É importante abordar a relação entre mioma submucoso e infertilidade feminina, pois esse é um problema enfrentado por uma fração das mulheres em idade fértil, as quais têm intenção de engravidar, mas não conseguem — e, muitas vezes, desconhecem a causa de sua dificuldade.
Miomas são tumores ginecológicos benignos, desenvolvidos a partir do crescimento desordenado de células do miométrio. A camada miometrial ocupa a parte do meio da parede uterina, enquanto o revestimento interno é chamado de endométrio e o tecido mais externo é a camada serosa.
A proliferação anormal das células miometriais provoca formações nodulares de vários tamanhos, únicas ou múltiplas, e que podem crescer em diferentes locais da parede do útero:
- os intramurais se localizam na espessura do próprio miométrio, que é o tecido muscular uterino;
- os subserosos ficam na camada mais externa da parede uterina e podem atingir maiores volumes, pois crescem na direção da cavidade pélvica;
- os miomas submucosos crescem para dentro do útero, invadindo o endométrio.
Leia o texto completo e entenda qual é a relação entre mioma submucoso e infertilidade!
O que é mioma submucoso?
O mioma submucoso, como vimos, é um tipo de tumor benigno que cresce na camada muscular da parede uterina e se projeta para a parte interna do órgão. Embora não seja o tipo de mioma mais frequente, é o que mais tem relação com a infertilidade feminina.
Os miomas são achados comuns em mulheres com idade reprodutiva, sendo o intramural o mais frequente. São, em sua maioria, assintomáticos, de forma que nem sempre requerem tratamento. Podem se manter em tamanho estável ou aumentar de volume, assim como podem diminuir após a menopausa.
A redução pós-menopausa ocorre porque se trata de uma condição estrogênio-dependente, ou seja, seu crescimento depende de fatores hormonais. O estrogênio é um dos hormônios que regulam o funcionamento cíclico do sistema reprodutor da mulher durante sua idade fértil. Na menopausa, os níveis diminuem drasticamente.
Como muitos casos são assintomáticos, os miomas podem ser diagnosticados durante a realização de exames de rotina. Entretanto, parte das portadoras também relata sintomas que interferem no bem-estar e na qualidade de vida, como:
- sangramento uterino anormal (abundante e por período prolongado);
- dor pélvica;
- dispareunia de profundidade (dor na relação sexual);
- aumento do volume uterino e abdominal;
- sensação de pressão no abdome;
- anemia, devido à perda intensa de sangue.
Miomas subserosos também podem manifestar aumento da frequência urinária e sintomas compressivos, visto que crescem para a cavidade pélvica e pressionam os órgãos vizinhos, como bexiga e intestino.
Os miomas submucosos são os que mais causam sintomas, principalmente associados ao aumento do fluxo menstrual, pois afetam o endométrio, que é o tecido que dá origem à menstruação quando descama.
O que é infertilidade?
Infertilidade é a incapacidade de engravidar de forma espontânea, em um contexto de tentativas de gravidez por, no mínimo, 1 ano. Para mulheres com mais de 35 anos, o tempo de referência é de 6 meses.
A mulher e o homem são igualmente responsáveis pela dificuldade de concepção de um casal. Em muitos casos, ambos apresentam, simultaneamente, algum fator de infertilidade. Sendo assim, os dois devem ser examinados para ter um diagnóstico e um prognóstico reprodutivo.
O sistema reprodutor feminino, em específico, pode ser afetado por diferentes disfunções. Entre as principais causas de infertilidade, estão:
- idade materna acima dos 35;
- distúrbios de ovulação, causados por síndrome dos ovários policísticos (SOP) e outras alterações hormonais — inclusive, relacionadas ao estilo de vida;
- endometriose;
- infecções pélvicas que levam à obstrução das tubas uterinas e à inflamação endometrial;
- doenças estruturais uterinas, incluindo pólipo e mioma.
Apesar de serem listados como uma das principais causas de infertilidade, os miomas prejudicam a capacidade reprodutiva de um pequeno percentual de mulheres, em comparação com os casos de endometriose e anovulação. A portadora tem mais risco de ficar infértil, justamente, quando desenvolve mioma submucoso.
Por que o mioma submucoso pode causar infertilidade?
Esse tipo de mioma invade e distorce a cavidade endometrial. Quando um óvulo é fecundado, é exatamente no endométrio que ele precisa se implantar para marcar o início da gestação e para que o embrião tenha condições de continuar se desenvolvendo.
Visto isso, acredita-se que o mioma submucoso provoque infertilidade devido aos seguintes mecanismos:
- prejuízo no transporte dos gametas;
- inflamação endometrial crônica;
- dificuldade na implantação embrionária;
- anatomia uterina inadequada para a evolução gestacional;
- comprometimento do suprimento sanguíneo no endométrio.
Ainda, o mioma submucoso com infiltração intramural pode acarretar aumento da contratilidade uterina, levando a contrações fora do tempo e abortamento espontâneo.
Por todas essas razões, mulheres que desejam engravidar são indicadas a realizar, quase sempre, o tratamento do mioma submucoso.
Como é o tratamento do mioma submucoso?
Existem várias opções de tratamento — na verdade, em grande parte dos casos, nem mesmo é necessário intervir. Assim, a escolha da conduta terapêutica depende dos seguintes aspectos: tamanho e número de miomas, gravidade dos sintomas, idade da paciente e desejo de gestar.
Portadoras assintomáticas, com lesões estáveis, na perimenopausa ou na pós-menopausa podem permanecer na conduta expectante, apenas realizando acompanhamento regular para monitorar os tumores.
O tratamento cirúrgico para mulheres que querem engravidar é conservador, isto é, preserva o útero para uma gestação posterior. A técnica mais indicada para a retirada do mioma submucoso é a miomectomia por histeroscopia (procedimento feito via vaginal).
O tratamento da infertilidade também é feito com reprodução assistida, após a retirada do mioma submucoso. Como envolve fatores uterinos, a técnica de escolha é a fertilização in vitro (FIV).
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