Endométrio fino e fertilidade: qual é a relação?
É importante que os casais inférteis busquem informações a respeito das condições que podem dificultar a concepção. Algumas causas são mais frequentemente debatidas, como a endometriose, mas também precisamos explorar outros assuntos, como a relação entre endométrio fino e fertilidade.
Começamos recordando que o endométrio é a camada interna do útero. É um tecido de rica vascularização. Suas características são modificadas ao longo do ciclo menstrual, sob estímulo dos hormônios estrogênio e progesterona, para que fique adequado à implantação de um embrião.
Agora, vamos explicar o que ocorre com o tecido endometrial no decorrer dos ciclos reprodutivos femininos para, depois, relacionar endométrio fino e fertilidade. Continue a leitura e obtenha essas informações!
O que acontece com o endométrio durante o ciclo menstrual?
Ao longo do ciclo menstrual, o endométrio é preparado para a implantação de um embrião, caso ocorra a fertilização do óvulo. Se isso não acontecer, parte do endométrio se desprende do útero e é eliminada na menstruação.
O processo de preparação endometrial envolve o aumento da vascularização e a proliferação das células para deixar o tecido mais espesso. Também ocorre a atividade secretória para reorganizar o endométrio e deixá-lo receptivo e apropriado para a implantação embrionária.
Essas modificações são controladas pelos hormônios ovarianos, estrogênio e progesterona. Por sua vez, os ovários são estimulados pelos hormônios folículo-estimulante (FSH) e luteinizante (LH), liberados pelo eixo hipotálamo-hipófise.
O ciclo da mulher começa com a menstruação, que é produto da descamação do endométrio quando não há implantação embrionária. Ainda nas primeiras duas semanas do ciclo, as quais abrangem a fase folicular, os hormônios FSH e LH estimulam os ovários a desenvolverem folículos ovarianos.
Durante o crescimento folicular, o estrogênio começa a ser secretado. A ação estrogênica estimula a proliferação das células endometriais e faz o endométrio se regenerar e se espessar novamente.
Cerca de 14 dias após o início da menstruação, ocorre a ovulação. Nesse momento, um óvulo é liberado do ovário e captado pela tuba uterina. A ovulação é o evento central do período mais fértil da mulher. Em torno desse dia, há chances de concepção se o casal tiver relação sexual sem contraceptivos.
Após a ovulação, o folículo que liberou o óvulo passa a ser chamado de corpo-lúteo e começa a secretar altas doses de progesterona — essa é a fase lútea, caracterizada pela concentração progestagênica elevada, que controla a ação proliferativa do estrogênio e reorganiza o tecido endometrial.
O ciclo menstrual é um processo complexo, que pode variar de mulher para mulher e ser influenciado por diversos fatores, como doenças endócrinas, tumores hipofisários e gonadais, estresse, alimentação inadequada, atividade física exacerbada e uso de determinadas substâncias químicas, inclusive alguns medicamentos.
O que é endométrio fino?
Endométrio fino é uma condição em que o tecido endometrial tem uma espessura inferior à média esperada para determinada fase do ciclo menstrual. Normalmente, o endométrio tem entre 7 e 16 mm de espessura no período da ovulação.
Não há sintomas específicos para identificar essa condição de forma precoce, mas a mulher pode ter irregularidades menstruais, como fluxo reduzido, além de dificuldade para engravidar e abortamentos de repetição. Para confirmar o diagnóstico, a espessura é medida por meio de ultrassonografia pélvica. Valores abaixo de 7 mm caracterizam o endométrio fino.
As causas de endométrio fino incluem:
- baixos níveis de estrogênio ou pouca receptividade a esse hormônio (redução dos receptores de estrogênio);
- vascularização endometrial inadequada devido a alterações estruturais, como mioma, síndrome de Asherman, entre outras;
- doença inflamatória pélvica (DIP);
- lesões endometriais decorrentes de curetagem e outras cirurgias uterinas;
- uso excessivo de clomifeno ou pílula contraceptiva oral;
- radioterapia na região pélvica;
- idade avançada.
Por que o endométrio fino é uma causa de infertilidade?
O tecido endometrial fornece as condições adequadas para a implantação de um óvulo fertilizado. Um endométrio fino, com menos de 6 mm, pode estar associado a uma menor taxa de implantação ou maior possibilidade de aborto.
Além de ser primordial para a fixação e a nutrição do embrião no início da gravidez, o endométrio tem papel importante na formação da placenta, que assumirá a função de garantir oxigênio e nutrientes ao feto em desenvolvimento.
Quando o endométrio é fino, a fertilidade da mulher pode ficar comprometida. Ainda que um embrião consiga se implantar, há o risco de aborto. Em raras situações, outras complicações obstétricas podem ocorrer, como acretismo placentário (implantação anormal da placenta), pré-eclâmpsia, descolamento da placenta, parto prematuro e neonato com baixo peso. É importante ressaltar que nem todas as mulheres com endométrio fino terão dificuldades para ter gestação sadia.
Como tratar essa condição?
O tratamento varia de acordo com a causa e a gravidade de cada caso, mas, normalmente, inclui o uso de medicamentos hormonais, como estradiol e progesterona, para aumentar a espessura e melhorar a receptividade endometrial.
Pacientes com endométrio fino decorrente de infecções precisam de tratamento com antibióticos e anti-inflamatórios. Já nos casos de alterações estruturais, a cirurgia pode ser recomendada para remover aderências, miomas ou corrigir deformidades no útero.
Suplementação nutricional e mudanças no estilo de vida também podem ajudar a equilibrar os níveis hormonais e melhorar a saúde do endométrio e do organismo em geral.
No contexto da reprodução assistida, também há possibilidades para monitorar a espessura endometrial e promover o suporte hormonal necessário para deixar o útero em condições de receber um embrião.
A estimulação ovariana com indução de ovulação é realizada na maioria dos tratamentos, podendo ser associada à fertilização in vitro (FIV) ou a técnicas de baixa complexidade, como a relação sexual programada (RSP).
Tão importante quanto tratar o endométrio fino para melhorar a fertilidade, é favorecer a receptividade endometrial. Sendo assim, os tratamentos de reprodução assistida também incluem o uso de progestagênios para suporte à fase lútea.
Quer mais informações? Leia também nosso texto que explica outras causas de infertilidade feminina!
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