Menstruação retrógrada é uma alteração no funcionamento do sistema reprodutor feminino. As mulheres que têm essa disfunção não percebem nada de errado em seu corpo, uma vez que não se trata de uma condição sintomática. Entretanto, em alguns casos, pode haver consequências.
O sangramento menstrual acontece de forma cíclica e indica que a mulher não está grávida. Faz parte de um processo fisiológico que acontece desde a adolescência até a menopausa. Portanto, está presente em toda vida fértil da mulher, sendo um motivo de cuidados específicos e até de desconfortos com os quais os homens não precisam se preocupar.
Alterações menstruais podem ser indício de doenças que muitas vezes trazem sintomas dolorosos e infertilidade feminina. Sendo assim, a mulher precisa estar sempre atenta ao seu corpo para detectar irregularidades e buscar avaliação médica. O acompanhamento ginecológico periódico também é fundamental para a identificação precoce de doenças.
Continue a leitura e entenda o que é menstruação retrógrada e qual doença está associada a essa alteração!
O que é menstruação retrógrada?
Menstruação retrógrada é um mecanismo de refluxo do sangue menstrual. Isso significa que em vez que o sangue uterino escoar totalmente pelo canal vaginal, parte dele reflui pelas tubas uterinas e se espalha pela cavidade pélvica.
O sangramento menstrual é resultante da descamação do endométrio, tecido que reveste o útero por dentro. Isso acontece mensalmente, ao longo da vida reprodutiva da mulher, devido à ação alternada de 4 hormônios: folículo-estimulante (FSH), luteinizante (LH), estrogênio e progesterona.
O FSH e o LH são produzidos pela hipófise, sua ação no ciclo menstrual é estimular o desenvolvimento dos folículos ovarianos, bem como o amadurecimento e a liberação de um óvulo. Após a ovulação, os resíduos do folículo que se rompeu formam o corpo-lúteo, que passa a secretar estrogênio e progesterona para modificar as características do endométrio.
O estrogênio provoca o espessamento do tecido endometrial e a progesterona o mantém receptivo para um possível embrião. Os níveis desses hormônios diminuem se o embrião não implantar e, portanto, não há produção de hCG. Com isso, o endométrio descama e retorna à sua espessura normal. O tecido que se desprendeu da parede uterina é eliminado em forma de menstruação.
A menstruação retrógrada é referida para explicar o desenvolvimento da endometriose — uma doença inflamatória e crônica que pode provocar dores intensas e infertilidade. De acordo com essa explicação, os fragmentos de tecido endometrial se implantam nos órgãos pélvicos ao refluir pelas tubas uterinas, causando lesões.
Vale esclarecer que nem toda mulher que tem menstruação retrógrada desenvolve endometriose. Esse mecanismo por si só não é a causa determinante da doença, mas tem efeito quando associado a fatores genéticos, imunológicos, endócrinos, anatômicos e até ambientais — portanto, uma patologia multifatorial.
O que é endometriose?
A endometriose é uma afecção ginecológica que afeta várias partes da região pélvica, como peritônio, tubas uterinas, ovários, ligamentos que sustentam o útero, intestino, bexiga e ureteres. As lesões endometrióticas são causadas pela presença de células endometriais que não deveriam estar fora do útero.
Em sítios extrauterinos, o endométrio também é ativado pelo estrogênio, levando ao sangramento e ao processo inflamatório localizado. Isso pode provocar sintomas cíclicos como cólicas intensas, dor durante a relação sexual e dificuldades urinárias e intestinais, dependendo do tipo da doença. A dor pélvica acíclica também é um sintoma comum de endometriose.
A doença é classificada em três tipos:
- quando as lesões são localizadas superficialmente no peritônio — membrana que protege os órgãos — trata-se de endometriose peritoneal superficial;
- se houver acometimento dos ovários, formam-se cistos chamados de endometrioma ou endometriose ovariana;
- quando os implantes se aprofundam no peritônio por mais de 5 mm e se infiltram nos órgãos, é caracterizada a endometriose infiltrativa profunda.
A mesma portadora pode apresentar lesões concomitantes superficiais e profundas, bem como endometrioma. Todos os tipos da doença podem causar infertilidade.
Como é o tratamento na reprodução assistida?
A endometriose é um dos problemas que mais leva as mulheres às clínicas de reprodução assistida. A doença provoca infertilidade por vários mecanismos, interferindo no desenvolvimento dos óvulos, na sobrevida dos espermatozoides no corpo feminino, na fertilização e no transporte do embrião pela tuba uterina.
Na reprodução assistida, há técnicas de baixa e alta complexidade, indicadas a partir de uma avaliação detalhada do casal. Casos mais leves de endometriose podem ser tratados com estimulação ovariana, empregada nos tratamentos com relação sexual programada.
Portadoras de endometriose grave, com acometimento ovariano e obstrução tubária, são indicadas à fertilização in vitro (FIV). Se a cirurgia para remoção de endometrioma for necessária, a mulher é orientada a fazer primeiramente a criopreservação (congelamento) dos óvulos.
Vale reforçar, por fim, que a menstruação retrógrada não é uma doença e não é causa isolada de endometriose, mas um fator que pode contribuir para o desenvolvimento dessa patologia se associada a fatores genéticos, imunológicos, entre outros.
Mais informações você também encontra em nosso texto principal sobre endometriose!