume uterino.

O tratamento medicamentoso nem sempre é bem-sucedido, embora possa ajudar no controle do fluxo menstrual. Eventualmente, a abordagem definitiva é a histerectomia — cirurgia para retirada parcial ou total do útero. Contudo, essa opção não é viável para mulheres que ainda desejam ter filhos.

Apesar de ser apontada como uma condição que modifica a estrutura uterina, ainda são necessários mais estudos para estabelecer a correlação entre adenomiose e infertilidade. Até o momento, são sugeridos alguns mecanismos que podem afetar a função reprodutiva e até levar ao abortamento, como:

  • processo inflamatório uterino;
  • distorção da arquitetura endometrial;
  • transporte inadequado do óvulo para o útero;
  • ambiente que prejudica a migração dos espermatozoides;
  • falha de implantação;
  • hiperatividade do miométrio.

Afinal, quais são as diferenças entre endometriose e adenomiose?

Endometriose e adenomiose têm algumas semelhanças. As duas são inflamatórias e estrogênio-dependentes, mas são doenças bem diferentes. A primeira costuma ter mais impactos na fertilidade e na qualidade de vida da portadora, enquanto a outra é, muitas vezes assintomática, e afeta principalmente mulheres que já têm filhos. Contudo, são duas condições que precisam de atenção.

A grande semelhança entre endometriose e adenomiose é a presença de tecido endometrial fora da cavidade uterina. No entanto, como vimos, o endométrio ectópico afeta outros órgãos da pelve na endometriose. Já na adenomiose, as lesões se limitam à camada intermediária do próprio útero.

Alguns sintomas também são semelhantes nas duas doenças, como dor pélvica e cólicas menstruais. Já o sangramento abundante, que é a principal manifestação na adenomiose, não acontece na endometriose — embora muitas pessoas tenham a informação equivocada de que essa patologia altera o fluxo menstrual.

Outra diferença importante está na faixa etária das portadoras. A endometriose pode ter seus primeiros sinais e sintomas ainda na adolescência, mas o diagnóstico pode levar anos para ser fechado, dependendo da progressão dos sintomas e das tentativas de gravidez. A adenomiose é mais comum por volta dos 40 anos, quando muitas mulheres já não têm mais intenção de engravidar.

Quando essas doenças provocam infertilidade e a portadora deseja ter filhos, a reprodução assistida pode ajudar. A fertilização in vitro (FIV) é a técnica mais indicada para os casos de adenomiose e endometriose avançada. Apesar de serem condições desafiadoras, pacientes que recorrem a esse tipo de tratamento têm boas chances de confirmar uma gravidez.

Leia mais um texto para entender como funciona a fertilização in vitro, quando é indicada e quais são as etapas para realizar o tratamento!

Importante Este texto tem apenas caráter informativo e não substitui a avaliação médica individualizada. Atualizamos nosso conteúdo com frequência, mas o conhecimento médico e a ciência evoluem rapidamente, por isso alguns conteúdos podem não refletir as informações mais recentes. Dessa forma, a consulta médica é o melhor momento para se informar e tirar dúvidas. Além disso, podem existir diferenças plausíveis baseadas em evidências científicas nas opiniões e condutas de diferentes profissionais de saúde.

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