Ao longo de sua vida fértil, a mulher tem risco de ser afetada por várias doenças ginecológicas. A endometriose é uma das que mais merecem atenção, em razão dos prejuízos na qualidade de vida, dentre os quais podemos citar:
- infertilidade feminina;
- dores intensas e até incapacitantes;
- comprometimento de funções fisiológicas básicas (urinárias e intestinais), dependendo dos órgãos afetados;
- impactos na vida sexual, devido à dor durante a relação.
Esses são alguns dos desafios que a endometriose impõe à portadora, mas, é importante deixar claro logo de início que a doença se manifesta de muitas formas. As apresentações clínicas variam, assim como os órgãos afetados e a intensidade dos sintomas. Sendo assim, cada mulher sente as repercussões de forma muito particular.
Em todos os casos, contudo, o diagnóstico realizado ainda nos estágios iniciais de endometriose é fundamental para que a portadora faça o controle dos sintomas e melhore sua qualidade de vida. Além disso, contar com um especialista em medicina reprodutiva é necessário para avaliar as chances de gravidez.
Nosso objetivo, com este post, é explicar quais são as possíveis causas de endometriose — que, na verdade, são teorias, uma vez que a etiologia dessa doença não é completamente esclarecida. Também vamos abordar outras questões importantes, como principais sintomas, exames diagnósticos e formas de tratamento.
Acompanhe!
O que é endometriose?
Vale começar essa explicação lembrando que a parede do útero é formada por três tecidos. O mais interno deles, que reveste o órgão por dentro, é chamado de endométrio. Durante o ciclo menstrual, o hormônio estrogênio ativa a proliferação das células endometriais, deixando o tecido mais espesso e apropriado para a implantação de um embrião.
Sem óvulo fecundado para se implantar, ocorrem alterações hormonais e descamação do endométrio, de modo que seus fragmentos são eliminados em forma de menstruação.
A endometriose é uma patologia caracterizada por processos inflamatórios em vários sítios da região pélvica — como tubas uterinas, ovários, intestino, bexiga e região retrocervical. A inflamação é causada pelo crescimento de um tecido semelhante ao endométrio nesses locais.
Dependendo das características morfológicas (localização e profundidade das lesões), a endometriose é classificada como: peritoneal superficial; ovariana ou endometrioma; infiltrativa profunda.
Quais são as causas de endometriose?
A endometriose é uma doença crônica, de sintomatologia variável, o que torna seu diagnóstico um desafio. É estimado que a doença afete aproximadamente de 10% a 30% da população feminina em idade fértil.
Não podemos falar em causas bem estabelecidas de endometriose, mas existem teorias importantes que sugerem a origem dessa doença. A principal delas é a teoria da menstruação retrógrada, que sugere o refluxo do sangramento menstrual pelas tubas uterinas e a dispersão dos fragmentos de endométrio pela cavidade pélvica.
Explicando de forma mais clara: vimos que a menstruação resulta da descamação do endométrio quando não há gravidez, o que ocorre de forma cíclica. O sangramento menstrual é naturalmente eliminado pelo canal vaginal. Segundo a teoria da menstruação retrógrada, parte desse sangue reflui pelas tubas uterinas e se espalha pelo interior da pelve, permitindo que fragmentos de endométrio se implantem em órgãos próximos ao útero.
Essa é uma teoria bem aceita, mas não é considerada uma causa exclusiva de endometriose. A doença parece ser multifatorial e tende a se desenvolver quando a mulher também apresenta componentes genéticos e alterações imunológicas, além de fatores anatômicos, hormonais e até ambientais que favorecem seu surgimento.
A teoria da metaplasia celômica é outra abordada com frequência para explicar as causas da endometriose. Segundo essa hipótese, o tecido peritoneal normal pode se transformar em tecido endometrial em resposta a um estímulo endógeno de indução, por fatores imunológicos ou hormonais. Também pode ter relação com a presença de células residuais dos ductos de Müller (estruturas embrionárias que originam o útero e outros órgãos).
Ainda, outras teorias sugerem a disseminação das células endometriais por via hematogênica e linfática, bem como a atividade de células-tronco que poderiam passar pelo processo de diferenciação celular, originando um tecido endometrial fora do útero.
Quais são os sintomas e complicações da endometriose?
Embora a endometriose seja uma doença de variadas manifestações, inclusive assintomática, os sinais mais relatados pelas portadoras são as cólicas menstruais de intensidade progressiva e a dor pélvica crônica. A dor ao contato íntimo também é comum e costuma prejudicar a vida sexual da mulher.
Quando as lesões aparecem nos órgãos dos sistemas intestinal e urinário, a portadora também apresenta alterações específicas durante o período menstrual, como dor para evacuar e urinar, diarreia ou constipação e presença de sangue nas fezes.
Uma das principais complicações da endometriose — além dos sintomas dolorosos que afetam a qualidade de vida da mulher — é a infertilidade. Essa relação é explicada por vários mecanismos, incluindo: presença de aderências que provocam distorções anatômicas dos órgãos; obstrução das tubas uterinas; alteração no desenvolvimento dos óvulos; ambiente intraperitoneal inflamatório que prejudica a migração dos espermatozoides e a fertilização.
Como é feito o tratamento dessa doença?
A endometriose é diagnosticada a partir do relato dos sintomas e do exame físico que permite a detecção de massas pélvicas. A ultrassonografia é a principal técnica de imagem para identificar e mapear as lesões endometrióticas.
O tratamento de primeira escolha deve ser feito com medicamentos hormonais, quando a intenção é apenas controlar os sintomas. Nos casos mais graves, com muitas aderências e distorção dos órgãos, a indicação é para a abordagem cirúrgica por videolaparoscopia. Nesses casos, é aconselhável o congelamento de óvulos ou embriões previamente à cirurgia.
Em caso de endometriose e infertilidade, a paciente pode contar com a cirurgia e com as técnicas de reprodução assistida, as quais incluem estimulação ovariana com indução da ovulação associada à relação sexual programada ou à inseminação artificial para os casos mais simples. Já a fertilização in vitro (FIV) é indicada para pacientes em estágio avançado da doença, que apresentam lesões ovarianas e obstrução tubária.
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