Fertilidade é a capacidade de engravidar naturalmente. O sucesso da gravidez, entretanto, depende do funcionamento adequado dos órgãos reprodutores, bem como de outros elementos, como a saúde dos gametas, óvulos e espermatozoides, células sexuais femininas e masculinas com as informações genéticas, e, do equilíbrio dos níveis hormonais envolvidos no processo reprodutivo.
Na puberdade, mulheres e homens se tornam aptos a engravidar. A primeira menstruação marca o início dos ciclos ovulatórios femininos, quando os folículos, que contêm o óvulo imaturo e estão presentes desde o nascimento nos ovários passam a ser utilizados. Essa reserva ovariana, portanto, diminui à medida que a mulher envelhece e se esgota na menopausa, o que torna a idade o principal fator de infertilidade feminina.
Os homens, por sua vez, produzem continuamente espermatozoides durante toda a vida. Assim, apesar de milhares serem expelidos a cada ejaculação, novos são novamente produzidos. No entanto, a fertilidade masculina, como a feminina, também pode ser afetada pela idade.
Para saber mais sobre a relação entre idade e fertilidade masculina é só continuar a leitura até o final. Confira!
Fertilidade masculina
O sistema reprodutor masculino é formado por órgãos internos e externos. Os internos são os testículos, os epidídimos, ductos deferentes, ejaculatórios, vesículas seminais, próstata e glândulas bulbouretrais, enquanto os internos são a bolsa testicular e o pênis.
Os testículos, gônadas ou glândulas sexuais dos homens, são responsáveis pela produção de espermatozoides, espermatogênese, e de testosterona, principal hormônio masculino fundamental nesse processo e são abrigados na bolsa testicular que os mantém na temperatura ideal para que ele aconteça.
A produção de espermatozoides acontece nos testículos, as gônadas ou glândulas sexuais dos homens, em estruturas disposta em novelo nos lóbulos testiculares, os túbulos seminíferos e é orientada pelo eixo hipotalâmico-hipofisário-gonodal.
O hipotálamo, região no centro do sistema nervoso, secreta o GnRH, hormônio liberador de gonadotrofina que estimula a hipófise a liberar as gonadotrofinas LH, hormônio luteinizante e FSH, hormônio folículo-estimulante.
O LH atua nas células de Leydig, localizadas no espaço entre os túbulos seminíferos, estimulando a produção da testosterona e o FSH nas de Sertoli, que revestem o interior dos túbulos em que ficam localizadas as células percussoras dos espermatozoides, chamadas espermatogônias.
No início da espermatogênese, as espermatogônias se multiplicam crescem e se dividem originando os espermatócitos, que sofrem nova divisão celular formando as espermátides, que se transformam em espermatozoides.
Depois de formados os espermatozoides são transportados aos epidídimos, ductos em que ocorre o amadurecimento final, quando a cauda é formada. O espermatozoide completo possui cabeça, fica localizado o núcleo, peça intermediária e cauda ou flagelo que garante a movimentação pelo organismo feminino.
Quando ocorre o estímulo sexual são transportados aos ductos deferentes, quando recebem os líquidos produzidos pelas vesículas seminais, próstata e glândulas bulbouretrais formando o sêmen, lançado aos ductos ejaculatórios e uretra durante o orgasmo para ser expelido pelo pênis.
O sêmen é responsável por abrigar, nutrir e facilitar o transporte dos espermatozoides até que alcancem o óvulo para fecundá-lo.
Ainda que esse processo aconteça durante toda a vida do homem, pode sofrer interferências de diferentes condições afetando, dessa forma, a fertilidade masculina. A idade, mesmo que não seja isoladamente considerada um fator de infertilidade como no caso das mulheres, pode igualmente interferir na capacidade reprodutiva.
