A fertilidade feminina está ligada à reserva ovariana, que se refere ao número de óvulos que uma mulher tem armazenados em seus ovários. Esse número muda continuamente no decorrer dos anos, de forma que é importante fazer a avaliação da reserva ovariana para ter uma estimativa das chances de gravidez, especialmente em idade mais tardia.
A quantidade de óvulos é limitada e diminui pouco a pouco, desde o nascimento. A idade da mulher é um fator determinante nesse processo, já que tanto a qualidade quanto o número de óvulos reduzem ao longo da vida, com um declínio mais significativo após os 35 anos.
Seja nas tentativas naturais de concepção, seja no contexto da reprodução assistida, conhecer o estado da reserva ovariana é de grande relevância. É a partir dessa avaliação que os médicos especialistas podem planejar tratamentos mais adequados e eficazes, adotando uma abordagem individualizada e aumentando as taxas de sucesso.
Neste artigo, vamos explicar como é feita a avaliação da reserva ovariana e qual é sua importância na reprodução assistida. Leia com atenção!
O que é avaliação da reserva ovariana?
A avaliação da reserva ovariana engloba um conjunto de exames para verificar a quantidade de óvulos que uma mulher ainda tem. Contudo, não existem formas de mensurar a qualidade dessas células antes da fecundação.
Os exames para avaliar a reserva ovariana são solicitados junto com outros métodos diagnósticos durante a investigação da infertilidade conjugal. Essa avaliação também pode ser feita em outros contextos, caso a mulher queira se informar sobre suas condições reprodutivas — seja para tentativas na fase presente ou no futuro.
Sendo assim, todas as mulheres em idade reprodutiva e com planos de gravidez podem consultar um médico ginecologista para realizar a avaliação da reserva ovariana. A análise é ainda mais importante para mulheres que:
- têm mais de 32 anos;
- apresentam histórico familiar de menopausa precoce;
- têm alterações cromossômicas, como as síndromes de Turner ou do X frágil;
- já passaram por tratamentos oncológicos.
A avaliação da reserva ovariana também é indicada para quem deseja preservar a fertilidade por meio do congelamento dos óvulos, oferecendo uma perspectiva sobre as chances futuras de gestação.
Nossa sugestão é que as mulheres anualmente, ao realizarem a ultrassonografia pélvica, solicitem ao ginecologista a realização da contagem de folículos antrais, como explicaremos a seguir.
Como essa avaliação é feita?
A avaliação da reserva ovariana é um processo que combina exames laboratoriais e de imagem. Os métodos mais comuns incluem:
Dosagens hormonais
A dosagem de hormônios é necessária para analisar a função ovariana. Os exames mais solicitados são:
- hormônio antimülleriano (AMH), que é produzido pelos folículos ovarianos em desenvolvimento;
- hormônio folículo-estimulante (FSH), responsável por induzir o crescimento dos folículos ovarianos;
- estradiol — também secretado pelos folículos em crescimento, deve ser avaliado junto com o FSH para uma melhor compreensão do estado hormonal.
Ultrassonografia transvaginal
O exame de ultrassonografia pélvica transvaginal permite a contagem do número de folículos antrais, os quais contêm óvulos que se encontram em estágio avançado do processo de desenvolvimento.
A contagem ultrassonográfica dos folículos antrais e a dosagem do hormônio antimülleriano são consideradas as abordagens mais confiáveis na avaliação da reserva ovariana.
Qual é a importância de avaliar a reserva ovariana na reprodução assistida?
A avaliação da reserva ovariana possibilita que os médicos planejem o tratamento mais adequado para cada paciente, aumentando as chances de sucesso e otimizando os recursos disponíveis.
Com base nos resultados da avaliação, é possível escolher a técnica de reprodução assistida entre as opções de baixa complexidade (coito programado e inseminação artificial) e de alta complexidade (FIV- fertilização in vitro).
A avaliação da reserva ovariana também ajuda a definir o protocolo de estimulação hormonal mais indicado para cada mulher. Para aquelas com baixa reserva, podemos adotar estratégias específicas para tentar coletar o maior número possível de óvulos, como o TetraStim. Já em casos de reserva normal ou alta, o protocolo de medicações pode ser ajustado para evitar a hiperestimulação ovariana, o que pode trazer complicações.
Para mulheres que desejam postergar a maternidade, a avaliação da reserva ovariana também é um passo importante do processo, pois informa se o congelamento de óvulos ainda é uma opção viável. Quanto melhor a reserva, maiores as chances de gravidez em um tratamento futuro utilizando os óvulos congelados.
Além de sua utilidade na reprodução assistida, a avaliação da reserva ovariana pode ajudar a identificar condições de saúde que afetam a fertilidade, como insuficiência ovariana prematura ou distúrbios hormonais, permitindo uma abordagem preventiva.
A qualidade do embrião e as condições do útero também são fatores determinantes para as chances de concepção. Portanto, o resultado da avaliação da reserva ovariana não é um indicador absoluto de sucesso, mas fornece dados importantes sobre as expectativas dos tratamentos de reprodução assistida. Isso é essencial para que a mulher/o casal tenha uma visão realista das possibilidades, permitindo uma tomada de decisão mais consciente.
Já que está aqui, aproveite e leia o texto específico sobre dosagens hormonais para complementar suas informações!