A fertilização in vitro (FIV) é um tratamento avançado de reprodução assistida que envolve o uso de diversas técnicas para possibilitar a gravidez em casais inférteis. O processo acompanha todas as etapas da concepção humana, começando pela estimulação dos ovários para obtenção de vários óvulos até que alcancem o estágio de embriões em clivagem. Em alguns casos, opta-se por deixar que cheguem ao estágio de blastocisto.
A FIV segue um passo a passo principal que inclui estimulação ovariana, coleta dos gametas femininos e masculinos, fertilização dos óvulos em laboratório, cultivo dos embriões — até a fase de clivagem (2/3 dias) ou de blastocisto (5 dias) — e transferência para o útero. Além dessas etapas, o tratamento pode ser complementado com técnicas de apoio, conforme as necessidades de cada caso.
Com este post, vamos explorar a relação entre FIV e blastocisto. Continue a leitura para compreender como todo o processo de reprodução acontece até que o embrião alcance esse estágio de desenvolvimento!
O que é blastocisto?
Blastocisto é o termo usado para designar o estágio do embrião após 5 dias de fecundação do óvulo. A essa altura, a estrutura embrionária já é constituída por um agrupamento de mais de 32 células, os blastômeros. Esse é o estágio de desenvolvimento em que o embrião está pronto para se fixar na parede do útero e iniciar a vida gestacional.
É oportuno relembrar brevemente como o processo reprodutivo acontece: estimulado pela ação dos hormônios sexuais, o ovário desenvolve o folículo e amadurece o óvulo que é liberado e captado pela tuba uterina. Com o ato sexual, os espermatozoides passam pelo sistema reprodutor feminino, ascendem pela cérvice (colo do útero), passam pela cavidade uterina e adentram a tuba, onde o óvulo está à espera para ser fecundado.
A união entre espermatozoide e óvulo dá origem a uma célula única chamada zigoto. O processo de divisão celular (clivagens) é rápido e contínuo. Após 5 dias, o embrião já é um blastocisto, apresentando uma cavidade central (blastocele) e duas camadas de células. A camada interna é responsável pela formação do feto e as células externas correspondem ao trofectoderma, o qual dá origem aos anexos embrionários (bolsa amniótica, placenta e outros).
Na fase de blastocisto, o embrião apresenta sincronização adequada com o útero para a implantação. No entanto, vários fatores são determinantes nesse processo, como os níveis de progesterona, a espessura do endométrio (tecido que recobre a parede uterina), a vascularização e a arquitetura intrauterina — considerando que uma série de doenças e malformações podem interferir nesses aspectos.
Qual é a relação entre FIV e blastocisto?
Na FIV, o blastocisto pode se formar como na reprodução natural, ou seja, o desenvolvimento embrionário segue as mesmas etapas, a diferença está nos acontecimentos anteriores — preparação dos gametas e fertilização. Para facilitar a compreensão, vamos detalhar o que acontece na FIV até que o embrião se torne um blastocisto.
O primeiro passo do tratamento é a estimulação ovariana. Para isso, são utilizados fármacos hormonais (orais ou injetáveis) para que os ovários recrutem um grande número de folículos ovarianos — são esses folículos que guardam os óvulos. O desenvolvimento folicular é monitorado com exames de ultrassom e dosagens hormonais até a maturação final dos óvulos, que também é induzida com medicamentos.
Antes que a ovulação aconteça — cerca de 36 horas depois da medicação para amadurecer os óvulos — os folículos são aspirados. Em laboratório de embriologia, os gametas são identificados e analisados. Enquanto isso, a amostra de esperma também é obtida e passa por preparo seminal, com o objetivo de garantir os espermatozoides com melhor qualidade.
O passo seguinte é a fertilização dos óvulos. Nos tratamentos atuais, a técnica mais realizada é a injeção intracitoplasmática de espermatozoides (ICSI). Dessa forma, os gametas masculinos são novamente analisados com o auxílio de um microscópio avançado e, um a um, são micromanipulados e injetados no interior de cada óvulo selecionado.
Um dia depois, já é possível avaliar quantos fertilizaram. Em seguida, eles são cultivados em incubadoras que oferecem um ambiente adequado para o desenvolvimento embrionário, com aspectos semelhantes aos do microambiente uterino.
Durante o processo de divisão celular, nem todos os embriões evoluem. Alguns interrompem espontaneamente seu desenvolvimento, outros prosseguem conforme o esperado até o estágio de blastocisto, quando são transferidos para o útero materno ou congelados para transferência em um ciclo futuro. Aproximadamente de 50% a 60% dos embriões em estágio de clivagem se desenvolvem até o estágio de blastocisto, no laboratório.
Outra possibilidade, mais comumente usada na FIV, é transferir os embriões antes da fase de blastocisto, ainda na fase de clivagem. Assim, de acordo com cada caso, a transferência também pode ocorrer com 2 ou 3 dias de desenvolvimento embrionário. O protocolo é definido conforme a avaliação individualizada do casal.
Como vimos, na FIV, o blastocisto é formado após uma complexa sequência de procedimentos que visam a obtenção e preparação dos gametas, bem como a fertilização em ambiente extrauterino. Apesar da complexidade do tratamento como um todo, o desenvolvimento embrionário é semelhante ao que ocorre na reprodução natural, isto é, as divisões celulares acontecem da mesma forma desde a formação do zigoto até o estágio de blastocisto.
Aprofunde seu conhecimento sobre fertilização in vitro, leia o texto completo que fizemos, abordando detalhadamente cada etapa do tratamento!