Menstruação é o evento que marca o início do ciclo menstrual, quando o corpo da mulher é preparado para uma possível gravidez.
O ciclo menstrual inicia no primeiro dia da menstruação e é dividido em três fases – folicular, ovulatória e lútea –, estimuladas pela ação de diferentes hormônios.
Ciclos regulares geralmente têm a duração de 28 dias e, na metade desse período, ocorre a ovulação, indicando a fase mais fértil, quando há maiores chances de engravidar: nessa fase, chamada ovulatória, o óvulo é liberado pelos ovários para ser fecundado pelo espermatozoide.
Qualquer alteração no ciclo menstrual, incluindo mudanças no fluxo menstrual, pode indicar problemas na fertilidade. Por isso, é importante observá-lo, principalmente quando há intenção de engravidar.
Continue a leitura deste texto até o final e saiba o que é amenorreia, o que pode causar o problema, qual a relação com a infertilidade e quando procurar um especialista.
O que é amenorreia e o que pode causá-la?
Amenorreia é o termo que define a ausência de menstruação na puberdade ou durante os anos reprodutivos – período localizado entre a puberdade e a menopausa.
No primeiro caso, é classificada como amenorreia primária: quando a menstruação não ocorre até os 16 anos de idade. Geralmente é consequência de doenças genéticas, como a síndrome de Turner, problemas estruturais, como malformações congênitas (desde o nascimento) dos órgãos reprodutores ou quando há histórico familiar de menstruação tardia. No entanto, é uma condição rara.
Já no segundo caso, é classificada como amenorreia secundária: quando a menstruação não ocorre por três meses consecutivos ou mais. Ainda que não seja uma doença, pode sinalizar para problemas na saúde reprodutiva feminina.
É comum ocorrer amenorreia durante a gravidez, amamentação ou menopausa, ou mesmo quando há o uso contínuo de contraceptivos, incluindo as pílulas: apesar de a menstruação normalmente normalizar após a interrupção, isso também, muitas vezes, demora a acontecer.
Porém, a ausência por mais do que três meses consecutivos pode ser provocada por diferentes condições, desde o estilo de vida, a alterações nos níveis hormonais, por isso, deve ser investigada:
Desequilíbrio hormonal
Diferentes condições médicas podem levam ao desequilíbrio dos hormônios reprodutivos, causando irregularidades menstruais como ciclos mais curtos, fluxo menstrual em maior ou menor intensidade e ausência de menstruação:
- Síndrome dos ovário policísticos (SOP): a SOP é considerada a principal causa de anovulação crônica como consequência do desequilíbrio hormonal. Nessa doença há uma elevação dos níveis de androgênios e a formação de múltiplos cistos ovarianos, que interferem na secreção de estrogênio e progesterona, hormônios também produzidos pelos ovários;
- Doenças da tireoide: os hormônios tireoidianos são importantes durante o ciclo menstrual. Níveis altos (hipertireoidismo) ou baixos (hipotireoidismo), podem causar irregularidades menstruais, incluindo amenorreia;
- Tumor hipofisário: tumores benignos na hipófise, glândula responsável pela secreção de hormônios importantes no ciclo menstrual – como o folículo estimulante (FSH), o luteinizante (LH) e os tireoidianos –, tendem a interferir na regulação dos níveis, resultando em irregularidades menstruais e amenorreia;
- Falência ovariana prematura (FOP): nessa condição os sintomas da menopausa manifestam antes dos 40 anos de idade, incluindo a interrupção da menstruação;
- Miomas uterinos, endometriose e pólipos endometriais: são doenças femininas que afetam os níveis de estrogênio, desequilíbrio que, da mesma forma, pode causar irregularidades menstruais.
Problemas estruturais
- Aderências uterinas: aderência uterinas, chamadas sinequias uterinas, são formadas a partir da junção entre as paredes opostas uterinas, como consequência de trauma, infecção ou inflamação. A presença de muitas sinequias resulta em uma condição chamada síndrome de Asherman, na qual o tecido cicatricial se acumula no revestimento do útero, muitas vezes como consequência de uma dilatação e curetagem (D&C), cesariana ou tratamento para miomas uterinos, interferindo diretamente no processo menstrual: síndrome de Asherman clinicamente significa amenorreia secundária;
- Anormalidade estrutural da vagina: obstruções na vagina bloqueiam o fluxo menstrual impedindo a saída, levando, assim, à ausência de menstruação.
Fatores de risco
O estilo de vida, como uma alimentação inadequada, prática excessiva de exercícios físicos e peso corporal, também contribuem para a ocorrência de amenorreia:
- Baixo peso corporal: o baixo peso corporal tende a interferir no funcionamento normal dos hormônios reprodutivos provocando, dessa forma, irregularidades menstruais e amenorreia;
- Excesso de exercícios físicos: a prática excessiva de exercícios físicos pode levar à interrupção do ciclo menstrual, motivada por fatores como a baixa gordura corporal, estresse e alto gasto de energia;
- Estresse: o estresse mental altera temporariamente o funcionamento do hipotálamo, glândula que coordena grande parte do sistema endócrino, conjunto de glândulas responsáveis pela produção dos hormônios, incluindo os envolvidos no ciclo menstrual;
- Distúrbios alimentares: distúrbios alimentares como anorexia ou bulimia, aumentam, ainda, o risco de amenorreia.
Entenda a relação da amenorreia com a infertilidade feminina
A ausência de menstruação é um fator indicativo de distúrbios de ovulação, caracterizados por dificuldades no desenvolvimento, amadurecimento e ruptura do folículo (bolsa que contém o óvulo imaturo).
Ou seja, durante a fase ovulatória do ciclo menstrual, quando o folículo rompe liberando o óvulo (ovulação), esse evento não acontece, assim, não há fecundação e a gravidez não ocorre.
Por isso, é fundamental procurar um especialista se houver a interrupção do fluxo menstrual por três meses consecutivos ou mais. Na maioria das vezes, as condições que provocam amenorreia têm tratamento, assim como é possível obter a gravidez com o auxílio de técnicas de reprodução assistida quando há distúrbios de ovulação.
Em todas elas – relação sexual programada (RSP), inseminação artificial (IA) e fertilização in vitro (FIV) – a primeira etapa é a estimulação ovariana, procedimento que estimula o desenvolvimento e amadurecimento de mais folículos, para obter mais óvulos maduros, aumentando, assim, as chances de a fecundação ser bem-sucedida.
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