A DIP é uma doença que afeta a região pélvica feminina, podendo causar inflamações simultâneas que, se não forem tratadas, deixam sequelas. Nesses casos, há um risco preocupante de a mulher ficar infértil.
É na região pélvica que estão situados os órgãos do aparelho reprodutor, que se divide em:
- trato genital inferior, contendo colo do útero, vagina e vulva;
- trato reprodutivo superior, onde estão o útero, as tubas uterinas e os ovários.
Há várias patologias que podem atingir esses órgãos e desencadear condições de infertilidade. A DIP, por exemplo, está fortemente associada a problemas como inflamação no endométrio (camada interna do útero) e obstrução das tubas uterinas.
Este post mostra quais são as causas mais comuns de DIP e outras informações importantes, como as formas de tratamento.
Leia com atenção!
O que é DIP?
A sigla DIP refere-se à doença inflamatória pélvica, considerada uma causa potencial de infertilidade feminina por fator tubário. É uma patologia abrangente que pode acometer, ao mesmo tempo, o colo do útero ou cérvice, o endométrio, as tubas uterinas e, raramente, os ovários. Respectivamente, instalam-se os seguintes processos inflamatórios:
- cervicite;
- endometrite;
- salpingite;
- ooforite.
Cada um desses quadros tem suas implicações na saúde reprodutiva da mulher. As condições que mais têm repercussões na fertilidade são a endometrite e a salpingite.
A endometrite é a inflamação do endométrio. Esse tecido reveste o útero por dentro e precisa estar com características apropriadas para um embrião se implantar. O processo inflamatório causa alterações moleculares que reduzem a receptividade endometrial e aumentam o risco de falhas de implantação e abortamento precoce.
A salpingite, inflamação das tubas uterinas, pode se agravar e resultar em um quadro de hidrossalpinge (acúmulo de líquido dentro da tuba). Isso afeta a permeabilidade tubária, dificulta a movimentação dos espermatozoides e o transporte do óvulo. Além de diminuir as chances de fecundação, há o risco aumentado para gravidez ectópica (com implantação do óvulo fecundado na própria tuba, sem chances de evolução).
Quais são as causas da DIP?
A DIP pode ter diferentes causas, mas está principalmente relacionada às infecções sexualmente transmissíveis (ISTs). Os agentes infecciosos mais presentes nesses casos são Neisseria gonorrhoeae e Chlamydia trachomatis, as bactérias que provocam clamídia e gonorreia.
Como resulta de um processo polimicrobiano, podem existir outros microrganismos envolvidos, incluindo: Gardnerella vaginalis, Streptococcus, Mycoplasma, Escherichia coli e Ureaplasma.
Há duas formas de desenvolver a DIP:
- a partir da contaminação por microrganismos exógenos, como nos casos de ISTs;
- a partir de infecções endógenas, nas quais os agentes que já habitam o trato genital sobem pelo colo do útero e afetam os órgãos do trato superior, devido a manipulações médicas como curetagem pós-aborto, parto (normal ou cesárea), cirurgias uterinas e colocação de dispositivo intrauterino (DIU).
A dinâmica fisiopatológica da DIP envolve a ascensão dos microrganismos. Eles começam seu trajeto na cérvice, passam pelo endométrio e entram nas tubas uterinas. Esse processo é facilitado nos dias em torno do período menstrual devido a vários fatores, como o fluxo contínuo de sangue entre a cavidade uterina e a vagina.
A partir da salpingite, a infecção pode ficar restrita às tubas ou seguir para a cavidade pélvica, podendo causar abscesso tubo-ovariano (coleção de pus) e peritonite (inflamação na membrana que recobre os órgãos abdominopélvicos).
De modo geral, identificar as causas da DIP é importante para chegar à indicação mais adequada de tratamento, inclusive se houver infertilidade associada.
Quais são os sintomas e os exames para o diagnóstico de DIP?
Algumas mulheres não chegam a apresentar sintomas, mesmo com as infecções ativas e os processos inflamatórios em curso. Outras podem variar de manifestações clínicas discretas a muito graves, isso depende do local, do estágio e da extensão da infecção.
Alguns dos sintomas relacionados à DIP são:
- dor na parte inferior do abdome e em toda a região pélvica;
- dor na relação sexual;
- secreção cervical com aspecto purulento e mau odor;
- sangramento após a relação sexual;
- sangramento fora do período menstrual;
- dor à palpação na região das tubas uterinas;
- dor à mobilização do colo do útero no exame ginecológico;
- febre.
O diagnóstico é concluído após: investigação clínica, exame físico, análises laboratoriais e outros exames complementares, como a ultrassonografia pélvica.
A avaliação clínica é importante para investigar os sintomas e conhecer o histórico médico e o padrão sexual da paciente. O exame físico detalhado ajuda a identificar dor à pressão abdominal e à palpação do colo uterino, presença de secreção cervical e outros sinais de inflamação na região pélvica.
Os exames laboratoriais (análise de sangue, urina e secreção cervical) são necessários para confirmar a existência de processos inflamatórios e detectar os tipos de microrganismo que causaram as infecções.
Por fim, a ultrassonografia pélvica e, em alguns casos, a videolaparoscopia são técnicas indicadas para confirmar alterações tubárias, presença de aderências e outras afecções estruturais associadas.
Como é feito o tratamento?
As taxas de mortalidade da DIP são baixas, mas as de morbidade são altas e incluem: infertilidade, gravidez ectópica e dor pélvica crônica. Há também o risco de abscesso e peri-hepatite (processo inflamatório intra-abdominal adjacente ao fígado). Por todas essas razões, o tratamento é indispensável.
A conduta terapêutica tem relação com as causas identificadas na avaliação diagnóstica e com o agravamento da doença. Geralmente, é feito o uso de medicamentos antibióticos e anti-inflamatórios. Em casos específicos, o tratamento hospitalar é necessário.
A reprodução assistida é uma indicação para mulheres que ficaram inférteis com DIP, sobretudo nos casos em que houve obstrução tubária decorrente de hidrossalpinge. Nessa condição, a fertilização in vitro (FIV) é a técnica indicada após o correto tratamento da infecção.
Agora, leia mais um texto e conheça outras causas de infertilidade feminina!