O útero é um órgão fundamental para a reprodução humana, e o endométrio, sua camada interna, desempenha um papel importantíssimo no processo de implantação do embrião. A endometrite crônica é uma inflamação persistente nesse tecido.
As funções do útero são abrigar, nutrir e proteger o feto durante a gestação. A parede uterina é formada por três camadas:
- o perimétrio, que é a camada externa e protege o órgão na cavidade pélvica;
- o miométrio, a camada muscular intermediária, responsável pelas contrações uterinas e pela capacidade de expansão do órgão;
- o endométrio, o revestimento interno, que tem funções relacionadas à menstruação e à implantação embrionária.
O endométrio se renova a cada ciclo menstrual, preparando-se para receber um embrião. Quando não há um óvulo fertilizado para se implantar, parte do tecido endometrial descama e é eliminada em forma de sangramento menstrual. Assim, no ciclo seguinte, os hormônios reprodutivos agem novamente para deixar o endométrio em condições apropriadas para uma possível gravidez.
A endometrite crônica é uma dentre várias doenças que podem modificar as características anatômicas e funcionais do útero e causar sintomas ginecológicos que afetam o bem-estar da mulher.
Diferentemente da endometrite aguda, que pode apresentar sinais mais claros, como febre e dor no baixo ventre, a endometrite crônica pode ser silenciosa, ou seja, apresentar sintomas leves ou mesmo passar despercebida, o que dificulta seu diagnóstico precoce.
Neste post, vamos abordar as causas e os sintomas de endometrite, assim como os exames para o diagnóstico e as formas de tratamento. Leia com atenção e conheça a doença!
Quais são as causas de endometrite?
A endometrite crônica pode surgir a partir de diversos fatores, principalmente associados a infecções e traumas no endométrio. Uma das causas mais comuns é a infecção bacteriana, especialmente por bactérias ascendentes que migram da vagina para o útero.
Os microrganismos infecciosos podem incluir bactérias como Chlamydia trachomatis (clamídia), Neisseria gonorrhoeae (gonorreia), Escherichia coli, Streptococcus, entre outras, que se instalam no tecido endometrial e provocam a inflamação.
Procedimentos ginecológicos como a inserção de dispositivos intrauterinos (DIU), cirurgias no útero, curetagem após aborto, AMIU ou partos também podem provocar lesões no endométrio e levar ao desenvolvimento da endometrite crônica.
Outra possível causa da endometrite é a infecção pós-parto ou pós-aborto, quando restos placentários ou tecidos fetais permanecem no útero e servem como meio de proliferação bacteriana.
Em alguns casos, quando a endometrite crônica está associada a infecções sexualmente transmissíveis (ISTs), como a clamídia e a gonorreia, ela pode fazer parte de uma condição mais extensa, a doença inflamatória pélvica (DIP), que também pode afetar o colo do útero (cervicite), as tubas uterinas (salpingite), os ovários (ooforite) e o peritônio pélvico (peritonite).
Quais são os sintomas de endometrite crônica?
Os sintomas da endometrite crônica variam de acordo com a gravidade da inflamação, mas, em muitos casos, podem ser sutis ou até inexistentes. Isso dificulta o diagnóstico precoce.
Em sua fase aguda, a endometrite pode causar os seguintes sintomas:
- dor na parte inferior do abdome;
- secreção vaginal purulenta;
- sangramento fora do período menstrual;
- dor na relação sexual;
- sangramento após a relação sexual;
- febre.
Após algumas semanas, esses sintomas regridem ou tornam-se brandos e inespecíficos. Em sua fase crônica, a endometrite costuma ser clinicamente silenciosa, mas algumas das possíveis manifestações são dor pélvica leve e contínua, sangramento irregular e corrimento vaginal.
Como a maioria das mulheres com essa condição não apresenta sintomas evidentes, é difícil confirmar a endometrite somente com a avaliação clínica. Exames específicos podem ser solicitados dependendo da suspeita médica e com base no histórico da paciente — por exemplo, realização prévia de procedimentos uterinos ou episódio anterior de IST.
Como diagnosticar e tratar essa doença?
O diagnóstico da endometrite crônica envolve uma combinação de métodos clínicos e laboratoriais.
A realização de uma biópsia endometrial, que consiste na retirada de uma amostra de células do endométrio para análise microscópica, é de grande importância para confirmar as alterações. Essa análise permite identificar a presença de inflamação e de células anormais.
Exames de imagem, como a ultrassonografia pélvica, também podem ser utilizados para descartar outras condições que afetam o útero.
A histeroscopia diagnóstica, por sua vez, permite a visualização direta do interior do útero, sendo considerada a técnica padrão ouro para investigar doenças da cavidade uterina, além de possibilitar a biópsia endometrial dirigida com estudo imuno-histoquímico.
Uma vez diagnosticada, o tratamento da endometrite crônica geralmente envolve o uso de antibióticos específicos, direcionados à eliminação das bactérias causadoras da infecção. O tipo de antibiótico e a duração do tratamento medicamentoso dependem da gravidade da inflamação e do patógeno identificado.
Em alguns casos, o tratamento da endometrite crônica pode ser prolongado e envolver o uso de diferentes classes de antibióticos para garantir a erradicação completa da infecção. Após o tratamento, exames de controle podem ser realizados para verificar a recuperação do tecido endometrial.
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