A doença inflamatória pélvica, também referida pela sigla DIP, merece muita atenção, principalmente se a mulher pretende engravidar. Isso porque a patologia é abrangente e pode afetar as funções reprodutivas de diferentes formas, levando à infertilidade feminina.
Um casal pode se tornar infértil por diversos fatores, femininos ou masculinos, os quais incluem desequilíbrios hormonais, inflamação nos órgãos do aparelho reprodutivo, doenças que modificam a anatomia dos órgãos, malformações congênitas, alterações genéticas, entre outros.
A DIP é motivo de preocupação e não deve ser negligenciada. Diante dos sinais e sintomas de doenças pélvicas, a mulher deve buscar ajuda médica o mais breve possível para evitar o agravamento e as sequelas de possíveis quadros inflamatórios.
Confira, ao longo do post, importantes informações sobre região pélvica, DIP, infertilidade e tratamentos de reprodução assistida para esses casos!
Quais órgãos estão na região pélvica?
A região pélvica é a parte inferior do tronco. Na porção superior, é contínua à cavidade abdominal, portanto não há assoalho que delimite as duas cavidades. Na parte de baixo é delimitada pelo arcabouço ósseo formado pelo quadril e o sacro, bem como pela musculatura do períneo, constituindo o assoalho pélvico.
A pelve humana tem relação com as funções sexuais, além de sustentar os órgãos do sistema urinário e o reto. Quanto aos órgãos do trato reprodutivo feminino, a região pélvica abriga: os ovários, as tubas uterinas, o útero, o colo do útero, a vagina e a vulva.
Entenda a importância desses órgãos para a reprodução humana:
- os ovários armazenam, desenvolvem e liberam os óvulos, assim como produzem os hormônios estrogênio e progesterona;
- as tubas uterinas recolhem o óvulo e o transportam para o local da fecundação, na própria tuba. Se for fertilizado, a motilidade tubária também movimenta o óvulo em direção ao útero;
- o útero acolhe o embrião, altera suas características para permitir a implantação embrionária e sustenta o feto ao longo da gestação;
- o colo do útero cria uma barreira entre os órgãos dos tratos inferior e superior, impede a ascensão de bactérias, mantém-se fechado para proteger a gestação e se abre no momento do parto;
- a vagina e a vulva estão diretamente relacionadas às funções sexuais.
O que é DIP?
DIP, como apresentamos na introdução, é a sigla para doença inflamatória pélvica. Essa patologia, conforme o termo já esclarece, envolve inflamações nos órgãos da pelve. Podem ocorrer processos patológicos simultâneos, afetando:
- o colo do útero (cervicite);
- o endométrio (endometrite), que é o revestimento interno do corpo uterino;
- as tubas uterinas (salpingite);
- os ovários (ooforite);
- o peritônio pélvico (peritonite).
Os sintomas possivelmente apresentados pelas portadoras de DIP incluem dor pélvica, dor na região abdominal inferior, corrimento vaginal fétido e amarelado, dor na relação sexual e sangramento fora do período menstrual.
Quais são as causas da DIP?
A principal causa de DIP é a contaminação por agentes patogênicos, muitas vezes, associados a infecções sexualmente transmissíveis (ISTs). A clamídia é a infecção de maior prevalência, seguida pela gonorreia. Contudo, vários outros tipos de microrganismos, transmitidos ou não por relação sexual, também podem desencadear essa doença.
Os patógenos, geralmente, começam sua ação no colo do útero e sobem para os órgãos do trato superior, disseminando a infecção. Como resposta, o corpo desenvolve processos inflamatórios e pode causar os sintomas descritos.
Nem sempre os ovários são afetados, visto que eles não estão diretamente ligados às tubas, apenas se aproximam delas. Já o endométrio e as tubas uterinas são, comumente, acometidos pela DIP. Tanto é que a clamídia, em específico, é considerada uma das principais causas de infertilidade por obstrução tubária. Quanto à inflamação endometrial, pode ocasionar baixa receptividade, dificuldade de implantação embrionária e abortamentos recorrentes.
DIP e reprodução assistida: quais técnicas são indicadas?
Mesmo após o diagnóstico e o tratamento da DIP, a mulher pode continuar infértil em razão das sequelas das inflamações. As tubas uterinas podem desenvolver hidrossalpinge, que é um acúmulo de fluído seroso no interior do órgão. Já a endometrite pode passar para o estágio crônico, alterando a expressão dos genes relacionados à receptividade endometrial.
Nessas condições, a fertilização in vitro (FIV), técnica mais complexa da reprodução assistida, pode ajudar a melhorar as chances de gravidez para mulheres com histórico de DIP.
A FIV é realizada em uma sequência de procedimentos, permitindo que o processo reprodutivo ocorra em ambiente altamente controlado. Os principais passos são:
- estimulação ovariana;
- aspiração folicular e coleta dos óvulos;
- coleta do sêmen e preparo seminal;
- fertilização dos óvulos;
- cultivo embrionário;
- transferência dos embriões para o útero.
Na reprodução natural, as tubas uterinas têm papel fundamental. Vemos que na FIV isso não acontece, pois os óvulos são retirados do corpo da mulher, fertilizados em laboratório e os embriões são colocados diretamente no útero.
Já em relação à endometrite, o teste de receptividade endometrial (ERA) e os testes EMMA e Alice são técnicas complementares à FIV que podem ajudar. São ferramentas de análise molecular que estudam os genes relacionados ao aspecto receptivo do endométrio, de forma a identificar o período do ciclo em que o útero da paciente está mais apropriado para a implantação embrionária.
Com esses recursos disponíveis na reprodução assistida, mulheres com histórico de DIP que ficaram com prejuízos nas funções uterinas e tubárias ainda podem recuperar suas chances de engravidar.
Aproveite e leia também o texto que explica, detalhadamente, o passo a passo da fertilização in vitro!