O sistema reprodutor masculino é formado por vários órgãos que, em conjunto, garantem a produção, o armazenamento, o amadurecimento e o transporte dos espermatozoides. Entre essas estruturas, os canais deferentes são fundamentais para a fertilidade, pois são os responsáveis por conduzir os gametas desde os testículos até a uretra.
Resumidamente, o percurso dos espermatozoides no trato genital masculino é o seguinte:
- eles são produzidos nos testículos;
- armazenados nos epidídimos, onde amadurecem e adquirem motilidade;
- percorrem os canais deferentes;
- juntam-se aos fluídos das glândulas acessórias (próstata e vesículas seminais) para formar o sêmen;
- e, por fim, passam pela uretra e são liberados no momento da ejaculação.
Quando esse caminho dos espermatozoides é interrompido — seja por cirurgia, como a vasectomia, ou por uma condição congênita — a fertilidade masculina é comprometida.
Continue a ler este post e entenda qual é a função dos canais deferentes e como a vasectomia afeta a fertilidade masculina!
Qual é a função dos canais deferentes?
Os canais deferentes são dois tubos musculares finos que conectam os epidídimos (onde os espermatozoides são armazenados após sua produção nos testículos) à uretra, passando pelas vesículas seminais e pela próstata. Ou seja, a função deles é transportar os gametas por todo o trato genital masculino.
Durante a ejaculação, os canais deferentes conduzem os espermatozoides, eles se misturam ao líquido seminal produzido pelas glândulas acessórias e são expelidos pelo pênis no meio do sêmen. Os fluídos secretados pela próstata e pelas vesículas seminais nutrem e protegem os espermatozoides em seu trajeto dentro do corpo feminino.
Em síntese, os canais deferentes são responsáveis por garantir que os espermatozoides cheguem ao sêmen e possam ser liberados para entrar no trato reprodutivo feminino, possibilitando a fecundação do óvulo.
Como a vasectomia é feita?
A vasectomia é um método cirúrgico de contracepção masculina definitiva. O procedimento consiste na interrupção dos canais deferentes, impedindo que os espermatozoides se misturem ao líquido seminal durante a ejaculação.
A ausência de espermatozoides no ejaculado é chamada de azoospermia. No caso da vasectomia, é azoospermia obstrutiva, pois os gametas continuam a ser produzidos normalmente, mas não chegam ao sêmen devido à obstrução nos canais deferentes, resultante da cirurgia.
As etapas básicas da vasectomia incluem:
- anestesia local;
- pequenas incisões na bolsa escrotal para acessar os canais deferentes;
- cada canal é cortado, amarrado, cauterizado ou bloqueado, criando uma barreira para a passagem dos espermatozoides.
A produção de espermatozoides continua, mas eles são reabsorvidos pelo organismo. Como resultado, o homem continua ejaculando normalmente, mas o sêmen não contém as células reprodutivas, o que impede a fecundação e caracteriza a infertilidade masculina.
A vasectomia é considerada um método de alta eficácia para a prevenção da gravidez. Embora seja uma escolha consciente para homens que não desejam mais ter filhos, as decisões podem mudar ao longo da vida.
Após alguns anos da cirurgia de vasectomia, alguns homens decidem ter mais filhos, principalmente quando assumem um novo relacionamento conjugal. No entanto, a infertilidade decorrente do procedimento é reversível apenas por meio das técnicas de reprodução assistida ou de cirurgia.
Além da vasectomia, alguns homens apresentam uma condição chamada agenesia dos canais deferentes, que é uma causa congênita de infertilidade. Nesses casos, os canais não se desenvolvem durante a formação fetal, resultando em um bloqueio natural no trato genital que impede o transporte dos espermatozoides — essa condição é mais comum em homens com fibrose cística.
Há possibilidade de reversão da vasectomia?
A reversão da vasectomia é possível, por meio de um procedimento chamado vasovasostomia, que reconecta as extremidades dos canais deferentes cortados durante a cirurgia de esterilização.
No entanto, a reversão de vasectomia não é uma indicação para todos os homens que desejam recuperar sua fertilidade. A probabilidade de sucesso depende de vários fatores:
- tempo decorrido desde a vasectomia — quanto menor o intervalo, maiores as chances de sucesso. Após 5 anos, a taxa de permeabilidade dos ductos começa a diminuir;
- tipo de técnica usada na vasectomia — bloqueios mais simples têm melhor chance de reversão;
- preservação da função testicular — é preciso que os testículos ainda produzam espermatozoides em quantidade e qualidade adequadas;
- idade e fertilidade da parceira — mulheres com menos de 35 anos, boa reserva ovariana e tubas uterinas saudáveis têm mais chances de engravidar naturalmente.
Quando a reversão da vasectomia não é indicada ou não apresenta os resultados esperados, as técnicas de reprodução assistida oferecem uma alternativa eficaz. A principal indicação é a fertilização in vitro (FIV) com uso de espermatozoides obtidos diretamente dos testículos ou epidídimos.
Como os espermatozoides têm seu trajeto bloqueado nos canais deferentes e não são encontrados no sêmen, eles podem ser coletados por meio das técnicas de recuperação espermática PESA e MESA.
Esses procedimentos de recuperação espermática permitem a retirada dos gametas maduros que ainda estão nos epidídimos. Geralmente é possível coletar espermatozoides em quantidade suficiente para realizar a FIV com injeção intracitoplasmática (ICSI).
Com essas técnicas de reprodução assistida, o homem que não têm os canais deferentes funcionais, seja por vasectomia ou por ausência congênita, ainda tem chances de engravidar sua parceira.
Quer saber mais? Faça também a leitura do artigo que aborda as principais causas da infertilidade masculina!