A capacidade reprodutiva da mulher passa por um declínio natural ao longo da vida. A quantidade de folículos ovarianos tende a reduzir progressivamente até atingir a fase da menopausa, quando a reserva de óvulos chega ao seu fim. No entanto, algumas mulheres podem ter a fertilidade interrompida antes do previsto, caracterizando um quadro de menopausa precoce.
Com este post, vamos esclarecer o que é reserva ovariana e qual a relação entre menopausa precoce e infertilidade feminina. Ao final, você verá quais possibilidades a mulher tem de engravidar após esse diagnóstico. Continue a leitura!
O que é reserva ovariana?
Desde a formação do feto feminino, os ovários já abrigam milhões de folículos — unidades funcionais que armazenam os óvulos e os liberam nos períodos de ovulação, durante a idade fértil da mulher. A reserva ovariana, portanto, corresponde ao número de folículos existentes.
As milhões de unidades que estavam nos ovários durante a vida intrauterina são reduzidas para cerca de 300 a 400 mil folículos na fase da puberdade. Essa quantidade continua decrescendo ao longo da vida e a reserva ovariana se esgota quando a mulher atinge os 50 anos.
Além da diminuição da quantidade, ocorre também uma mudança na qualidade dos óvulos. Essas mudanças que ocorrem com o passar dos anos levam a uma diminuição nas taxas de gravidez.
Portanto, mulheres que decidem adiar a gravidez, por motivos profissionais ou pessoais, devem ficar cientes de que essa decisão tem seus riscos. Nesses casos, é válido fazer uma avaliação da reserva ovariana e, se necessário, recorrer à preservação da fertilidade — procedimento em que os óvulos são congelados para serem usados em um processo de fertilização in vitro (FIV) no futuro.
Outras condições, além da idade da mulher, também podem comprometer a reserva ovariana. É o caso, por exemplo, de pacientes que passaram por tratamentos quimioterápicos ou que fizeram procedimento cirúrgico para retirada de um ou de ambos os ovários (ooforectomia).
O que é menopausa precoce?
A menopausa é uma fase pela qual todas as mulheres vão passar. Em geral, isso acontece entre os 45 e 55 anos e os sintomas indicam que os ovários já não cumprem mais suas funções.
No entanto, o quadro pode se desenvolver bem antes do esperado. Antes dos 40 anos, algumas mulheres já chegam ao esgotamento da reserva ovariana, param de ovular e de menstruar e experimentam todos os incômodos da menopausa. O quadro é chamado de falência ovariana prematura (FOP), ou simplesmente menopausa precoce.
Essa é uma condição desfavorável à capacidade reprodutiva feminina. Muitas mulheres acometidas pela menopausa precoce ainda não tiveram filhos, mas nutrem esse objetivo. Portanto, além do desconforto causado pelos sintomas da FOP, a consequência mais grave desse quadro é a infertilidade.
Os principais sintomas da menopausa precoce são:
- irregularidades no ciclo menstrual;
- ausência de menstruação por um período prolongado (até 12 meses);
- ondas de calor que surgem de repente;
- suor noturno;
- insônia;
- diminuição da libido;
- secura vaginal;
- alterações de humor.
Diante desses indícios, a mulher deve procurar um médico para avaliar o quadro. Dosagens hormonais, ultrassonografia e outros exames são realizados para avaliar a reserva ovariana e diagnosticar a menopausa precoce. Se confirmada a condição, a paciente passa por tratamento de reposição hormonal para amenizar os sintomas.
Afinal, quem tem menopausa precoce consegue engravidar?
A ausência de ovulação (anovulação) é um problema crítico para mulheres com menopausa precoce que ainda desejam ter filhos. Mas existem possibilidades de gestação para esses casos.
Com as técnicas da reprodução assistida, a infertilidade pode ser contornada. Para pacientes diagnosticadas com menopausa precoce, a melhor alternativa é a doação de óvulos, ou ovodoação.
A doação de óvulos é uma das técnicas complementares da FIV. O procedimento consiste em utilizar os gametas de uma doadora anônima. Após a formação dos embriões, estes são transferidos para o útero da paciente. Com essa opção de tratamento, a mulher passa pela experiência de gerar um filho em seu ventre, ainda que ele não carregue os seus genes.
A FIV envolve um processo complexo, que passa por várias etapas até que o embrião esteja devidamente implantado no útero da futura mãe. Com a ovodoação, a paciente não precisa ser submetida à estimulação ovariana, e o tratamento é levado para a etapa seguinte.
O sêmen do parceiro da paciente é coletado e analisado. Os melhores gametas são selecionados para fertilizar os óvulos doados. Após a fecundação, os embriões permanecem em cultivo por um período máximo de 5 dias, quando são finalmente transferidos para o útero materno.
Agora, respondendo à pergunta do título: sim, é possível engravidar com menopausa precoce. Ainda que se trate de uma condição grave, a reprodução assistida oferece possibilidades para que o sonho de ser mãe se torne realidade.
Compreenda melhor como funciona a técnica de doação de óvulos com a leitura do próximo texto!