Idade e fertilidade masculina
Os homens, assim como as mulheres também vivenciam a menopausa. Nesse caso, a masculina está associada à diminuição natural dos níveis de testosterona como resultado direto do envelhecimento. A testosterona atinge seu pico durante a puberdade e início da idade adulta, depois dos 30 anos os níveis começam a diminuir gradualmente e de forma constante.
O hormônio atua na divisão celular e no amadurecimento dos espermatozoides. A diminuição dos níveis pode levar à baixa concentração de espermatozoides no sêmen, oligozoospermia, ou ausência, azoospermia, uma das principais causas de infertilidade masculina, bem como resultar em um percentual alto de gametas com problemas de motilidade, impedindo ou dificultando a fecundação.
Segundo estudos, a partir dos 31 anos os homens já podem ter motilidade espermática reduzida, depois dos 41 anos são mais propensos a ter baixa concentração no sêmen e acima dos 50 anos, além da motilidade e concentração menores, têm o risco maior de anormalidades cromossômicas, no entanto é um aumento discreto.
A consequência, nesse caso, é a formação de embriões de má qualidade, que tendem a não se implantar no endométrio, camada interna uterina na qual se fixam para dar início à gravidez, resultando em falhas e abortamento, ou o desenvolvimento de doenças cromossômicas quando a implantação acontece.
Além da idade, durante a vida diversas condições podem afetar a fertilidade masculina. Geralmente, interferem na espermatogênese e, assim, na concentração e qualidade dos gametas ou provocam obstruções que impedem o transporte para fecundar o óvulo.
Entre as mais comuns estão a varicocele e inflamações nos órgãos reprodutores. A varicocele, doença bastante comum, tem como característica a formação de varizes nos testículos, que causam um aumento na temperatura da bolsa testicular, assim como refluxo sanguíneo com depósito de substâncias tóxicas originárias do rim, comprometendo a espermatogênese.
Os processos inflamatórios, por sua vez, como epididimite, dos epidídimos ou orquite, dos testículos, podem provocar alterações nos níveis hormonais, na qualidade dos gametas ou a formação de aderências que impedem o transporte.
Contudo, homens com infertilidade como consequente da idade ou de outros fatores podem contar com a reprodução assistida para auxiliar a gravidez.
Infertilidade e reprodução assistida
Duas técnicas de reprodução assistida podem ser utilizadas para solucionar os problemas de infertilidade masculina, a inseminação artificial (IA) ou a fertilização in vitro com injeção intracitoplasmática de espermatozoides (FIV com ICSI).
A IA é indicada quando há pequenas alterações na motilidade dos espermatozoides, que são capacitados e selecionados por técnicas de preparo seminal e os melhores inseridos em um cateter e depositados no útero da parceira durante o período fértil para que a fecundação aconteça naturalmente, nas tubas uterinas. Nesses casos, é extremamente importante levar em consideração a idade da mulher.
Já a FIV com ICSI permite o tratamento de fatores mais graves, como alterações mais sérias na qualidade dos espermatozoides, baixa concentração ou ausência no sêmen. A fecundação é realizada em laboratório, precedida da coleta e seleção dos melhores espermatozoides pelo preparo seminal.
Durante o processo, cada espermatozoide é novamente avaliado, em movimento, por um microscópio de alta magnificação e, depois de selecionado, é injetado diretamente no citoplasma do óvulo, solucionando, dessa forma, a baixa concentração no sêmen, oligozoospermia.
Se o quadro for de azoospermia, por outro lado, podem ser coletados diretamente dos epidídimos ou testículos, submetidos ao preparo seminal e usados na fecundação.
Os embriões formados se desenvolvem por alguns dias e são transferidos diretamente ao útero materno.
A FIV permite ainda a preservação da fertilidade em antecipação ao declínio natural da idade. O procedimento, chamado preservação social da fertilidade, envolve eventualmente o congelamento dos gametas masculinos, posteriormente descongelados e usados na FIV com ICSI quando o homem desejar ter filhos.
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