A endometriose é uma doença crônica que atinge entre 6% e 10% das mulheres em idade fértil em todo o mundo — o que totaliza cerca de 175 milhões de pessoas. Ela se caracteriza pela presença e crescimento do tecido endometrial fora da cavidade uterina, em órgãos como os ovários, a bexiga e outros.
A doença é classificada em três tipos, de acordo com a localização das lesões e da gravidade. São eles: endometriose peritoneal superficial, endometriomas e endometriose profunda.
Os endometriomas são cistos que se formam especificamente nos ovários e são constituídos de tecido endometrial. Por afetar os ovários, esse tipo de endometriose tem uma grande relação com a infertilidade feminina, já que pode prejudicar a ovulação e a reserva ovariana.
Quando é necessária a intervenção cirúrgica, a recomendação é que a mulher faça a preservação da fertilidade por meio da criopreservação de óvulos. Para mais informações sobre a endometriose, sua cirurgia e a preservação da fertilidade, leia o conteúdo a seguir:
Endometriose e infertilidade feminina
A infertilidade feminina é um problema que pode ser causado por diferentes fatores, relacionados a ovulação, distúrbios hormonais, alterações anatômicas nos órgãos reprodutores, doenças, entre outros.
Uma das principais causas da infertilidade é a falência ovariana, que se caracteriza pelo esgotamento da reserva ovariana, que é a quantidade de óvulos que uma mulher possui em determinado momento.
Toda mulher nasce com o número total de óvulos que terá por toda a sua vida fértil, e essa quantidade diminui a cada ciclo menstrual. Quando não existem mais óvulos, a mulher passa pela menopausa e se torna infértil.
Esse processo pode acontecer naturalmente, por volta dos 50 anos, ou pode ser acelerado por problemas relacionados a hábitos de vida, doenças ou procedimentos cirúrgicos, como a cirurgia de endometriose.
A endometriose pode prejudicar a fertilidade provocando alterações nos órgãos ou obstruindo as tubas uterinas, mas a maior preocupação quando a mulher pretende engravidar são os endometriomas.
Em relação aos endometriomas, os cistos podem modificar as relações anatômicas, porém o risco maior está relacionado à cirurgia para a retirada dos cistos.
Como é o tratamento cirúrgico de endometriose?
A cirurgia de endometriose para a retirada de cistos nos ovários só é indicada em casos de extrema necessidade. Este tratamento é evitado sempre que possível, pois pode causar grande prejuízo à reserva ovariana e ao funcionamento do órgão, mesmo quando realizado por profissionais experientes.
Isso pode acontecer pois a cirurgia é muito delicada e durante a remoção dos endometriomas pode haver a retirada de parte do córtex ovariano, onde estão localizados os folículos.
O tratamento cirúrgico é feito por meio de laparoscopia, com o objetivo de remover todo o tecido endometrial dos ovários. Quanto maior o tamanho dos cistos e a gravidade da endometriose, maior é o desafio da cirurgia. Em casos muito graves, pode ser necessária a retirada dos ovários.
Endometriomas e preservação da fertilidade
Quando a mulher precisa passar pela cirurgia para a retirada dos endometriomas e ainda deseja engravidar futuramente, é indicada a preservação da fertilidade. Este é um procedimento que se caracteriza pelo congelamento de óvulos, que podem ser preservados por vários anos e utilizados no momento em que a mulher julgar mais adequado para uma gestação.
Para realizar o congelamento, ou criopreservação, a mulher precisa passar pela estimulação ovariana. Esse é um tratamento hormonal com o objetivo de estimular um número maior de folículos, e consequentemente obter mais óvulos.
Os óvulos são coletados por meio de punção folicular. Após a coleta, eles são preparados e apenas os gametas maduros são selecionados para o congelamento, que é feito por meio de vitrificação.
A vitrificação é uma técnica avançada utilizada na criopreservação, pois é um método de congelamento ultrarrápido que faz com que os óvulos cheguem a aproximadamente -196º C em poucos minutos. Dessa forma não há a formação de cristais de gelo no interior dos óvulos e as chances de perda dos gametas após o descongelamento são bem pequenas.
Quando os gametas são preservados, sua qualidade é mantida e a mulher tem a possibilidade de engravidar mesmo que apresente problemas de ovulação ou falência ovariana após a cirurgia para a retirada de endometriomas.
No momento em que a mulher decidir, os óvulos são descongelados e utilizados para realizar a fertilização in vitro (FIV). Esta é uma técnica de reprodução assistida considerada de alta complexidade e com resultados bastante positivos.
A fecundação acontece em laboratório, com os gametas femininos que foram preservados e os gametas masculinos de seu companheiro ou de um doador anônimo. Os embriões formados são cultivados e em seguida transferidos para o útero.
O número máximo de embriões que podem ser transferidos varia de 1 a 4 e depende da idade da mulher. Se houver excedentes, eles são congelados e podem ser utilizados em uma futura tentativa de gravidez.
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