Leucorreia é um dentre tantos sintomas que a mulher pode ter. Há uma vasta quantidade de alterações ginecológicas. Algumas não são tão preocupantes, enquanto outras sinalizam a necessidade de buscar avaliação médica e tratamento o quanto antes — dependendo da gravidade, a mulher pode, inclusive, ficar infértil.
O corpo da mulher produz muito mais sintomas que o corpo do homem. A fisiologia feminina, sobretudo relacionada às funções do sistema reprodutor, contribui para isso. O ciclo menstrual, por exemplo, mexe ininterruptamente com o organismo, em razão da ação alternada de vários hormônios.
Acompanhe, neste texto, o que significa leucorreia, quais doenças podem provocar esse sintoma e se é necessário se preocupar com tratamento. Saiba ainda se tal manifestação tem relação com a infertilidade feminina e como proceder nesses casos.
O que é leucorreia?
Leucorreia é o nome clínico para o corrimento vaginal. É uma preocupação frequente entre as mulheres, sobretudo durante a idade reprodutiva. Pode apresentar diferentes características, de acordo com os fatores etiológicos.
A secreção vaginal de cor clara ou branca é uma resposta fisiológica do organismo, nem sempre associada a processos patológicos. Nesse caso, é assintomática e composta por líquidos que inibem o crescimento de bactérias oportunistas e, com isso, protegem a parede da vagina de ações infecciosas e inflamatórias.
O corrimento fisiológico pode variar em quantidade e aspecto, conforme a influência hormonal, que se altera em cada fase do ciclo menstrual. Outras condições não patológicas que modificam a apresentação da secreção vaginal são o uso de medicamentos à base de hormônios, a excitação sexual e a gravidez. Fatores psicológicos também podem influenciar.
Quando algum processo de infecção ou inflamação se instala no trato genital, as características desse corrimento se alteram. A secreção pode ficar amarelada ou esverdeada, com aspecto purulento e mau odor. Também pode vir acompanhada de prurido (coceira) vulvovaginal, dor ou ardor ao urinar e dor pélvica.
Dependendo da causa da leucorreia, outros sintomas presentes são dor no baixo abdome, dor na relação sexual, sangramento fora do período menstrual, febre e mal-estar. Nessas condições, possivelmente se trata de uma doença infecciosa.
O que pode causar leucorreia?
As principais causas de corrimento vaginal são vaginose bacteriana, candidíase vulvovaginal e tricomoníase. A infecção por clamídia e ainda outras infecções sexualmente transmissíveis (ISTs) também podem causar vários processos inflamatórios pélvicos, nos quais é comum a presença de leucorreia.
Conheça melhor as causas desse sintoma!
Vaginose bacteriana
Essa condição resulta de um desequilíbrio da flora vaginal, que ocasiona o crescimento anormal de bactérias anaeróbias, ao passo que ocorre redução dos lactobacilos da flora normal. Não é transmitida sexualmente e representa quase a metade dos casos de leucorreia.
Candidíase vulvovaginal
Candidíase é uma infecção da vulva e vagina, provocada por fungos que habitam a mucosa vaginal. Quando o meio se torna favorável, tais fungos se proliferam, causando leucorreia e prurido, além de outros possíveis sintomas.
Entre os fatores que predispõem a proliferação fúngica, estão: diabetes, obesidade, higiene e vestuário inadequados, depilação vulvar, gravidez e uso de determinados medicamentos — anticoncepcionais orais com alta dose hormonal, antibióticos e corticoides, por exemplo.
ISTs
Tricomoníase, clamídia, gonorreia e herpes simples são infecções transmitidas por sexo sem preservativos e que podem causar, além de leucorreia, uma série de problemas no trato reprodutivo feminino.
As ISTs são a principal causa de doença inflamatória pélvica (DIP), que abrange múltiplos processos inflamatórios, incluindo:
- cervicite (no colo do útero);
- endometrite (na parte interna do útero):
- salpingite (nas tubas uterinas);
- ooforite (nos ovários).
Essas doenças afetam a fertilidade da mulher, visto que se instalam nos órgãos reprodutores, sobretudo, a salpingite e a endometrite, que podem provocar, respectivamente, obstrução das tubas uterinas e alterações endometriais que reduzem a receptividade do útero.
Vaginite atrófica
Outra causa de leucorreia é a vaginite atrófica, que se caracteriza por uma inflamação decorrente da atrofia da mucosa vaginal por hipoestrogenismo (diminuição nos níveis de estrogênio). É mais comum na menopausa e nos períodos de pós-parto e amamentação. Além disso, pode ocorrer com mulheres que utilizam medicamentos antiestrogênicos ou estão realizando tratamentos com quimioterapia e radioterapia.
É necessário fazer tratamento para leucorreia?
Como vimos, a leucorreia pode estar associada a várias doenças ginecológicas, portanto, sim, é importante fazer uma avaliação médica para confirmar as causas do sintoma e realizar o tratamento adequado.
Lembrando que existe o corrimento fisiológico e não patológico. No entanto, quando a secreção apresenta características anormais, como coloração amarelada/esverdeada e mau odor, ou vem acompanhada de outros sintomas, a visita ao ginecologista é recomendada.
Normalmente, o tratamento envolve o uso de medicamentos antibióticos para os casos de infecção. Condições como a candidíase e a vaginite atrófica também podem ser tratadas com cremes vaginais, conforme prescrição médica.
A reprodução assistida entra nas opções de tratamento para pacientes que apresentam leucorreia como sintoma de DIP. Mesmo após a intervenção medicamentosa, podem restar sequelas nos órgãos reprodutores. Sendo assim, mulheres que desenvolvem endometrite crônica ou obstrução tubária podem necessitar de fertilização in vitro (FIV) para engravidar.
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